Massagem Cega
Sem justificativas
Por Philippe Torres
Festival do Rio 2014
A parceria Franco-chinesa de “Massagem Cega”, dirigida por Lou Ye, traz a história de um grupo de deficientes visuais, trabalhadores de uma casa de massagem. Tem-se um foco no personagem de Ma, um jovem que perde a visão ainda criança. A película tenta promover uma experiência sensorial. Contudo, a confusão das histórias, que não se decide a qual dar o foco, impede que o objetivo seja alcançado. Utiliza-se, em muitos momentos, uma narradora. Essa parece estar ali com a justificativa de representar o espectador que não enxerga e/ou trazer um pouco da experiência aos que não a tem.
Mas sua ausência na maior parte do longa-metragem “Massagem Cega”, exibido no Festival do Rio 2014, abandona a justificativa da presença da ferramenta. Muito se fala e pouco se diz. Diálogos forçados estabelecem um filme que deveria trabalhar muito bem a experiência auditiva. A direção utiliza-se de uma câmera que explora a desfocagem para aplicar à imagem ao sensorial, enfim algo que funciona, porém, a fotografia tomada por sombras sem qualquer correção atrapalha até mesmo aquilo que dá certo. Excessivamente alongado, o filme não corrobora sua justificativa e objetivo.
Nascido em Xangai, Lou Ye foi educado na Academia de Cinema de Pequim. Em 1993, fez seu primeiro filme “Weekend Lover”, mas só foi lançado dois anos depois, tendo sua estreia mundial no Festival Internacional de Cinema de Mannheim-Heidelberg, onde recebeu o Prêmio Rainer Werner Fassbinder. Os filmes de Lou Ye têm se mostrado controversos em seu conteúdo e muitas vezes lidam com questões de sexualidade, gênero e obsessão. Os censores do Governo baniram seu primeiro filme por dois anos. Mais tarde, Lou submeteu “Summer Palace” ao Festival de Cannes 2006 sem a aprovação dos censores chineses. Foi assim proibido de fazer filmes novamente, desta vez por cinco anos.