Por Fabricio Duque
Direto do Festival de Cannes 2015
Uma das percepções analisadas sobre a sessão de Gala do filme “The Other Side – Louisiana”, de Roberto Minervini (de “Stop the Pounding Heart” e “The Passage”), que integra a competição da mostra Un Certain Regard, aqui no Festival de Cannes 2015, é a quantidade de jovens em seus dezoito e dezenove anos, cujo comportamento reverbera uma androginia libertária sexual sem limites e sem preconceitos a cerca de suas próprias opções existenciais. Digressão à parte, voltemos então à resenha crítica do filme propriamente dito. Imagine um italiano “criticando” o comportamento (e a opinião) da sociedade americana em um longa-metragem totalmente caracterizado como americano, com estrutura documental na ficção, e se utilizando de não atores e dos nomes reais das pessoas locais… Pois é. Pare então. Acredite. “The Other Side”, uma “on the road”, questiona a América pelas ações dos próprios americanos. A “auto-exposição” (usando o oportunismo de “dar voz” às intrínsecas idiossincrasias opinativas de cada um, enaltecendo os hábitos agressivos, ingênuos, presunçosos e “idiotas-cretinos” de cada um – para logo depois insinuar “sem dizer” uma explícita crítica). Confunde-se entre realidade e fantasia, contrastando politicamente correto em incorreto e suburbanos pobres em verdadeiros. Um filme corajoso, de infiltração “Big Brother” do material bruto humano a fim de realizar uma radiografia antropológica contemporânea. A narrativa, em elipse, mostra soldados andando sem roupas, treinamentos de guerra, picardias, submundos e “necropsia” da América, com sua “decadência”, sua “futilidade”, sua dramaticidade, sensibilidade ultra aguçada, sua deficiência (física e moral) sobrevivência, drogas, dançarina grávida, prostituição e “retardamento” como fugas de si mesmos. A “linguagem acelerada”, “a boneca para aprender a ser estilista”, o patriotismo incondicional, entre o que estas pessoas “realmente querem do futuro”, tudo sugere que “nada é gratuito”. Assim, o outro lado é mostrado e questionado. Felizes? Apaixonados? Como mensurar o nível e o certo e errado? De qual lado? O diretor corrobora sua maestria de extrair verdades e espontaneidade alheias, confundindo se o que vemos é realmente documental ou uma “teatralização” da vida real. Em West Monroe, no norte do estado da Louisiana, nos EUA, houve um grande aumento no número de pessoas pobres. O documentário tem como fio condutor as condições humanas locais e gravita em torno de quatro pessoas. Mark e Lisa são um casal apaixonado que, apesar das rotineiras detenções e do desemprego, ainda têm esperanças de um futuro melhor. Zack e Brooke nutrem um forte sentimento de irmandade, são jovens, mas não acreditam que possam melhorar de vida. Um filme excelente. Excessiva e necessariamente recomendado.
Realizada inicialmente em 22/05/2015 e complementada em 24/09/2015.
Realizada inicialmente em 22/05/2015 e complementada em 24/09/2015.
5
Nota do Crítico
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