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Crítica: Submarino
Ficha Técnica
Direção: Thomas Vinterberg
Roteiro: Tobias Lindholm e Thomas Vinterberg, baseado em livro de Jonas T. Bengtsson
Elenco: Jakob Cedergren, Sebastian Bull Sarning, Gustav Fischer Kjærulff, Mads Broe Andersen
Fotografia: Charlotte Bruus Christensen
Música: Kristian Eidnes Andersen
Figurino: Margrethe Rasmussen
Edição: Valdís Óskarsdóttir e Andri Steinn
Produção: Morten Kaufmann
Distribuidora: Lume Filmes (Brasil)
Estúdio: Nimbus Film Productions / TV2 Danmark / Sandrew Metronome Distribution Sverige AB / The Match Factory / Swedish Television / Canal+ / Nordish Film ShortCut / Lysudlejningen / Kameraudlejingen / Mainstream / Nordisk Film- & TV- Fond
Duração: 105 minutos
País: Dinamarca, Suécia
Ano: 2010
COTAÇÃO: ENTRE O BOM E O MUITO BOM
A opinião
 
Há cineastas que tentam expressar esperanças em seus filmes, mas não conseguem. Eles manipulam, intencionalmente, um início feliz para logo em seguida mergulhar seus personagens na destruição (tanto mental como física) causada e perpetuada, razão esta de ser a única conhecida e herdada. Esses diretores realizam o chamado Cinema Submarino. Se traçarmos um paralelo com a embarcação, que é especializada para operar submersa, permanecendo por metade de um ano, e carregando mísseis nucleares suficientes para destruir centenas de cidades, entenderemos o título do novo filme do diretor Thomas Vinterberg (de “Festa de Família”, expoente do movimento Dogma 95, criado junto com Lars Von Trier). “Submarino”, baseado em livro de Jonas T. Bengtsson, busca o simbolismo filosofal, utilizando-se da psicologia a fim de definir e humanizar, sem o julgamento característico, os deslizes, intolerâncias, defesas, arrogâncias, sobrevivências ilícitas e afins. A “felicidade”, fase anterior, antecedente, ao mergulho sem volta, serve como preâmbulo explicativo das causas da construção moral e familiar das crianças desta história. Neste caso, o pai ausente, a mãe alcoólatra e a obrigação de tomar conta de um bebê conjecturam repetições do que os adultos fazem, gerando conseqüências devastadoras e que não podem retornar, torturando a mente e o coração até o fim dos dias.
Os irmãos seguirão caminhos diferentes, porém iguais quando se entregam a autopunição e devastação, denegrindo imagem, respeito e legalidade. Nick (Sebastian Bull Sarning – criança / Jakob Cedergren), preso por roubo e tem problemas de alcoolismo, mas está tentando colocar sua vida em ordem. Já o irmão, que segue sem nome (Mads Broe Andersen – criança / Peter Plaugborg), é viciado em heroína e teve um filho, Martin (Gustav Fischer Kjærulff). Para garantir o futuro da criança, ele resolve se tornar traficante de drogas. Nick vive solitário, trancado no próprio mundo, conversando com “amigos” fracassados e prepotentes, fazendo sexo por necessidade fisiológica e buscando a automutilação. Martin, aparentemente normal, brinca com seu filho, mas é viciado em drogas. O roteiro, não satisfeito com a viagem submarina, quer porque quer mergulhar mais fundo, ocasionando recorrentes similaridades. Assim, as ações deles procuram desgraças, complicações, limites perdidos, carências, dependências, que geram mais situações degradantes e inconsoláveis. A fotografia de Charlotte Bruus Christensen é um caso à parte. Inicialmente experimenta a luz, o lúdico, a epifania para injetar escuridão, frieza, violência e resignação sem compaixão.
Os momentos suavizados são poucos, quebrando o ritmo da destruição que Thomas deseja despertar no espectador. O que antes era um choque, na próxima ação não gera novidade e assim vai até cair no clichê pessimista do próprio fio condutor, principalmente, quando se observa a cena final, que manipula o pseudo gênero independente. As interpretações dos atores estão excelentes, tanto das crianças, quanto dos adultos. É difícil repetir o feito de “A Festa de Família”, drama decisivo que precedeu “Dogma do Amor”, uma ficção cientifica, desencadeando o excelente “Querida Wendy”, partindo para comédia em “Um Bom Homem Volta a Casa”. Em seu recente filme, quer resgatar a essência do cinema dinamarquês, que se comporta de forma direta, seca, quebrando tabus e experiências cinematográficas. Concluindo, um filme que deveria ser menos para que pudesse dizer muito mais. Não é ruim, tá longe disso, mas faltou ritmo e tom narrativo à trama. Vale a pena assistir sim, mesmo com todas as tragédias construídas que geram tragédias que geram tragédias… Recomendo.
O Diretor
Thomas Vinterberg (Copenhagen, Dinamarca; 19 de maio de 1969) é um cineasta dinamarquês. Entrou para a história do cinema contemporâneo ao realizar Festa de Família, marco inicial do controverso movimento Dogma 95. Criado por cineastas dinamarqueses, o movimento, que já está em seu décimo segundo longa-metragem, pretende revolucionar o modo de se filmar através de uma cartilha de mandamentos, que incluem ausência de trucagem e música que não esteja no contexto da cena, utilização de iluminação direta e câmera na mão, temas atuais.
Filmografia
2010 – Submarino
2007 – Um Bom Homem Volta à Casa
2005 – Querida Wendy
2003 – Dogma do Amor
1998 – Festa de Família
3 Nota do Crítico 5 1

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