Bons Costumes

A opinião

O diretor Stephan Elliott, conhecido por seu aclamado ‘Priscilla, a Rainha do Deserto’, aventura-se em um filme baseado numa das primeiras peças do inglês Noël Coward, escrita em 1924. Como é comum na obra do dramaturgo, os diálogos são de um humor tipicamente inglês, cheios de ironias e tom mordaz. A mesma peça de Coward serviu de base para um filme mudo de Hitchcock, de 1927, chamado “A Mulher Pública”. Produzido pelo canal inglês de televisão BBC, o longa apresenta-se como um teatro filmado, com suas ações encenadas. Entretanto, o filme com seus noventa e quatro minutos, é inventivo e moderno. A camera, com seus enquadramentos, desfila com elegância, e curiosidade, podendo o espectador experimentar, não convencionalmente, geniais invenções em seus ângulos. A fotografia complementa a sabedoria de se usar estes elementos. Aborda o embate entre a mãe inglesa e a nora americana. “Sorria!”, diz-se a empregada. Ela rebate “Não vou sorrir” e é rebatida “É inglesa, querida, finja”. Há a hipocrisia, oportunista, natural de uma sociedade que tenta manter as aparências. Quando um certo alguém cria rachaduras na moral e nos bons costumes, a verdade vem a tona mostrando as fragilidades de um meio aceitável e não questionável. “Há algo selvagem nela que é tão contagiante”, diz-se embalado por Sex Bomb. Há uma orquestra preparada, com músicas específicas, com a participação do próprio diretor. A narrativa possui diálogos verborrágicos com um sarcasmo afiado, exagerado e cruel, para mascarar frustrações e desejos incompatíveis. O longa é feito por frases, muito bem construídas, como “- Por que ela sempre se atrasa? – Porque não se apressa a perfeição” e “Em Detroit o que nos falta em sujeira, compensamos com imundice”. Há uma captação aprofundada dos personagens pelos seus sinceros existencialismos questionadores e resignadas satisfações massificadoras. “As pessoas são todas iguais, quando não estão de guarda”, outra frase deste longa. Não se utiliza de sentimentalismos pobres e sem contéudo. Não se dá nada pelo filme. Mas há uma positiva progressão a cada cena. Por isso é tão bom. Vale muito a pena ser visto. É leve, não pretensioso, engraçado, ácido e tecnicamente magnífico. Recomendo.

Ficha Técnica

Direção:Stephan Elliott
Roteiro: Roteiro: Stephan Elliott e Sheridan Jobbins
Elenco:Jessica Biel, Ben Barnes, Kristin Scott Thomas, Colin Firth, Kimberley Nixon, Katherine Parkinson, Kris Marshall, Christian Brassington.
Fotografia:Martin Kenzie
Trilha Sonora:Marius De Vries
Produção: Joseph Abrams, James D. Stern, Barnaby Thompson
Produtora: Sony Pictures
País: Reino Unido e Canadá
Ano: 2008

A Sinopse

John Whittaker (Ben Barnes) é um jovem aristocrata inglês que conhece a bela americana Larita Huntington (Jessica Biel), durante uma viagem ao sul da França. Apaixonado, o rapaz acaba se casando com ela, por impulso. Ao levá-la para conhecer sua família, John dá início a uma série de confrontos, principalmente entre sua mãe e sua amada.

O Diretor

Stephan Elliott nasceu em 27 de agosto 1964, na Austrália. É diretor e roteirista.

Filmografia

1993 – Fraudes
(estrelado por Phil Collins, Hugo Weaving e Josephine Byrnes. Inseridos no Festival de Cannes 1993)
1994 – As Aventuras de Priscilla, a Rainha do Deserto
(estrelado por Terence Stamp, Guy Pearce e Hugo Weaving)
1997 – Welcome to Woop Woop
(estrelado por Rod Taylor, Johnathon Schaech, Susie Porter e aparições, incluindo Barry Humphries)
2000 – Eye of the Beholder
(estrelado por Ashley Judd, Ewan McGregor e cantora KD Lang)

Banner Vertentes Anuncio

  • Gostei do formato como foi redigida a crítica. Vou assistir ao filme porque fiquei interessado em conhecer o que me parece ser uma boa história.

Deixe uma resposta