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Crítica: As Aventuras de Ozzy

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Uma Animação Prison Break Canina

Por Fabricio Duque

Os espectadores podem constatar de uma vez por todas que o cinema desperta, logicamente por sua característica intrínseca, uma consequência emocional de obviedade subjetiva. Cada um, quando assiste a um filme, traz seus medos, limitações, moralidades, tolerâncias e expectativas, principalmente quando sua temática é conduzida pelo politicamente incorreto se analisado pelos olhos do público a que se destina. Mas o que não se dá conta é que o gênero animação não é mais necessariamente objetivado a crianças, vide “South Park” e até mesmo “A Hora da Aventura, e sim uma forma suavizada de se contar uma história.

“As Aventuras de Ozzy” é um destes exemplos recentes. Sua recepção tornou-se passional. Ame ou odeie. Tudo bem que não é nenhuma obra-prima. Pelo contrário, sua trama é conduzida pelo palatável e de reviravoltas facilmente solucionadas. O longa-metragem, dos diretores-animadores espanhóis Alberto Rodríguez e Nacho la Casa, foi eleito o Melhor Animação no Gaudí Awards 2017 (o Oscar Espanhol).

Ozzy é um pacífico e amigável cão da raça Beagle que mora com os Martins. Quando a família decide fazer uma longa viagem na qual cães não são permitidos, eles decidem deixar o amado Ozzy em um spa para cachorros. Acontece que esse lugar perfeito na verdade é um fachada construída por um vilão que deseja sequestrar cachorros. Preso, Ozzy precisa evitar o perigo e encontrar força nos seus novos amigos para conseguir voltar a salvo para casa.

O filme busca imergir o público na emoção naturalista ao humanizar o universo de cães de estimação que são vítimas de um desonesto e cruel empresário-dono de um hotel canino, seguindo-se a narrativa aventureira de situações que infere o universo de “Toy Story”. É inevitável não referenciarmos Ozzy a Xerife Woody, por causa de sua amizade ético-solidária.

Neste caso, Ozzy é um brincalhão cão que vive seu dia-a-dia servindo às brincadeiras de sua “dona”, uma criança que por sua vez integra uma família comum, compreensiva, espirituosamente feliz e que entende as consequências das brincadeiras da filha e Ozzy. A aventura é iniciada quando aparece uma carta-convite ao pai para um encontro nerd no Japão, de uma história em quadrinhos. E as regras burocráticas do governo impedem a ida do cachorro.

“As Aventuras de Ozzy” configura-se como uma obra que respeita sua destinação a seu público pela condução mais infantilizada, mesmo que desempenhando papel instrutivo ao pulular adjetivos mais adultos como “minimalismo”. Aqui é um filme de aventura, de classificação etária livre pois não possui palavrões e ou indicativos politicamente incorretos.

Suas situações são desenvolvidas pelo acaso, gerando a sinestesia emocional do espectador, o afeiçoando às personagens. Cada um é humanizado não pelo maniqueísmo, mas sim pelas características diversas, únicas e idiossincráticas de suas personalidades. Estes animais sofreram traumas, e cada um defendeu-se como podia do mundo hostil, cruel e impiedoso.

Podemos observar inúmeras referências a filmes clássicos, como por exemplo a “O Poderoso Chefão”, ainda que com dosagem certa, inclusive por seus momentos mais enérgicos de poderio violento que lembram a série “Prison Break” versão canina (esta critica a condição humana – todos aqui se comportam como tal). O final, para acontecer, necessita de nossa cumplicidade para concluir sua trama, reverberando nossa percepção de uma direção frágil e preguiçosa.

Sim, em ”As Aventuras de Ozzy”, não se entende o porquê de tanta repulsa da crítica. Talvez pela falta de tom de conjugar tema polêmico (violência-tortura-maldade aos animais) do universo prisioneiro com a “fofura” de cães vitimados. Talvez pela tentativa da emoção-sinestesia versus a “forçação” de barra de seu resultado. Talvez por sua animação mais independente que foge dos padrões hollywoodianos. Por mais que seja um filme com altos e baixos está longe de ser ruim por completo. Hollywood vence mais uma vez em fazer com que o público busque a maestria reinante das animações Pixar. Nem todos são Disney. Mas nem por isso estão aquém em seus trabalhos.

3 Nota do Crítico 5 1

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