Curta Paranagua 2024

Força Maior

A avalanche em um casamento

Por Fabricio Duque

Festival de Toronto 2014

Força Maior

“Força Maior” (ou “Turistas”) foi o filme escolhido pela Suécia para representar o país no Oscar deste ano na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. Dirigido por Ruben Östlund (de “De Ofrivilliga”, “Play” – também roteirista, que buscou “inspiração para algumas cenas no roteiro a partir de vídeos reais do YouTube”), a narrativa opta pela estrutura realista, com planos sequências e ou cortes “expandidos”, reflexivos, existencialistas, de câmera estática (ora subjetiva), inferindo em muito o cinema do sueco Roy Andersson, porém sem o elemento característico do surrealismo e sim com a personificação dos detalhes cotidianos, como engrenagens de uma estação de esqui.

A fotografia plástica (de naturalidade poética) do cenário (branco) da neve lembra a estética de ficção cientifica geológica epifania, corroborando com a utilização de um “drone”. A trama aborda a vida de uma família em crise, que tira férias para resolver pendências sentimentais do casamento. Os filhos por sua vez traduzem muito bem o comportamento atual e “mandam” nos pais (e “temem” um divórcio). O possível “politicamente correto” é posto à prova com os argumentos libertários de outra pessoa. Aos poucos, nós percebemos o alto grau de individualidade (e egoísmo) que afeta a família (na cena, por exemplo, de não se importar com outros – ou melhor – tampouco vê-los).

Aqui em “Força Maior”, exibido no Festival de Toronto 2014, é inevitável não referenciarmos a outros filmes catástrofes, como “O Impossível” (mas aqui o perigo é apenas “iminente”), ou a “Festa de Família” – quando um acontecimento (uma “avalanche” – “culpa do marido (o ator Johannes Bah Kuhnke  – que se parece bastante com o ator Stephen Dorff) serve como subterfúgio terapêutico “explosivo” (e metáfora) ao estímulo de uma briga “buscada”, causando desconforto e discussão no casal “visita”. Assim como o estágio depressivo da esposa que “mina purezas” alheias, a música clássica de Antonio Vivaldi (Estate Summer) também vai corroendo como uma força maior natural incontrolável e impossível de conter. Recomendado.

4 Nota do Crítico 5 1

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