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O Porteiro do Dia

A urgência de amar mais que o amor

Por Chris Raphael


No embalo cotidiano das relações mundanas, a poesia do momento termina por perder-se. A urgência de amar ultrapassa o apego. Muitas parcerias são feitas, desfeitas e refeitas enquanto escrevo este texto. Ultrapassadas as barreiras, olho no olho, pele na pele, o flerte, virou crush, é para hoje, é para já, já é, já foi.

O curta metragem brasileiro, “O Porteiro do Dia”, de Fabio Leal (que atuou como ator em “Aquarius”, de Kleber Mendonça Fiho), que também assina a direção e o roteiro, nos aponta a estória de Marcelo, que divide o apartamento com um amigo e leva a vida na balada, com pouca preocupação. Seu interesse amoroso pelo porteiro do prédio vai desestabilizar sua convivência aparentemente pacífica com seu amigo e outros vizinhos de seu condomínio.

As relações sociais contemporâneas trazem implícitas os percalços que enfrentamos enquanto seres humanos viventes deste planeta. Como já nos ensinou Aristóteles, o homem é um ser social, e buscar essa aproximação, amorosa ou amigável, é parte permanente da vida. O contraste entre todos é a sede que leva ao pote: a sociedade, atualmente, anda muitíssimo sedenta.

Ainda tratado com um certo preconceito, o desejo entre iguais pode ser bastante assumido para alguns e apenas suportado para outros. Mensagens subliminares são enviadas nos pequenos gestos, olhares dramáticos dos improvisados amantes metamorfoseados em licença poética para encontros furtivos.

Por fim, a reconstrução das diferenças sociais pinçadas através da interação entre pseudo-patrão e o trabalhador sob sua tutela, conduz o espectador num desfecho que não vai nem fica. Esse é o grande pecado nesta película: mostra-se ineficiente em construir uma conclusão para o público. O viés cognitivo do espectador aguarda uma sinalização apontando uma direção. A falta desta, desaponta. É esta, talvez, mais uma das urgências da vida moderna: terminar antes do fim, com uma ligação telefônica interrompida por falta de bateria ou de créditos.

2 Nota do Crítico 5 1

Pix Vertentes do Cinema

  • Muito…..muito…..muito real mesmo….não importa o final que não houve…..ficou no imaginário a continuação ou conclusão da relação homo. … pela falta de crédito do celular….
    Ótimo roteiro….cenas realistas que poderiam chocar + não. ….
    Adorei❤

  • O FILME É INTERESSANTE, SENSÍVEL, RUDE ATÉ. CONSEGUE PRENDER A ATENÇÃO DO EXPECTADOR. A ATUAÇÃO DOS ATORES FLUI NATURALMENTE, SEM O ARTIFICIALISMO AINDA TÃO PRESENTE NO NOSSO CINEMA BRASILEIRO. O FINAL FICA MUITO A DESEJAR. ESPERA-SE ALGO QUE VENHA CHOCAR OU MESMO EMOCIONAR E NÃO ACONTECE. A IDÉIA, APARENTEMENTE BOA, SE PERDE EM CENAS E SITUAÇÕES IRRELEVANTES E O FINAL SE TORNA BANAL. É COMO SE O ROTEIRISTA QUISESSE APRESSAR O FINAL E MUITA COISA QUE PODERIA SER FEITA OU DITA, FICOU PELO CAMINHO E NÃO CHEGOU AO SEU DESTINO. CENAS REALISTAS DO DESEJO E DO SEXO DOS DOIS PERSONAGENS, POR VEZES, CHOCAM, POR VEZES, CONSEGUEM MEXER COM NOSSA IMAGINAÇÃO, FORAM BEM REALIZADAS, COM PLANOS DIVERSOS. PODERIA SER UM ÓTIMO FILME. MAS NÃO. FICA ENTRE O REGULAR E O BOM.

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