Balanço Geral e Vencedores do Olhar de Cinema 2023
“Neirud” vence a Competitiva Brasileira, e o colombiano “Anhell69” arrebata os prêmios do público e da Competitiva Internacional
Por Pedro Sales
O Festival Internacional de Curitiba, o Olhar de Cinema, que aconteceu de 14 a 22 de junho, teve seu encerramento na última quarta-feira (21), com a cerimônia de premiação. O evento ocorreu na sala de cursos do Cine Passeio, com entrada exclusiva às equipes das produções que concorriam. Os credenciados e o público puderam acompanhar por meio de transmissões ao vivo transmitidas no Café do Cinema, na sala Cine Ritz e, claro, no YouTube do Olhar de Cinema. Nesta edição, a antiga Mostra Competitiva se desmembrou em duas: a Competitiva Brasileira, com seis longas nacionais, e a Competitiva Internacional, com seis longas estrangeiros, mesclando ficções e documentários. O filme dirigido por Fernanda Faya, “Neirud”, venceu o prêmio Olhar de Melhor Longa Metragem, na Competitiva Brasileira. Demonstrando uma consonância entre júri e espectadores, “Anhell69”, de Theo Montoya, ganhou o prêmio Olhar de Melhor Longa Metragem, na Competitiva Internacional, e o Prêmio do Público. Já na mostra Novos Olhares, a vitória também foi colombiana, com o filme “Mudos Testemunhos”, dirigido por Jerónimo Atehortúa e Luis Ospina.
O júri da Competitiva Internacional e Brasileira em longas, formado por Fabrício Boliveira, Guilherme Weber, Hubert Sabino-Brunette, Jéssica Queiroz e Nanako Tsukidate, além de premiar os já citados, lembrou do emocionante e arrasador drama familiar croata “Lugar Seguro”, de Juraj Lerotić, com o Prêmio Especial do Júri. Os vencedores da Competitiva Internacional, no entanto, não puderam comparecer ao festival, então deixaram vídeos de agradecimento. Montoya enviou dois, um agradecendo ao público e outro ao júri. Lerotić, na contramão do tom de seu filme, foi bem divertido e despojado ao lamentar os 10.240km de distância entre Curitiba e Dubrovnik, cidade onde estava. Na Competitiva Brasileira, todos longas, com exceção de “O Policial e a Pastora”, foram premiados. “Neirud“, que venceu melhor filme, também obteve o prêmio de melhor montagem. “O Estranho” ganhou nas categorias de som e fotografia. “Quando Eu Me Encontrar“ foi premiado como melhor roteiro. “Toda Noite Estarei Lá” acumulou os prêmios de direção e melhor atuação, para Mel Rosário; e “Zé” venceu a categoria de direção de arte.
Leia também:
O júri dos curtas e da mostra Novos Olhares, composto por Antoine Thirion, Bernardo Oliveira, diretor de “Caixa Preta”, e Chloe Roddick, premiou “Ramal”, de Higor Gomes, como melhor curta-metragem na Competitiva Brasileira, e deu a “Cemitério Verde”, de Maurício Chade, o Prêmio Especial do Júri. O curta vencedora da Competitiva Internacional, por sua vez, foi o chinês “Fuga de Visão”, de Peng Zuqiang. Paralelamente aos prêmios dos júris, existe também o Prêmio Abraccine. Paulo Camargo, Pâmela Eurídice e Rodolfo Stancki, críticos da Associação Brasileira de Críticos de Cinema, consideraram “Quando Eu Me Encontrar” o melhor longa-metragem e “Ramal”, o melhor curta-metragem.
