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Deadpool 2

Saturação da Fórmula

Por Vitor Velloso

Deadpool 2

Em 2016, a FOX surpreendeu o mercado cinematográfico de heróis, lançando “Deadpool“. A obra tinha classificação indicativa de 16 anos, palavrão, sangue… tudo aquilo que um filme de herói não “deveria” ter. A fórmula rendeu, e muito, Logan foi lançado no ano seguinte, e agora temos a continuação do “primogênito”. Alguns dizem que Watchmen teria iniciado isto de certa forma. O primeiro longa foi dirigido por Tim Miller. A empresa não queria pagar um nome de peso, logo, um salário alto, para dirigir um projeto que era considerado arriscado. Então apostaram no jovem diretor e em um orçamento mais baixo. Até que funcionava, sempre tentando próximo possível do limite entre a comédia e a besteira gratuita, que errava a mão às vezes, mas que conseguia contornar seus problemas e ter um saldo positivo. O que não acontece neste aqui.

O novo produto da FOX, “Deadpool 2” dirigido por David Leitch (Atômica e De volta ao Jogo) conta uma breve anedota do personagem, desta vez enfrentando o vilão da vez, Cable (Josh Brolin). Gostaria inclusive de refletir brevemente sobre a situação da conta bancária do menino Josh, interpretando um vilão de Deadpool e o de Vingadores: Guerra Infinita, mas vou me manter no “Deadpool 2” mesmo. Aqui, as piadas ainda buscam ultrapassar o limite para testar o público, mas tudo é mais intenso. Elas buscam uma saturação humorística, que por muitos momentos tornam-se momentos de pura vergonha alheia. Tudo deve ser esgarçado ao máximo, tudo deve ser potencializado, mais, mais e mais. E em toda essa grandeza, ele se perde no básico conceito que havia criado, sua simplicidade.

A história tenta criar certa complexidade ao personagem, emoções e morais. E este não é o tom do personagem, nunca foi. As cenas de ação foram ampliadas em número, escala, mas não conseguem empolgar. O que é curioso, pois há o Cable, um personagem de visual bruto, que aparenta se impor em combate, combinado ao diretor que possui graduação exemplar em filmar cenas de luta, mas que aqui parece engessado por um formato que se sabota a cada vez que progride tramas que não tem propósito, dramas que não cabem e sacadas hiper saturadas. Infelizmente, é uma cópia do primeiro, só que recheada de hipérboles. Essa limitação narrativa a serviço de um entretenimento momentâneo, geram breves risadas no público que se rende ao fato de estar vendo um produto que não pode ser adjetivado de outra forma além de… idiota. Trata-se de um humor juvenil, irresponsável, escatológico e absurdamente imaturo, que munido da violência excessiva, gera um contraste que cativa o público e ergue uma moral sobre esta sequência que talvez seja hypada, mas compreensível.

Se antes diversos personagens tomavam para si breves cenas, por suas espontaneidades, nesta continuação tudo soa artificial, parece programado. Alguns personagens ganham mais destaques do que outros, mas suas falas são telegrafadas, suas atitudes são óbvias. Tudo tornou-se repetição de suas próprias referências. Por outro lado, é engraçado ver um desenho de X-Force se formar na tela e deste conceito, piadas, que funcionam, surgirem do roteiro de forma orgânica. Outras com Logan, DC e 007, são divertidas, mas que sempre são levadas às últimas consequências. Obs: Existe uma sacada envolvendo o Brad Pitt, que merece ser mencionada.

Um dos maiores problemas de “Deadpool 2” é seu ritmo. Quando a trama parece que vai empolgar, e poderemos nos divertir de forma inocente, o diretor quebra com crescendo narrativo, seja com uma tirada, seja com tramas paralelas desnecessárias. Dessa forma quando ele atinge o clímax, o público está cansado e já não se importa mais com o andamento do momento, apenas com seu fim. Peguei-me bocejando em momentos de pura adrenalina, mas exatamente pelo fato de não haver uma câmera que empolgue, ou pausas nas piadas constantes.

Parece um exercício que busca o tempo inteiro seu limite, não para seu filme em si, mas para o próximo da franquia. Pois o sentimento que se sai da sala, é este. A projeção em si, não valeu, pois agora teremos que esperar o próximo longa para termos alguma noção dos impactos do enredo. Bom, afinal, agora a FOX é do Mickey Mouse, e como todos sabemos, franquias rendem. E Josh Brolin que o diga.

3 Nota do Crítico 5 1

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