Tudo Sobre o Festival CineOP 2024
A Mostra de Ouro Preto acontece de 19 a 24 de junho, homenageia o cinema de animação de Alê Abreu, sedia mais uma vez a Assembleia Geral anual da ABPA e foca na Preservação do Audiovisual Brasileiro e Chileno
Por Vitor Velloso
Ouro Preto, município de Minas Gerais, cidade colonial na Serra do Espinhaço, quase seis horas do Rio de Janeiro, há dezenove edições se firma como o único evento a enfocar o cinema como patrimônio, preservação, história e educação. A partir do dia 20, estarei presencialmente representando o Vertentes do Cinema na cidade histórica de arquitetura barroca. com seus mais de setenta e quatro mil habitantes, para realizar a cobertura da CineOP 2024, a Mostra de Cinema de Ouro Preto. A programação, que é gratuita, está estruturada em três temáticas – preservação, história e educação. Será realizada na Praça Tiradentes e no Centro de Artes e Convenções e prevê exibições de filmes em pré-estreias nacionais e retrospectivas, homenagens, seminário, debates, oficinas, sessões cine-Escola, Mostrinha de cinema, exposições, cortejo, shows musicais e atrações artísticas e, ainda, a realização do 19º Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros e do Encontro da Educação: XVI Fórum da Rede Kino – Rede Latino-Americana de Educação, Cinema e Audiovisual ocupam o cenário da histórica Ouro Preto. Todo esse “Cinema Patrimônio” é oferecido a um público estimado em mais de 20 mil pessoas.
O CineOP deste ano quer homenagear o cinema de animação. “Embora reconheçamos a força das autorias individuais dos curtas e longas programados para o CineOP, desde a sessão de abertura, com assinaturas de direção fundamentais para a história recente e mais distante da animação no país, decidimos enfatizar e celebrar o ambiente da animação como um todo, como um grande coletivo de criações, em todos os seus estágios, do início à finalização, com todas as mãos que ali contribuíram para as imagens e sons projetados depois nas telas. Uma imagem, com suas formas, cores e movimentos, é obra de muitas mãos, dedos, olhares, técnicas, histórias, imaginários e sensibilidades. A animação é uma arte das mãos, mesmo quando mediadas pelas tecnologias mais avançadas, e manter o padrão com diferentes mãos é, no mínimo, um desafio de desapego a estilos muito pessoais, que se tornam interpessoais também, em busca de um controle sobre o processo e de estratégias com vistas a uma obra de criação com objetivos em comum. Muitas mãos com diferentes funções e na mesma direção”, escrevem Cleber Eduardo e Fábio Yamaji, os Curadores da Temática Histórica no release oficial do festival.
Assim, pela coerência, autoralidade e independência na animação, Alê Abreu é o homenageado da 19ª CineOP. O cineasta é o nome mais internacional da animação brasileira. Teve dois dos três longas metragens exibidos no Festival de Aneccy (“O Menino e o Mundo” e “Perlimps”), o evento mais importante da animação, onde chegou a ser premiado (com “O Menino e o Mundo”). E ainda foi indicado ao Oscar da categoria (com “O Menino e o Mundo”). Isso foi há 11 anos. Abriu portas para ele e para a animação brasileira. A homenagem ultrapassa esse filme-fenômeno. Está ancorada, principalmente, em uma trajetória. Não exatamente numerosa, cheia de títulos na animação, mas coerente e obsessiva. É um reconhecimento a um percurso autoral que, neste momento, completou 31 anos de seu primeiro curta-metragem, “Sirius” (1993), no qual traços de seu estilo visual, narrativo e dramático estavam já semeados, e logo após o aniversário de 10 anos de “O Menino e o Mundo” (2013).
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Já a Temática Preservação da 19ª CineOP “propõe olharmos juntos para o momento atual para tentarmos vislumbrar um futuro do setor frente à implementação dessas novas tecnologias. Para tanto, o Encontro de Arquivos deste ano traz duas mesas que buscam se debruçar sobre a temática da inteligência artificial, abordando por um lado os conceitos dessa revolução para o campo do audiovisual e da preservação em particular e, por outro lado, os desafios técnicos, dilemas éticos e problemas de direitos autorais que estão surgindo nesse contexto. Além disso, se propõe a introduzir o importante e amplo debate sobre o futuro da preservação audiovisual, com uma mesa que traz vozes diversas para pensar a questão. Entendemos que os impactos do desenvolvimento e expansão vertiginosa a que estamos assistindo, das diferentes inteligências artificiais em nossos cotidianos domésticos e profissionais, ainda vão se desdobrar e aprofundar em muitas questões. Acompanhar e refletir desde já sobre o tema é crucial para que possamos amadurecer e assimilar essas transformações de forma crítica e propositiva.”
