Curta Paranagua 2024

Crítica: Megatubarão

Continue a nadar…

Por Vitor Velloso


Jason Statham vesus um Megalodon, o que poderia dar errado? Bom, absolutamente tudo, mas ainda assim, um filme como esse, sabendo usar a expectativa desse confronto poderia ser minimamente divertido, como aconteceu com o último King Kong. “Megatubarão” não é bom, é difícil ser, sejamos sinceros, mas é divertido pra caramba.

Em uma exibição realizada em IMAX, numa cabine de quarta, viu-se de tudo, Statham sem camisa, um tubarão de 25 metros, frases de efeito e tudo que um filme de tubarão contemporâneo clichê sempre tem. Mas, uma grande parcela das piadas funcionam, conseguindo manter o espectador atento à narrativa. Na trama o mesmo plot de sempre, um animal escondido nas profundezas do Oceano, “será que deveríamos ter ido até lá”? Uma instalação bilionária voltada para pesquisas, batizada de Mana Um, faz uma viagem até as Fossas das Marianas com três pesquisadores, a intenção é comprovar se a teoria do Dr. Zhang (Winston Chao) estava certa. Segundo ele, o que achávamos ser o fundo, na verdade é uma camada de gás que cobre o “verdadeiro fundo”. Ao penetrar esta camada o mini-submarino é atacado por alguma coisa e a única pessoa capaz de salvar eles é… Jason Statham, conhecido no longa como Jonas Taylor.

A verdade é que nada disso importa, pois, um tubarão de 25 metros surge e ameaça a vida de todo mundo. As personagens que estão enfrentando a criatura, são bastante unidimensionais, mas o carisma delas segura o público. Porém, quero que levante o braço a pessoa que não ficou torcendo para que o tubarão fizesse a maior chacina de todos os tempos. Diversas referências a outros filmes de tubarão são utilizadas, até mesmo do Nemo. A grande maioria provocou risadas, por um motivo simples, o longa não se leva a sério, em nenhum momento. O diretor Jon Turteltaub, que possui uma carreira digna de pena, realiza seu melhor longa, parecendo compreender seu fracasso construindo uma misancene minimamente compreensível, ele aposta tudo na saturação da proposta, joga piadas o tempo inteiro e investe numa falsa expectativa que só contribui para a atmosfera de comédia.

Quebrando a imaginação do público com surpresas ainda mais interessantes, o roteiro possui cinco roteiristas, o que indica o quão conturbado foi esse processo de produção, pois, o resultado é… terrível. Diálogos horrorosos, decisões que não fazem o menor sentido, frases de efeitos assustadoras, e isso não foi um elogio, devem ser compensadas por: tiradas rápidas para quebrar a tensão e pela direção de Turteltaub. Então, vemos uma situação e pensamos “Nossa, esse personagem não está fazendo tal coisa né? Ele vai morrer assim.” E dois minutos depois, ele realmente morre, mas de uma maneira ainda mais interessante. O ponto é, não leve nada a sério, se você investir algum neurônio aqui, vai passar raiva.

Tudo permanece o mesmo, Statham não tem talento nenhum, mas é um dos caras mais badass do cinema contemporâneo, então, porque não dar a ele um crédito? É difícil ver ele tentar atuar, dá agonia, mas quando vemos ele mergulhar com um arpão com alcance de 30 metros, para acertar uma criatura pré-histórica com quase esse comprimento, não tem como não rir. Um dos destaques vai pro “DJ”, interpretado pelo Page Kennedy, que cria um personagem extremamente estereotipado, mas que consegue arrancar umas belas risadas. Após Jaxx (Ruby Rose), dar um longo discurso explicando porque a gaiola não quebraria com a mordida do tubarão, “DJ” diz “Eu não entraria aí.”, o que encerra toda a cientificidade que pairou o filme naqueles últimos dois minutos. O importante pro diretor é não se apegar a nada, assim, esqueça planos de contemplação como em “King Kong”, tudo aqui é descartável, contando que tenha tido sua utilidade, a montagem é super frenética e a ação é veloz. A fotografia segue o padrão dos blockbusters, ainda que feita por um veterano, o Tom Stern, frequente colaborador de Clint Eastwood.

Tentar defender “Megatubarão” não é exatamente um exercício saudável, não há muito o que ser salvo, mas é possível abrir mão de qualquer processo racional para abraçar uma das maiores pieguices de 2018 e garantir umas risadas. Afinal, às vezes, é necessário se desprender da realidade e ver uma comédia com furos de roteiro escabrosos e uma máquina de matar fazendo a festa.

3 Nota do Crítico 5 1

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