Direção: Naomi Kawase
Roteiro: Naomi Kawase
Elenco: Tohta Komizu – Takumi, Hako Oshima – Kayoko, Tetsuya Akikawa – Tetsuya
Fotografia: Naomi Kawase
Som: Hiroki Ito
Camera: Naomi Kawase
Cenários: Kenji Inoue – Cenários
Montagem: Tina Baz, Yusuke Kaneko, Naomi Kawase
Duração: 91 minutos
País: Japão
Ano: 2011
COTAÇÃO: ENTRE O BOM E O MUITO BOM
“Os títulos que uso em meus filmes são diferentes até mesmo para os japoneses. “Hanezu” surgiu de uma ideia que tive quando li “Manyoshu”, uma literatura de poemas. O ideograma significa cor vermelha, porque esta coloração perde-se claramente e muda-se facilmente. É uma palavra que inicia uma outra ideia. Vermelho é a primeira cor que o ser humano tem consciência desde o útero”, diz Naomi Kawase, explicando o porquê da escolha do título.
“Hanezu” conserva as características estéticas e cinematográficas de sua diretora numa historia que aborda a metafísica existencial da alma e do mundo transitório. “Homens lutam por mulheres”, a frase é narrada pela interposição de duas vozes que dizem a mesma coisa. O seu cinema busca a base, princípios, antepassados, resgates, lembranças e nostalgias. Entender o seu cinema é embarcar nos primeiros trabalhos experimentais de Naomi. O VERTENTES DO CINEMA analisa esses curtas-metragens iniciais na matéria “O Cinema de Naomi Kawase”. Tendo essa informação inicial, o espectador capta os similares elementos. A camera muito próxima privilegia os detalhes. A referida base já se encontra no início: uma obra. Não percebemos o real objetivo do filme até o final, que se traduz de forma genial e impactante. A diretora levanta bandeiras políticas e sociais com tamanha sutileza. Os simbolismos são construídos aos poucos, utilizando os elementos da natureza, acompanhados por música new age (transcendental). As imagens observam o todo para que possa ser convidada a fazer parte daquele universo (assim, invadindo a privacidade). “Deus está em tudo”, explica a diretora. Ela usa insetos, plantação, chuvas, como personagens principais. A captação desses instantes não segue uma linha simétrica, filmando de forma interativa e deixando o desfoque acontecer. As banalidades do cotidiano são recorrentes.
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Nascida em 1969, em Nara, no Japão – cidade tema e cenário de vários de seus filmes – Naomi Kawase se formou na Escola de Fotografia de Osaka onde começou a sua produção audiovisual filmando curtas em 8 mm e 16 mm (que serão apresentados durante a mostra). O fato de ter sido adotada e criada pela tia avó Uno Kawase será marcante, desde o início da sua carreira. A diretora aborda temas como a busca pelo pai (em e Céu, Vento, Fogo, Água e Terra), a relação com sua mãe de criação (em O sol poente, Caracol, Viu o sol? e Tarachime), a memória e a transformação na região onde foi criada (em Suzaku e História de gente da montanha), sempre trabalhando nos limites entre autobiografia, documentário e ficção.
NAOMI KAWASE E SEU FILHO