TROFÉU VERTENTES DO CINEMA DE MELHOR FILME
Como já é tradição aqui no site, o Vertentes do Cinema sempre seleciona os filmes que mais se destacaram segundo os críticos que fazem a cobertura. Na Competitiva Internacional, nenhum outro longa exerceu o arrebatamento de “No Cemitério do Cinema”. O documentário guineense de Thierno Souleymane Diallo vai bem além do argumento inicial de buscar por um filme perdido, chamado “Mouramani”. A obra, na realidade, exerce um comentário sobre a realidade do cinema na Guiné e africano, em um contexto geral, e reflete também sobre o seu futuro. Ou seja, uma obra impactante, apaixonada e engajada. Na Competitiva Brasileira, “O Estranho” trabalha na mesma perspectiva da memória e das relações entre passado e presente, no entanto não em um âmbito metalinguístico, mas de ancestralidade cultural, na manutenção de suas origens. Quanto a Novos Olhares, acompanho os relatores, “Mudos Testemunhos” foi o melhor filme entre os selecionados. Esse papel de dar pitaco e divergir das decisões do júri é, no mínimo, interessante, uma vez que as escolhas podem ser polêmicas. Nesta edição, por exemplo, o prêmio de atuação para uma personagem de documentário suscitou algumas questões sobre o que pode ser considerado atuação, ou se este gênero deve concorrer a tal prêmio. Contudo, ninguém questiona a presença magnética de Mel Rosário em tela.
Apesar do Festival Olhar de Cinema ter se encerrado, a cobertura ainda não acabou. Ao longo dos próximos dias, o Vertentes do Cinema publicará as críticas restantes e também as entrevistas exclusivas com realizadores, como Tati Franklin e Suellen Vasconcelos, a dupla vencedora do prêmio de melhor direção. Para aqueles que não puderam acompanhar o festival e desejam conhecer algumas das mais de 80 obras exibidas, o Itaú Cultural Play disponibiliza gratuitamente, de 20 de junho a 4 de julho, 19 curtas-metragens que estiveram na Competitiva Brasileira, na Mirada Paranaense – com produções exclusivamente do estado – e na Mostra Pequenos Olhares, incluindo os vencedores “Ramal” e “Midríase”.
CONFIRA A LISTA COMPLETA DOS VENCEDORES DO OLHAR DE CINEMA 2023
Competitiva Brasileira | Longa
Prêmio Olhar de Melhor longa-metragem
“Neirud”, de Fernanda Faya
Prêmio de Melhor Direção
“Toda noite estarei lá”, Suellen Vasconcelos, Tati Franklin
Prêmio de Melhor Roteiro
“Quando eu me encontrar”, Amanda Pontes e Michelline Helena
Prêmio de Melhor Atuação
“Toda noite estarei lá”, Mel Rosário
Prêmio de Melhor Direção de Arte
“Zé”, Oswaldo Lioi
Prêmio de Melhor Direção de Fotografia
“O Estranho”, Camila Freitas
Prêmio de Melhor Som
“O Estranho”, Gustavo Nascimento, Léo Bortolin e Vitor Moraes
Prêmio de Melhor Montagem
“Neirud”, Yuri Amaral
Competitiva Brasileira | Curta
Prêmio Olhar de Melhor Curta-metragem
“Ramal’, Higor Gomes
Prêmio Especial do Júri
“Cemitério Verde”, Maurício Chades
Competitiva Internacional
Prêmio Olhar de Melhor longa-metragem
“Anhell69”, Theo Montoya
Prêmio Especial do Júri
“Lugar Seguro”, Juraj Letotić
Prêmio Olhar de Melhor curta-metragem
“Fuga de Visão”, Peng Zuqiang
Prêmio do Público
Melhor longa-metragem
“Anhell69”, Theo Montoya
Melhor curta-metragem
“Uma espécie de testamento”, Vuillemin Stephen
Novos Olhares
Prêmio Olhar de Melhor longa-metragem
“Mudos Testigos”, Jerónimo Atehortúa, Luis Ospina
Prêmio da Crítica Abraccine
Melhor longa-metragem
“Quando eu me encontrar”, Amanda Pontes e Michelline Helena
Melhor curta-metragem
“Ramal”, Higor Gomes
Prêmio AVEC-PR Solange Stecz
Melhor filme
“Midríase”, Eduardo Monteiro
Menção Honrosa
“A trilha sonora de um bairro”, Betinho Celanex, Danilo Custódio