Divertida Mente
Uma animada e profunda terapia
Por Fabricio Duque
Durante do Festival de Cannes 2015
“Inside Out”, que na tradução “fofa” brasileira ficou “Divertida Mente”, representa a nova animação dos estúdios Pixar, uma vertente da Disney, e corrobora a maestria de conjugar diversão inteligente com existencialismo metafórico da emoção. Trocando em miúdos, é a Pixar sendo o melhor da Pixar e dirigido pelo já conceituado Pete Docter (“de “Up – Altas Aventuras”). A trama corrobora o costume de humanizar sentimentos pelo ótica de uma terapia cognitiva coloquial e palpável, quando recorre a uma narrativa adulta com referência à infância, que por sua vez busca a nostalgia da memória afetiva de cada um de nós.
As emoções transformam-se em personagens de uma fabula realista-animada, que se utiliza de sacadas perspicazes a fim de traduzir naturalidades comportamentais do ser. Em “Divertida Mente”, a história nos conta sobre Riley, uma garota comum de onze anos, divertida e que vivencia uma felicidade incondicional quando tudo está bem e na mesma. Mas quando ela precisa enfrentar mudanças definitivas como quando seus pais decidem deixar sua cidade natal no estado de Minnesota para viver em São Francisco. Neste momento, a trama aprofunda e “mergulha” em seu cérebro-subconsciente, personificando suas emoções, como a Alegria (a protagonista e “líder” – que faz de tudo para que sua “dona” esteja sempre feliz), o Medo, a Raiva, o Nojinho e a Tristeza. Cada um vivencia plenamente suas idiossincrasias intrínsecas, convivendo pacificamente. Mas quando uma “perda do controle” na Sala de Controle acontece, eles precisam “entender” o verdadeiro propósito de suas existências, assim como as emoções de Riley que saem do equilíbrio e entram em uma radical mudança (oscilando humores e destruindo lembranças, fantasias, purezas, etc.)
Caro leitor-espectador-cinéfilo, lançamos um desafio aqui neste texto para que consiga permanecer insensível, imune e sem lágrimas. É impossível. Vai pela gente. Esse é o grande poder da Pixar, estimular choros e apertos na garganta sem clichês e sem apelações até no mais “macho” dos indivíduos. Concluímos com uma dica: permita-se sentir, se emocionar e “reiterar” o espírito que os criadores objetivam, que é a de resgatar a simplicidade sentimental que perdemos com a correria da vida (vide o novo filme “O Pequeno Príncipe” (mas isto é outro texto e outra crítica! Aguarde!). Perceberam como se faz uma crítica sem revelar spoiler, inclusive os que já se encontram na sinopse e no trailer? Recomendado.