Direção: Werner Herzog
Roteiro: William Finkelstein
Fotografia: Peter Zeitlinger
Montagem: Joe Bini
Música: Mark Isham
Elenco: Nicolas Cage, Eva Mendes, Val Kilmer, Jennifer Coolidge, Fairuza Balk
Produtor:Edward Pressman, John Thompson, Alan Polsky, Gabe Polsky, Stephen Belafonte
Duração: 121 minutos
color, 35mm
País: Estados Unidos
Ano: 2009
COTAÇÃO: BOM
A opinião
O diretor Werner Herzog optou por uma refilmagem, porém diferente da anterior, do filme homônimo de Abel Ferrara em 1992. Aborda um detetive (Nicolas Cage) desonesto que dedica-se igualmente ao trabalho e ao consumo de drogas – enquanto estiver livre e seguro em relação à lei.
Empunha o distintivo policial tantas vezes quanto empunha a arma. Torna-se um completo viciado, profundamente intuitivo, detetive destemido, reinando sobre as belas ruínas de Nova Orleans com autoridade e displicência. Uma prostituta (Eva Mendes) que ele ama complica ainda mais sua tumultuada vida. Juntos, eles afundam em um mundo próprio marcado por desejo, compulsão e autoconsciência.
Seria mais um filme policial com uma história comum, se não fosse pelas invenções de camera e fotografia que é experimentada logo de início, quando uma cobra contorna e conduz à cena que pretende-se explorar. A fotografia nostálgica, apagada e pastel distorcida, lembra os anos oitenta com elementos modernos e ambienta a trama após o furacão Katrina, em Nova Orleans.
O Thriller mistura (como referência não explícita) a estranheza do diretor David Lynch com a violência resignada de David Cronemberg. A falta de regras e de escrúpulos, o excesso de subornos e favores criticam uma terra sem lei. “Não podem mais dar uma de caubóis”, diz-se.
Além dos atores humanos, há outros personagens que povoam a imaginação do diretor. Os bichos têm lugar especial no filme e comportam-se, atuando, sem falas, ora por um enquadramento de camera não convencional, ora estritamente aparecendo por ilusão e ou realidade. “Ambos amamos o veneno”, diz-se.
O excesso e o desvio de poder, transgredindo o princípio fundamental da constituição americana, da autoridade policial polemiza e questiona os limites do relacionamento cidadão-estado. Mas não manipula de forma direta essa percepção, apenas realiza uma inferência existencial.
A conclusão é de ser mais um longa que envolve crimes e que já veio com uma marca tatuada (por ser o novo filme de um diretor famoso alemão e inovativo).
Vale a pena ser visto pela interpretação fantástica de Nicolas Cage, pela parte técnica (espetacular), que não possui clichês óbvios e para comparar as diferenças entre este filme e o de Abel Ferrara.
Nasceu em 1942 em Munique, Alemanha. É um dos três maiores nomes do Novo Cinema Alemão, ao lado de Rainer W. Fassbinder e Wim Wenders. Em 1967, realizou seu primeiro filme, Sinais de Vida, com apenas 19 anos. Desde então produziu, escreveu e dirigiu mais de 40 filmes. Entre seus filmes, estão O Enigma de Kaspar Hauser, Stroszeck (1977), O País Onde Sonham as Formigas Verdes (1983), No Coração da Montanha (1991), Sinos do Abismo: Fé e Superstição na Rússia (1993), o documentário Meu Melhor Inimigo (1999), Invencível (2002) e Além do Azul Selvagem (2005).
Filmografia
2009 – Vício Frenético (Bad Lieutenant: Port of Call New Orleans)
2008 – Encounters at the end of the world
2006 – O Sobrevivente (Rescue Dawn)
2005 – Além do Azul (The Wild Blue Yonder)
2005 – O Homem-Urso (Grizzly Man)
2004 – White diamond, The
2003 – Wheel of time
2002 – Ten minutes older: The trumphet
2001 – Invincible
2001 – Pilgrimage
1999 – Meu melhor inimigo (Mein liebster feind – Klaus Kinski)
1997 – Little dieter needs to fly
1995 – Tod für fünf stimmen
1994 – Die verwandlung der welt in musik
1993 – Glocken aus der tiefe
1991 – No coração da montanha (Cerro Torre: Schrei aus stein)
1991 – Jag Mandir: Das excentrische privattheater des maharadscha von udaipur
1987 – Cobra verde (Cobra verde)
1986 – Portrait Werner Herzog
1984 – Onde sonham as formigas verdes (Wo die grünen ameisen träumen)
1982 – Fitzcarraldo (Fitzcarraldo)
1979 – Woyzeck (Woyzeck)
1979 – O vampiro da noite (Nosferatu: Phantom der nacht)
1977 – Stroszek (Stroszek)
1976 – Coração de cristal (Herz au glas)
1976 – Mit mir will keiner spielen
1974 – O enigma de Kaspar Hauser (Jeder für sich und Gott gegen alle)
1972 – Aguirre, a cólera dos deuses (Aguirre, der zorn gottes)
1971 – Fata Morgana
1971 – Terra do silêncio e da escuridão (Land des schweigens und der dunkelheit)
1970 – Também os anões começaram pequenos (Auch zwerge haben klein angefangen)