Curta Paranagua 2024

Éden

Um Drama de Tintas Góticas

Por Francisco Carbone

Éden

Bruno Safadi percorreu um longo caminho até ver seu novo longa ganhar o circuito comercial. Mesmo após os festejados ‘Meu Nome é Dindi’ e ‘Belair‘, que mostravam como o mítico Rogério Sganzerla foi crucial em sua formação como cineasta, servindo como mentor espiritual e inspiração, ainda assim foram necessários quase dois anos para que esse drama de tintas góticas ganhasse um lugar no circuito. Nem mesmo a consagração no Festival do Rio de 2012 foi suficiente; a hora no entanto é de celebrar, criador e criatura. Safadi continua imerso no cinema em que acredita, denso e de difícil apreciação (talvez esteja aí a resposta do atraso em seu lançamento).

Sem concessões e sem medo de possivelmente afastar o público médio, “Éden” incomoda e provoca na sua leitura sobre fé, redenção e o lado obscuro acerca das duas coisas, num ponto de vista bastante particular e nada acolhedor. Safadi aposta e mira num público não-infantilizado, que ande com as próprias pernas e sobreviva a elipses e soluções amargas. Com trabalho extraordinário de som e fotografia deslumbrante, o filme acompanha a via crúcis de uma jovem gravida recém viúva, as voltas com a sedução religiosa de um pastor protestante, que parece almejar mais que sua conversão.

Repleto de símbolos e significados secretos que encontram eco no estúdio paulista que serve como boia para o realizador e cuja homenagem ele já prestou e continua prestando em suas obras, ‘“Éden” parece abrir o que será o “ano de Leandra Leal”. Protagonista da próxima produção global e a frente dos quatro mais instigantes filmes de 2014, Leal já pode descansar a respeito de prêmios esse ano. Junto ao hipnótico João Miguel, Leandra explode na tela e ajuda esse que é um dos mais inventivos filmes da temporada a encontrar voz, apelo e visibilidade. Aliado ao seu talento infinito, o projeto de Safadi se encaminha para tornar 2014 um ano especial e que já tem nele um representante certo para as listas de melhores do ano.

4 Nota do Crítico 5 1

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