Karim Aïnouz fala sobre “A Vida Invisível” em Cannes | Vídeo Exclusivo
Conversamos com o diretor brasileiro radicado em Berlim sobre seu filme que integra a mostra Un Certain Regard
Por Fabricio Duque
Cannes amanheceu solar e calorenta para receber Karim Aïnouz. Nossa entrevista aconteceu em uma das salas de imprensa antes de saber que “A Vida Invisível de Eurídice Gusmão” venceria Melhor Filme na mostra competitiva Un Certain Regard. O realizador falou muito sobre cinema e o porquê de fazer filmes. Assista ao vídeo completo e na íntegra!
“A Vida Invisível”, baseado na obra ficcional literária “A Vida Invisível de Eurídice Gusmão” da recifense Martha Batalha, e exibido na competição da mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes 2019, sai vitorioso com o prêmio Melhor Filme do Grande Júri. Mas que merecido, porque o longa-metragem corrobora a maestria de seu diretor Karim Aïnouz (de “Praia do Futuro”, “Céu de Suely”), que é a construção orgânica e suspensa de um tempo descompassado na realidade. Nós espectadores somos conduzidos a uma caseira epifania, soando íntimo e naturalmente disfuncional. É um filme de amor. De humano a humano. Um estudo de caso que reverbera uma crítica comportamental-social. Contra o machismo e a impossibilidade da mulher existir sozinha e autônoma da vontade dos outros. A fotografia granulada à nostalgia, para assim desenhar a sensação imersiva da intimidade. Busca-se a proximidade e a cumplicidade com quem assiste.
“A Vida Invisível” é sobre o bucolismo existencial. Uma resiliência aprisionada no mais fundo do querer, que se transforma momento a momento em um resignada condição de que nada nunca mudará. É a natureza selvagem do Rio de Janeiro e Eurídice, a personagem principal, que separada de sua irmã, vive sua vida como uma moderada e adestrada servidora familiar, com ideias transgressoras nas horas vagas. Há um que da ambiência do escritor dramaturgo Nelson Rodrigues em sua narrativa, pela forma de mesclar elementos teatrais à moda de uma novela com a espontaneidade autora da própria criação, em processo, inferindo a abordagem onírica-poética de Terrence Malick e ao filme de semelhança temática “Entre Irmãs”, de Breno Silveira. E à energia física coloquial de um de seus anteriores, “Madame Satã”. Da “filha de um português ignorante do século passado” que rebate com implicâncias cúmplices.
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