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Crítica: Em Ritmo de Fuga

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Quando Lalaland se une a Velozes e Furiosos

Por Marcus Teixeira


Talvez você até pense ser um filme parecido com “Velozes e Furiosos”, que já tem garantido o décimo longa da franquia. Fique tranquilo as semelhanças para por aí. No filme, “Em ritmo de fuga” não há uma enxurrada de belas mulheres, homens sarados ou belos carros. A história é um pouco diferente, mas a alta velocidade está lá.

Baby (Ansel Elgort) é um jovem que sofre com um zumbido no ouvido desde a infância, para silenciar este barulho ele precisa ouvir música. Essa mania é a principal característica de Baby, que está sempre com um fone de ouvido, escutando músicas em um ipod e embalando suas fugas, eletrizantes.

Extraordinário motorista, Baby é o famoso piloto de fuga. Com uma aptidão única para fugir de qualquer situação, quando está dirigindo um carro. Essa habilidade o leva até grupo de assaltantes de Doc (Kevin Spacey). E fazem de Baby, o piloto oficial destes bandidos.

Essas músicas que Baby ouve, também dão o ritmo das cenas em questão. A trilha sonora é dar inveja a qualquer filme. Aposto que vários diretores fariam de tudo para poder ter em suas trilhas sonoras, músicas de Queen, R.E.M, Bellbottoms, Blur, entre outras. Essas bandas das décadas de setenta, oitenta e noventa faz parte da playlist de Baby, que escolhe a música de acordo com a ação, com o momento.

As músicas em vários momentos traduzem a atitude do personagem. A letra fala, ou expressa aquilo que o personagem quer. Em diversos momentos sua fala é preenchida por uma música, es resposta a um ato. O que lembra o personagem de “Transformes” Bumblebee, o simpático robô que sintoniza as músicas para formar as frases que deseja.

Tudo vai bem até Baby conhecer a garçonete Debora (Lily James). Os dois começam a se aproximar. E conforme a paixão vai crescendo, ele vê a chance de abandonar de vez o crime e curtir este amor pela garota. A chegada da jovem transforma a vida do piloto, que se encanta por ela. A chegada de Debora, também marca outro fato importante, é por meio da interação dos dois personagens que Baby balbucia as primeiras palavras no filme.

A trama romântica começa então a afastar cada vez mais Baby do crime. E a trama deixa, por um instante, de beber da fonte de “Velozes e Furiosos” e passa a remeter “La La Land”. Há uma magia romântica em cena. Há ritmo. O jogo da câmera embalado pela trilha sonora, faz o espectador dançar, embora os personagens estejam parados. As violências de cenas anteriores são rapidamente esquecidas, com a felicidade que o amor provoca no piloto.

O filme traz um elenco muito forte. Nomes como Kevin Spacey, Lily James, Jamie Foxx, Jon Hamm, Jon Bernthal, Eiza Gonzalez formam um elenco estrelar e as atuações acompanham o sinônimo. Não há desperdícios em cena. Todos os atores garantem boas cenas ao filme. A dobradinha Foxx e Elgort deixam um certo clima de tensão no ar. Mas quando uma determinada ação muda os rumos da trama, Jon Hamm, surge com uma interpretação voraz.

A direção de Edgar Wrigth deixa os atores muito à vontade em cena. É perceptível o esforço do diretor em dar ao seu elenco a oportunidade de todos brilharem em cena. Mesmo na ausência de falas na cena, o clima esperado está presente. A tensão ou o romance não passam batidos aos olhos dos espectadores, que conseguem acompanhar o que os personagens transmitem. Mas isso só é alcançado graças a uma direção firme e ao trabalho convincente dos atores.

As cenas de ação são super produzidas, são espetaculares. A fotografia permite o espectador ingressar naquele universo de alta velocidade. As cenas de fuga, perseguição, podem provocar aquela sensação de se segurar na cadeira para não perder nenhum momento. E mais uma vez, para essas cenas, vale destacar a trilha sonora, que ditam o ritmo das fugas. É eletrizante.

Após uma cena inicial muito forte, com um ritmo muito acelerado, desacelera no meio. As cenas de ação não são tão impactantes como a primeira. A música muda e com isso o ritmo cai. Mas tem que ter paciência, a sequência final, de quase meia hora de ação, recupera o ritmo inicial e faz a tensão subir outra vez e um ritmo acima do que foi mostrado incialmente.

O grande diferencial desse filme é traduzir ações em trilha sonora. Esse recurso, embora não seja novo, traz um frescor. É bom perceber como as trilhas sonoras podem ser utilizadas para além do preenchimento cênico.

“Em ritmo de fuga” embora se assemelhe, em algumas cenas, a “La La Land” ou “Velozes e Furiosos” é um bom filme por dois bons motivos: atuações e principalmente a trilha sonora.

3 Nota do Crítico 5 1

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