Mostra Um Curta Por Dia Marco mes 9

Crítica: Cópia Fiel

Ficha Técnica

Direção: Abbas Kiarostami
Roteiro: Abbas Kiarostami, Massoumeh Lahidji
Elenco: Juliette Binoche, William Shimell, Jean-Claude Carrière, Agathe Natanson
Fotografia: Luca Bigazzi
Montagem: Bahman Kiarostami
País: França / Itália
Ano: 2010
Duração: 106 minutos
COTAÇÃO: MUITO BOM

A opinião

Quando se percebe se é uma cópia ou se é uma obra original? “Cópia Fiel” aborda este questionamento, imprimindo a mensagem de que há dificuldade em separar estas percepções. O longa ganhou o Prêmio de Melhor Atriz para Juliette Binoche, no Festival de Cannes deste ano. Mais que merecido. Se há uma atriz que não precisa representar é ela. É incrível a sutileza natural que transpassa ao espectador. Juliette passeia por nacionalidades, estilos, historias com o mesma inerência de quem senta em um café e delicia-se com um bolo de nozes. O diretor Abbas Kiarostami cria a atmosfera da arte, da elegância intelectual. Os seus personagens prendem-se a esta forma de cultura para que possam mascarar seus medos, frustrações, derrotas e angústias. Mas escondem isso expondo ao limite com sinceridade e emoção. O roteiro expõe a defesa nata com que os que estão aprisionados na tela querem e permitem mostrar. Eles se escondem dentro deles, fingindo desprendimento existencial. A trama basicamente é uma mãe que vai a uma palestra com seu filho. O palestrante, inglês, recebendo o seu convite, faz a ela uma visita.

Desta visita, entre imaginações, teatros, epifanias, noivas, livros, conhecimentos, manipulações ingênuas – e permitidas, eles relembram as suas vidas contando de forma não convencional e tampouco linear. Os diálogos usam a picardia sem a agressão, e são diretos sem a ofensa. É uma “briga” verborrágica extremamente perspicaz e com a inteligência de se respeitar até o ponto que se pode ir. A fotografia intimista retrata sem se fazer presente. Os enquadramentos buscam a novidade original, mas acabam preferindo a fidelidade da cópia. Não há o interesse em se explicar nada e também nada precisa ser entendido. O que se absorve vem pelas interpretações excepcionais, com um surrealismo atual e aceitável de uma obra de Bunuel. “Só tenho originais e cópias”, diz-se. A busca é a simplicidade, mas não conseguem deixar de lado o rebuscamento das coisas. Assim, algo banal como “a gagueira do marido” é visto como “se a esposa saboreasse o que este marido é”. Excelente. Mistura-se a poesia nata do que acontece ao redor deles com o realismo fantástico de ações que podem realmente acontecer. Se é copia ou original, tanto faz. Neste caso, Juliette segue a própria originalidade, deixando a obra do seu diretor complemente fiel a sua sensualidade de uma virgem sapeca, mas sem se dar conta disso. A sua nudez não atiça o pornô, mas registra a beleza de uma atriz que não envelhece e que é uma das maiores do mundo.

A Sinopse

James Miller é um filósofo inglês que vai a uma pequena cidade da Toscana apresentar seu livro sobre o valor da cópia na arte. Chegando lá, encontra uma francesa que é dona de uma galeria de arte há muitos anos e vive com seu filho pré-adolescente. Eles passam a tarde juntos. Ao mesmo tempo em que vão se conhecendo, começam a desenvolver um complexo jogo de interpretação de personagens, e, à medida que o jogo avança, deixamos de saber quem é quem. Prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes 2010 para Juliette Binoche.

O Diretor

Nasceu em 1940, no Irã. Estudou na Escola de Belas Artes de Teerã, onde começou a trabalhar como designer gráfico e diretor de comerciais. Em 1969, fundou o departamento de cinema do Instituto de Desenvolvimento Intelectual para Crianças e Jovens, onde dirigiu seus primeiros curtas. Entre seus filmes destacam-se Gosto de Cereja (1997), Palma de Ouro no Festival de Cannes, O Vento nos Levará (1999), prêmio especial do júri no Festival de Veneza, e Dez (2002).

A Atriz

Juliette Binoche, nasceu em Paris, 9 de março de 1964, é uma atriz francesa. Filha do cineasta, ator e escultor Jean-Marie Binoche, e de Monique Stalens, professora, realizadora, e atriz. A mãe de Juliette Binoche é de descendência polaca, e os seus avós maternos de origem polaca e católica estiveram presos em Auschwitz por serem considerados intelectuais.

Binoche tem também ascendência francesa, flamenga, brasileira e marroquina. Os seus pais divorciaram-se quando esta tinha apenas quatro anos. Binoche e a sua irmã Marion foram levadas para um colégio interno. Aos 15 anos foi estudar numa escola especializada, após o que já freqüentava o Conservatório Nacional de Arte Dramática de Paris.

Aos 18, conseguiu um papel num pequeno filme independente, La fille du rallye. Enquanto esperava outras oportunidades de trabalho, trabalhou durante cinco anos como atendente em uma loja de departamentos e como modelo de pintura.Tinha 24 anos quando foi convidada para um grande desafio: trabalhar com o diretor Philip Kaufman em The Unbearable Lightness of Being(A Insustentável Leveza do Ser). Seu desempenho lhe rendeu elogios e o convite para ser a protagonista de Trois couleurs: Bleu, primeiro da trilogia das cores de Krzysztof Kieślowski, com o qual conquistou o Cesar como melhor atriz. Para esse prêmio, ela seria indicada ainda mais cinco vezes.

Em 1996, a enfermeira canadense Hana, seu papel em The English Patient trouxe-lhe a consagração, simbolizada pelo Oscar de melhor atriz coadjuvante, tendo superado a favorita Lauren Bacall, cuja experiência a Academia de Hollywood preferiu ignorar. Nos bastidores, Juliette afirmou que Lauren é que merecia o prêmio. Em 2000, foi indicada para o Oscar de melhor atriz por seu trabalho em Chocolat, mas foi vencida por Julia Roberts (por Erin Brockovich). Além do cinema (é a artista mais bem-paga do cinema francês), Juliette também atua nos palcos da Broadway. Ela tem dois filhos, Raphael (com Andre Halle) e Hanna (com o ator francês Benoit Magimel). Venceu o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes 2010 por sua atuação no filme “Copie Conforme”, do diretor iraniano Abbas Kiarostami.

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