Direção: Roger Michell
Roteiro: Aline Brosh McKenna
Elenco: Rachel McAdams, Harrison Ford, Patrick Wilson, Jeff Goldblum, Diane Keaton, 50 Cent, Arden Myrin, Liam Ferguson, Lloyd Banks
Fotografia: Alwin H. Kuchler
Música: David Arnold
Direção de arte: Alex DiGerlando e Kim Jennings
Figurino: Frank L. Fleming
Edição: Daniel Farrell, Nick Moore e Steven Weisberg
Produção: J.J. Abrams, Bryan Burk
Distribuidora: Paramount Pictures Brasil
Estúdio: Bad Robot
Duração: 107 minutos
País: Estados Unidos
Ano: 2010
COTAÇÃO: BOM
“Uma manhã gloriosa” aborda os bastidores ficcionais de um programa de televisão matutino, que possui audiência fraca por causa do horário. O filme é a mais nova realização do diretor Roger Michell, o mesmo de “Um lugar chamado Notting Hill”. Suas comédias românticas buscam a despretensão e reviravoltas mais humanizadas, assemelhando-se à vida cotidiana. Para fazer funcionar, escalou um time de peso que inclui Diane Keaton – vivendo uma âncora (apresentadora) num programa ultrapassado – e Harrison Ford – interpretando um frustrado, amargurado e razinza co-apresentador. A conexão entre eles é Rachel McAdams (de “Sherlock Holmes”, “O Diário de uma paixão”, “Meninas Malvadas”), que parece ter incorporado, literalmente, o papel.
Suas constantes – ora sutis, ora exageradas – explosões de felicidade geram a energia necessária para que este filme tenha sucesso, independente da falta de equilíbrio do roteiro, que quer ser auto-ajuda, romântico, inteligente, de superação social e “fofo”, palavra usada por um de seus personagens. A trama busca a volta por cima. Inicia-se com um encontro amoroso fracassado, a perda de um emprego. A necessidade da mudança leva a protagonista a Nova Iorque, após inúmeras tentativas, sem intenção alguma de desistência por parte dela. A narrativa é leva, direta, perspicaz, sóbria e quando usa clichês, a faz de forma suportável e interessante, como os diálogos de existencialismo profissional. “Sonho aos 28 anos é constrangedor”, diz-se.
Ela é passional, energética, batalhadora, otimista, utópica, ingênua – perceba na franja do cabelo, expressa as emoções sem medo do exagero. Há uma “energia juvenil” nela. Inevitável não criar a referência ao filme do Cameron Crowe “Jerry Maguire – a grande virada”, tendo Tom Cruise superando limites e sonhos projetados. A sinopse: A produtora de televisão Becky Fuller (Rachel McAdams) está com a carreira e a vida amorosa indo de mal a pior. Demitida de um jornal local, ela aceita o convite para trabalhar no Daybreak, um programa matinal com péssimos índices de audiência. Decidida a mudar o histórico do Daybreak, Becky tenta contratar um âncora de TV de renome, Mike Pomeroy (Harrison Ford), mas ele se recusa a noticiar os temas que compõem um programa de TV matinal e nem quer saber de apresentar algo ao lado de Colleen Peck (Diane Keaton). Além disso, o conflito dos apresentadores põe em risco o relacionamento amoroso de Becky com um colega de trabalho, Adam Bennett (Patrick Wilson).
Assim como todo novato, Becky deseja modificar regras burocráticas e enraizadas e injetar ânimo – e inovação. Trocando em miúdos, mostrar serviço com medo de represálias e demissão. É extremamente interessante as cenas que envolvem Diane e Harrison. São naturais e não se percebe a encenação. Porém a cena da conversa com o futuro namorado Adam já soa superficial e não convence tanto. “As pessoas são inteligentes, querem informação e não lixo do entretenimento”, diz-se.O longa mostra os estágios de uma mudança comportamental. Apresenta a causa – a amargura de ser deixado de lado – e a consequência – a defesa que interrompe a positividade da percepção sobre os outros. É de se esperar que o final deste tipo de gênero seja convencional.
Aqui não poderia ser diferente. Música de efeito, camera lenta, resolução de uma vida como a cena que Becky corre a seu verdadeiro destino. Por isso os altos e baixos do roteiro podem ser desculpados pela excelente interpretação da nossa protagonista e de todos os outros coadjuvantes. Concluindo, um filme despretensioso – o grande charme. Segue a cartilha do gênero de comédia romântica de auto-ajuda, mas que pode ser absorvido pelo ponto alto do contexto: os seus atores, que resolvem se desconstruir a fim de inovar suas carreiras.
Com locações em New York e New Jersey, nos Estados Unidos, teve orçamento estimado de US$ 40 milhões. O estúdio da emissora fictícia IBS é um estúdio real usado por emissora de verdade para fazer programas de jornalismo e entretenimento. Boa parte das cenas do noticiário mostrado ao longo do filme são verdadeiras, como as enchentes de 2008 no estado de Iowa, quando Cedar Rapids teve mais 400 quarteirões da cidade submersos. Don Roy King, que faz o papel de diretor do programa “DayBreak” e Robert Caminiti que faz o assistente de direção, são na vida real diretor e assistente de direção do famoso programa humorístico “Saturday Night Live”, da NBC.
Roger Michell nasceu em 05 de junho de 1956, em Pretória, África do Sul, mas passou parte significativa da sua infância em Beirute, Damasco e Praga. Seu pai era um diplomata. Ele foi educado no Clifton College , onde se tornou um membro da casa de Brown em 1968. Estudou na Universidade de Cambridge e em 1977, ganhou o prestigioso Royal Shakespeare Company Buzz Prêmio Goodbody. Era casado com a atriz Kate Buffery, mas eles já estão divorciados. Tem dois filhos, filha, a atriz Rosie Michell e, ator e compositor, filho de Harry Michell. Após graduar-se em Cambridge, mudou-se para Londres, estagiando no Royal Court Theatre. Trabalhou como assistente de Danny Boyle, de “Trainspotting”. Em 1979, deixou o Royal Court Theatre e começou a escrever e dirigir projetos por conta própria. O maior sucesso foi de Private Dick, uma comédia que ganhou o Fringe First Award no Festival de Edimburgo . A peça estreou em tarde no West End de Londres e contou com Robert Powell como Philip Marlowe. Em 1993, dirigiu a minissérie da BBC de Hanif Kureishi, um romance autobiográfico “The Buddha of Suburbia”, estrelado por Naveen Andrews. Dirigiu “Notting Hill”, que acabou se tornando um dos filmes de maior bilheteria britânica de todos os tempos. Ainda contam no seu currículo “A mãe”, “Vênus” e “Fora de Controle”.