Vista para dias nublados
Consciência e classe
Por Vitor Velloso
Durante o Cine Ceará 2020
“Vista para dias nublados” de Ana Luísa Moura, um dos integrantes da mostra competitiva do Cine Ceará 2020, pode ser um filme que busca uma sinceridade diante de sentimentos particulares e emocionais. Mas não consegue caminhar com seu público para uma das intenções, pois sua estrutura é demasiadamente desarticulada com alguma proposta narrativa ou formal que não esteja fincada na necessidade de um investimento dramático por parte do público.
A forma se encontra em mimética a seguir os passos dessa cadência prosaica, formalizando uma possível aliança com traços referenciais mais subjetivos. E essa dificuldade de parte do público em se inserir na narrativa, reside necessariamente das escolhas formas e textuais presentes na obra, que agiliza excessivamente seu fim, sempre buscando um ápice dramático para atuar. É onde acaba desandando, pois o espectador não possui grande interesse no pressuposto da obra, nem mesmo é permitido sentir aquilo que “Vista para dias nublados” se propõe, sendo sempre empurrado para os imediatismos do roteiro e da montagem.
Desta maneira é difícil falar que as coisas funcionam aqui, porque tudo parece solto demais e com amarras disponíveis em excesso. Com a provável consciência de sua classe, o curta consegue representar bem como a burguesia se coloca diante das janelas do mundo.