Festival Curta Campos do Jordao

Crítica: Amor Extremo

A opinião

Os clipes musicais são pequenas e rápidas histórias que contam o universo da música. O diretor é um realizador desse universo e o transporta para este filme, que não é um filme musical, apesar de possuir muitas. O ponto alto do longa é a parte técnica. A fotografia de Jonathan Freeman é espetacular, criando um ambiente mágico e nostalgicalmente moderno. A montagem de Emma E. Hickox é muito bem feita. Intercalando ora com imagens de arquivos (que não se sabe se é real) e com o próprio momento. É um filme de época. Com seus enquadramentos e ângulos, com seus contrastes e brilhos extremamente subjetivos, não convencionais, ditando, assim, as regras da condução da trama. Tecnicamente é lapidado como um diamante. Porém, em relação às interpretações, há uma queda de qualidade lamentável, porque soam artificiais e sem aprofundamento. Os olhares, os trejeitos, as pequenas ações cotidianas são exageradas e vendendo um ‘cult alternativo’ que não é. “A prata é para os solitários, qual homem lhe dará o ouro?”, diz-se. Muitos diálogos são bobinhos, óbvios e tentando fazer um graça sarcástica que não conseguem. O que se extrai é um projeto sem contéudo neste quesito. Em contraponto, o visual é interessante, bonito e agradável de assistir. Aborda a vida de um ‘poeta’ que se divide entre o amor de sua mulher e de sua melhor amiga de infância, com a inclusão de outras pessoas e outras histórias. As informações são despejadas não dando tempo para absorvê-las, por isso a falta de contéudo que já comentei. “Eu durmo com outras mulheres, porque um poeta precisa alimentar-se de vidas”, diz-se. O jazz swing embala a trilha sonora enquanto questionamentos clichês e já ultrapassados insistem em acontecer aos nossos olhos e ouvidos. O personagem Dylan, interpretado por Matthew Rhys, o mesmo do seriado de televisão ‘Brothers and Sisters’ é muito fraco, sendo pretensioso ao extremo. Se pensarmos em uma competição entre os prós e os contras, as partes positivas e agregadoras ganham pela parte técnica como já disse. Porém esqueça as interpretações e os diálogos incompetentes. Use o seu amor extremo pela arte para abstrair tais elementos. Recomendo pela fotografia e montagem.

Ficha Técnica

Direção:John Maybury
Roteiro:Sharman Macdonald
Elenco:Keira Knightley, Sienna Miller, Cillian Murphy, Matthew Rhys
Fotografia:Jonathan Freeman
Montagem:Emma E. Hickox
Música:Angelo Badalamenti
País:Reino Unido
Ano:2008

A Sinopse

Quando crianças, Vera Phillips e Dylan Thomas se amavam. Adultos, se reencontram em Londres, durante a Segunda Guerra Mundial. Ela é cantora, e ele escreve filmes de propaganda para o governo. Apesar de ainda se amarem, Thomas está casado com a bela Caitlin, com quem, surpreendentemente, Vera desenvolve uma grande amizade. O triângulo é acrescido de William Killick, oficial que conquista a cantora e se casa com ela. Quando este é obrigado a servir na guerra, no entanto, Vera fica sozinha com Dylan e Caitlin, e a batalha entre o que pensa e o que sente torna-se mais intensa.

O Diretor

Nasceu em 1958, em Londres. Pintor e escritor, foi colaborador de Derek Jarman. Dirigiu seu primeiro longa-metragem em 1992, Man to Man, vencedor do prêmio da FIPRESCI no Festival de Edimburgo. Em 1998, exibiu Love is the Devil no Festival de Cannes. Realizou também diversos videoclipes, entre os quais Nothing Compares 2 U, de Sinéad O’Connor, e criou instalações visuais para shows de músicos como U2 e Kylie Minogue.

Pix Vertentes do Cinema

Deixe uma resposta