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O Cavaleiro Solitário
O Herói Mascarado e Seu Amigo Tonto Naufragam Em Uma 
Paródia Perdulária

Por Zeca Seabra

“O Cavaleiro Solitário” começou como um programa de rádio nos anos 30 e consolidou-se como uma série popular para a TV dos anos 50/60. As aventuras de Zorro (como era conhecido no Brasil) e seu companheiro, o índio Tonto, faziam a cabeça da criançada que sonhava com as façanhas de seu ídolo. Após um tempo no ostracismo, nada melhor que os estúdios Disney para tirar a poeira do herói e trazê-lo em grande estilo pelas mãos da dobradinha Bruckheimer/Verbinski.  
Mas o que seria uma eficiente história de cowboys e índios no velho oeste é transformado em algo inacessível para a platéia que foi originalmente criado. O roteiro até tenta fazer um apanhado da gênese do herói mascarado, mas o espalhafatoso aparato técnico e a pressão para apresentar um personagem tão emblemático transformam O Cavaleiro Solitário (The Lone Ranger, 2013) em uma paródia medíocre de filmes de faroeste. Apesar do tom humorístico, há violência em excesso e as mulheres são retratadas ou como serviçais ou prostitutas descoladas. Até a morte de um cavalo é usada como motivo de riso. 
O principal inimigo desta superprodução milionária é a ansiedade em repetir a mesma fórmula que fez tanto sucesso na franquia Piratas do Caribe utilizando a presença caricata de Johnny Depp (com o índio Tonto) como principal chamariz e colocando o cavaleiro solitário como um mero coadjuvante. Estas deficiências são típicas de um filme de produtor, pois tudo é pensado e executado de olho nas gordas bilheterias e atender a maior demanda possível de público sem o mínimo espaço para a criatividade e/ou originalidade. 
O diretor Gore Verbinski apenas se dá o trabalho de reproduzir os mesmos cacoetes técnicos da trilogia dos Piratas substituindo caravelas por locomotivas, oceanos por desertos e o corsário Jack Sparrow pelo índio Tonto. As estratégicas tomadas aéreas e as frenéticas sequências de ação são idênticas e todo o potencial da história do imortal herói solitário é jogado fora. Fica evidente que Verbisnki não é um bom diretor de atores, pois o elenco (que inclui uma insuficiente participação de Helena Bonham-Carter) restringe-se a imitar os mesmos trejeitos, frases de efeitos e pegadinhas sem graça dos programas humorísticos norte americanos (do estilo do Saturday Night Live).
Nem a sequência final, com o herói montado em seu cavalo branco gritando Hi-Yo, Silver, Avante! ao som da abertura de Guillermo Tell de Rossini, consegue resgatar o respeito pela figura do caubói ético. O Cavaleiro Solitário é um filme perdulário, longo e cansativo que atira para todos os lados em uma vã tentativa de agradar todo mundo. Não diga não avise, Kemosabe.

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