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A Guerra de Cada Um

Por Fabrício Duque

O que se pode explicar de um verdadeiro querer é o seu subjetivismo. Toda idéia totalitária apresenta-se de forma radical. O extremismo impõe-se. Contudo na maioria das vezes não se sabe o que o motiva, o que é levado em conta não é o que o impulsiona, mas sim apenas o seu meio. O fim é obvio. Acaba-se. Simplesmente. As guerras mostram esse totalitarismo. Cada lado pensa como deseja pensar. Sem observar o oposto. Convicções são conduzidas a um limite ficcional, fantasioso, quase infantil – não por falta, mas por excesso. São crianças grandes ganhando vidas de pequenos seres. Peixes grandes demonstrando o seu poder a toda prova. Vence quem possui melhor poder de fogo. O imperialismo bélico reina. Só para os mais fortes – leia-se muito dinheiro. Os desejos tornaram-se mesquinhos, ignorantes e assassinos. A melhor maneira de se receber vantagem em uma batalha é tendo a persuasão perfeita. Limpa. Real. Transparente. O hoje é vermelho. Os sentimentos transformaram-se. Metamorfosearam. Investimos no nosso grito para a melhor jogada. Socamos nossos próximos para que façam o que queremos. Metralhamos o mundo para provar o que somos. Porém, precisamos nos dar conta de que já nos perdemos muito mais longe. Foi lá trás. Deixamos de ser seres humanos. Somos monstros agora. Dessa existência capitalista e porca. Desculpe os porcos, eles não sabem o que fazem. O eu único tenta buscar o eu único de outro. Imperadores, ditadores, até democratas gostam do som dos tiros. Das demolições. Das destruições. Exterminamos nosso futuro por um presente com um pouco mais de conforto. Desde que o mundo é mundo, buscamos a resposta para a questão de onde nós viemos, quem somos nós. Comportamo-nos como idiotas, insensíveis, estúpidos, incongruentes, inerentes ao avesso, tudo o que somos se resume em lixo. Sobras de um governo que não se preocupa. De pessoas que são cegas mesmo vendo. Problemas paralelos e pessoais acontecem. Alguém que faz muito barulho quando você deseja dormir. Então se questiona a melhor maneira. Pensa-se em barbaridades. A solução é simples. No presente do indicativo. Indico o bom senso de um. A permissividade do outro. Não, estou sendo utópico. Poderia ser uma bomba sendo estourada no apartamento. Não, a prisão acometeria a mim. E sou certinho demais para isso. Denunciar. Sim, uma ótima percepção. Já tentei, não adianta. A minha guerra começou. Preciso pensar na melhor maneira de resolver. Pedir por favor. Não sei. Quem sabe num outro planeta. Outro deve possuir pensamento igual ou um problema diferente. Vamos supor que siga a segunda solução do primeiro exemplo acima. Explodiu. Cadeia. Filhos de um repreendendo a família do outro. Sucessivamente. Pronto, uma batalha formada. Talvez uma terceira experiência mundial. Se possuir carisma então. Ah, Hitler, como o senhor conseguiu? Estou sendo infantil agora? Lutando por detalhes insignificantes que me impedem de dormir. Alguém já disse que a melhor maneira de consegui a vitória é mitigar de uma vez o sono do prisioneiro. É o dormir que nos tira do caos. Entra a fantasia. Incompreensível, por outro lado, necessária para zerar e nos fazer iniciar em uma nova jornada. Dia-a-dia. Um por vez. Os reis estão dormindo. Ou não dormem nunca. Sonâmbulos a esmo. Libertos de sensações humanas. Obrigados a excluir de si mesmos o certo ou errado. Não há bem ou mal. O bom ou mau. Há apenas o fraco e o forte. O destemido e o temido. O tigre e a presa. Conta-se até trinta e oito e atira. Menos uma. A falta não existe. Somos invencíveis de nós mesmos. Presos em nossos individualismos. Massificados pela vontade exacerbada do querer tudo. De que podemos ter tudo. Heróis. Podemos voar, correr como o vento, chover. Tempestades no nosso próprio copo são criadas. A gota adicionada realiza o processo de descontrole mental e físico. Zumbis de nós mesmos e dos porcos – que eu tenho tanta vergonha de mencionar. Coitado deles. Não gosto da referência. O livre pensar, o livre agir também precisa de regras. Por que não, dos bons modos de comportamento. Não quero evangelizar ninguém. Estou longe disso. Só quero que essa guerra psicológica, gratuita, sem sentido, hipócrita, com uns ganhando muito e outros perdendo tudo seja acabada. A cronologia da existência da humanidade é medida e contada por guerras. Sempre existiu, desde que o mundo é mundo. E bem que poderia mudar. Tudo no final é nada. E nada não existe mais. O existir por algo surreal estimula a coisa criada mais do que o próprio sentir. A trilogia procurada dos verbos. A bem dita verborragia. Libertar-se da massificação. Excluir-se de televisões, jornais, livros e alheios sem sentido. Substituir por conversas e pelo copular. Os homens no geral deveriam sentir mais essas emoções. Virar ignorante por um momento não desestimula a capacidade e ou inteligência. Preciso ser pragmático para expressar o desespero e o medo constante instalado nos meus ossos. Prefiro não ter emoções pesadas e intrépidas diariamente. Posso transitar na calma e na simplicidade de um ato. Não terrorista. Mas racionalmente explosivo. Quero a diversão. O circo está formado. Porém, nós somos a principal atração. Em qual de nós, o acerto de uma flecha errará a maça, e nos expulsará do paraíso que se sobrevive e se acha uma perfeição? Retórica ou não, definitivamente, eu não sei. E não saber, eu, perplexo, sozinho, assisto.

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