Em 2024 a CineOP sedia mais uma vez a Assembleia Geral anual da ABPA (Associação Brasileira de Preservação Digital), que contará com o processo eleitoral para escolha da diretoria para o próximo biênio. Em parceria com a associação, realizamos mais uma vez os Diálogos da ABPA, desta vez sobre os repositórios digitais como forma de preservação e de acesso de acervos analógicos ou nato-digitais, com destaque para programas livres com a possibilidade de participação comunitária, como o Tainacan, desenvolvido por universidades brasileiras com o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). A própria associação tem feito uso do Tainacan para o desenvolvimento de seus trabalhos, com ênfase no repositório colaborativo de referências bibliográficas de preservação audiovisual.
Dando continuidade à programação, os estudos de caso relacionados ao patrimônio audiovisual refletem a diversidade dos trabalhos que têm sido desenvolvidos no Brasil. Uma amostragem pequena, porém bastante rica, que conta com uma homenagem ao centenário do diretor, produtor e distribuidor de cinema Mario Civelli, cuja preservação da obra tem sido capitaneada pelo trabalho da Memória Civelli, que vai apresentar suas ações, ao lado dos profissionais atuantes da digitalização e restauração do acervo Civelli. Na mesma mesa, na sequência, será apresentado o projeto Fragmentos, da Globoplay, voltado à memória da teledramaturgia, com a recuperação e exibição de telenovelas das décadas 1970 e 80, cujas tramas contam com apenas dois a 20 episódios completos, seja por questões relacionadas à preservação de seu suporte ou a políticas de acervo, que foram sendo modificadas e desenvolvidas ao longo dos anos.
A segunda mesa apresenta os recentes trabalhos para preservação e acesso dos nitratos da Cinemateca Brasileira, que permitiu, no âmbito do projeto Viva Cinemateca, a realização de um conjunto de ações com vistas ao completo tratamento técnico da coleção de filmes em nitrato de celulose da instituição – a mais antiga e mais frágil, responsável por quatro incêndios (1957, 1969, 1982, 2016) ao longo da sua trajetória. São obras de curta, média e longa-metragem – cinejornais, documentários, ficção, filmes domésticos e publicidade, produzidos entre as décadas de 1910 e 1950; e confiadas por realizadores e instituições de todo o país à Cinemateca Brasileira para fins de preservação. Fechando os estudos de caso, um projeto voltado para o patrimônio audiovisual de forma mais ampla: o projeto Minas é Cinema vem apresentar seus trabalhos voltados para o mapeamento da atividade cinematográfica no estado de Minas Gerais, no que diz respeito à produção, exibição, distribuição de filmes, recepção, produção crítica e publicações sobre cinema, com levantamento de informações e sistematização em banco de dados. Trata-se de um projeto permanente e de enorme relevância, que pela sua amplitude vem sendo realizado por etapas, servindo de ponto de partida e referência para novas pesquisas voltadas à atividade cinematográfica e audiovisual no país.
No CineOP, foi incorporada à Temática Preservação a Cineteca Nacional do Chile para compartilhar seus trabalhos voltados à preservação digital. Criada em 2006, a Cineteca é uma das mais recentes e ativas cinematecas da América Latina. Membro da Fiaf (Fédération Internationale des Archives du Film) e da Claim (Coordinadora Latinoamericana de Archivos de Imagen en Movimiento), compõe o complexo Centro Cultural Palacio La Moneda. Em quase duas décadas de atividade, tem atuado de forma sistemática em prol da conservação e da valorização do patrimônio audiovisual chileno, com ênfase na formação e na preservação digital. Desde então se tornou um modelo para o setor e uma referência para a região.
Para completar a programação, a Mostra Preservação da 19ª CineOP apresenta três programas relacionados aos temas abordados no Encontro de Arquivos. A curadoria celebra o centenário de Mario Civelli (1923-1993), com exibição da cópia digitalizada de “Uma Vida para Dois”, de 1953, traz outras obras recentemente digitalizadas e restauradas, de diferentes épocas e formatos, e um episódio de telenovela, com objetivo de dar visibilidade ao menos uma pequena amostra da diversidade de projetos relacionados à preservação audiovisual ora em curso no país. Além disso, apresenta uma pequena seleção de obras do acervo da Cineteca Nacional do Chile, instituição que, apesar de ter menos de 20 anos de existência, é uma referência para cinematecas e arquivos audiovisuais latino-americanos, em especial por seu trabalho de digitalização, restauração e acesso do patrimônio audiovisual chileno.
Enquanto preparamos a programação do Encontro Nacional de Arquivos e finalizamos este texto, acompanhamos consternados as consequências da maior enchente do Rio Grande do Sul em décadas. Para além das vidas perdidas e da destruição causada, assistimos ao enorme desafio que está sendo enfrentado pelos profissionais de patrimônio, arquivos e cinematecas e o poder público, frente à possibilidade de perda de grande parte do patrimônio cultural e histórico do estado. Ações de contingência foram e estão ainda sendo organizadas, para unir forças, tentar salvar o que ainda for possível e para quantificar as perdas dos arquivos.
