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Crítica: Traffik – Liberdade Roubada

Piada velha

Por Vitor Velloso


Existem subgêneros do cinema que são sempre ocupados pelos piores ou mais medíocres filmes da indústria. O estilo: Estrutura de Slasher, sendo um filme de ação, está em alta em Hollywood, “Predador” que já está em circuito, possui a mesma proposta. Eis que os produtores tiveram uma ideia brilhante, chamar o Deon Taylor o diretor da terrível paródia “Uma noite com a Família Blacks”, a Paula Patton uma das divas dos filmes ruins e o inigualável Omar Epps, sempre carismático, igualmente tenebroso. Desse casamento de ideias incríveis surgiu “Traffik – Liberdade Roubada”.

O filme conta a história de Brea (Patton), uma jornalista frustrada que pede demissão após ter sua matéria roubada por um colega de trabalho. Seu namorado, John (Omar), quer pedi-la em casamento e a leva para uma casa isolada a fim de realizar seu pedido. No caminho, eles esbarram com uns motoqueiros mal encarados e após uma perseguição, chegam na casa. Na mesma noite, um casal de amigos chega ao local, o insuportável Darren (Laz Alonso), e sua namorada Malia (Roselyn Sánchez). Após algum tempo, os motoqueiros vão a casa, recuperar um celular contendo informações sobre um esquema de tráfico de humanos, tudo dá errado e uma perseguição começa.

A trama além de clichê, possui um dos desenvolvimentos mais frágeis do ano, tentando construir uma relação com os personagens pelos primeiros 40 minutos, o diretor perde um tempo imenso investindo nessa relação fadada ao fracasso, já que a unidimensionalidade de cada um deles, é gritante, e quando tenta adicionar os elementos de ação, tudo soa amador. Com direito a uma cena de sexo na piscina editada como uma introdução de clipe musical pseudo-artsy, além de uma música pop brega que dita o tom da cena. E como de costume, um uso de câmera lenta que desafia os olhos do espectador. Enquanto Geoff Zanelli, compositor do longa, inunda nossos ouvidos com suas escolhas musicais, o sempre competente Dante Spinotti, tenta tirar leite de pedra com a fotografia. E ainda que se esforce não consegue se destacar, já que Deon possui diversas limitações com a misancene que tenta criar.

A intenção do diretor era ser um thriller de ação, o que ele consegue atingir, cura a insônia. A junção de uma edição precoce e uma história que demora quase metade de projeção para dar seu primeiro passo, só poderia ter esse resultado. Curiosamente, Luke Goss, o deus dos filmes ruins, é o vilão do projeto, nada mais me surpreendia quanto mais avançava a trama, e o papel interpretado por Missi Pyle, uma policial que aparece no início, com sua real função estampada na testa, não sei se pela forma que Deon desenvolve as cenas ou se pela interpretação sempre memorável da atriz.

A jornada da protagonista, dotada de um altruísmo imenso, disfarçado de vocação profissional, é previsível até o último segundo. Um joguinho barato de tentar criar algum peso dramático social em cima de cada acontecimento na tela, mas desenvolvido preguiçosamente por alguém da Trump Land, usando os modelos latinos como força motriz deste assunto utilizado como pano de fundo. Ele tenta incorporar algumas possíveis discussões sobre racismo, principalmente nos personagens dos motoqueiros, que chegam a usar a máxima “por questão da sua cor de pele…”. Porém, usar um estereótipo tão barato quanto este para uma discussão tão complexa e amplamente debatida no cinema, era melhor ter passado direto.

É quase compulsivo de Hollywood, atualmente, abrir espaço jogar alguma questão étnica, a fim de fazer média com outros setores da sociedade. Se fosse por alguma razão verdadeiramente sincera, a justificativa seria, ao menos, aceitável, porém, sabemos que tais escolhas são apenas para fomentar a imagem uma indústria em busca de novos parâmetros. “Traffik” não é necessariamente um dos piores filmes do ano, mas é sem dúvida um dos mais lentos e entediantes. Moralista do início ao fim, uma pitada de misoginia, um projeto “B” de ação. Não funcionando em nenhuma de suas propostas e não se justificando nem mesmo ao gênero, sendo medíocre em criar tensão e empatia. O filme de Soderbergh com um K no lugar do C passa vergonha e faz dormir o espectador. Daon não consegue nem tratar de uma história extremamente linear e clichê sem saber utilizar as limitações do roteiro que ele mesmo escreveu, ao seu favor.

1 Nota do Crítico 5 1

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