FILMES DA MOSTRA PRESERVAÇÃO
15 MIL DIBUJOS – CHILE, 7min. Direção: Carlos Trupp e Jaime Escudero
Em 1941, Carlos Trupp e Jaime Escudero realizaram o longa de animação 15 Mil Desenhos, protagonizado por um condor antropomórfico chamado Copuchita, uma espécie de antecessor do Condorito (personagem emblemático do Chile, criado em 1949 por Pepo, René Ríos Boettiger). A criação do filme teve origem na ocasião da visita de Walt Disney ao Chile, quando conheceu os dois jovens cineastas, ajudando-os e encorajando-os na realização. Apesar do entusiasmo de Trupp e Escudero e das suas famílias, o filme acabou por ser um fracasso de bilheteira e os cineastas não voltariam a realizar filmes de animação. Este fragmento do filme está no documentário Ricordando, de Edmundo Urrutia, de 1960.
LA TRANSMISIÓN DEL MANDO 1920-1925 – CHILE, 6min. Direção: Alfredo Serey e Nicolás Martínez
É o primeiro filme de animação realizado no Chile. Foi produzido pela National Films de Santiago e co-realizado por Alfredo Serey e Nicolás Martínez, que fizeram 20.000 pranchas de desenhos para um filme de menos de 200 metros de comprimento, aproximadamente 5 minutos. O filme retrata a transferência da faixa presidencial de Juan Luis Sanfuentes para Arturo Alessandri Palma em 1920 e os personagens são políticos e diplomatas mais conhecidos da época. O filme estreou em Santiago juntamente com dois novos filmes de Chaplin, de acordo com Las Últimas Noticias, o jornal onde Serey trabalhava. O jornal também publicou algumas imagens do filme, como aquela em que Arturo Alessandri encontra os cofres fiscais sem pesos e cheios de teias de aranha. Devido à repercussão do filme, o próprio Presidente Alessandri convidou os realizadores a irem a La Moneda para os felicitar.
PASTA – CHILE, 8min. Direção: Tomás Welss
Um casal que se domina mutuamente através da comida, num ato de gula e luxúria.
EL HÚSAR DE LA MUERTE – CHILE, 65min, Direção: Pedro Sienna
O filme narra as lendárias aventuras do popular patriota Manuel Rodríguez, de 1814 até à sua morte. O filme, cheio de anedotas e de engenhosos efeitos especiais, conserva ainda alguns dos intertítulos originais.
TANGO MORTAL – CHILE, 3min, Direção: Tomás Welss
Um casal dança ao ritmo de um tango, vivendo o grande momento das suas vidas.O curta está em processo de re-digitalização em alta definição.
CENTENÁRIO MÁRIO CIVELLI
Mario Civelli (1923-1993) foi um dos grandes nomes do cinema no Brasil. Nascido na Itália, atuou como produtor, diretor e distribuidor no Brasil com contribuições incontornáveis para a história do cinema brasileiro. Celebrar seu centenário é também sublinhar o fundamental trabalho que vem sendo desenvolvido pela Memória Civelli em preservar e restaurar o trabalho deste personagem.
UMA VIDA PARA DOIS – RJ, 89 min, Direção: Armando de Miranda e Sérgio Brito
Dois homens amam a mesma mulher e fazem um pacto de morte, mas o destino surpreende os três (e o público).
Legítimo suspense interpretado pelos consagrados Luigi Picchi, Orlando Villar, Liana Duval,
contracenando com Jaime Barcellos e Ítalo Rossi.
UM OLHAR PARA A DIVERSIDADE DA RESTAURAÇÃO NO BRASIL
Com objetivo de apresentar um pequeno recorte da diversidade de projetos recentes relacionados à preservação audiovisual no Brasil, o terceiro e último programa é composto por dois curtas-metragens documentais e um episódio de telenovela. Esta seleção traz um dado importante dos trabalhos de restauração recentes, que é uma maior descentralização geográfica de projetos, que pode estar relacionado a uma ampliação no número de instituições que estão equipadas e aptas para realizarem a digitalização do suporte fotoquímico e posterior restauração – um tema que mereceria uma análise com viés de pesquisa acadêmica. O programa traz também a diversidade de atores que protagonizam essas ações, com a apresentação, pela primeira vez na CineOP, de teledramaturgia – que nos últimos anos tem sido pauta para preservação e restauração por parte das TVs, como um de seus ativos valiosos.
CHICO DA SILVA – CE, 11min, Direção: Pedro Jorge de Castro
O filme documenta a obra do pintor primitivo Chico da Silva visto no seu bairro, com sua gente, o seu mundo, a sua vida. A pintura de Chico da Silva, inspirada na luta entre aves, peixes e dragões originários de sua prodigiosa fantasia, é apresentada em flash comparando seus quadros com movimentos do lazer de sua vida cotidiana e analisando, posteriormente, sua técnica e seu estilo no momento em que pinta. O filme tem depoimentos surpreendentes do pintor sobre a vida e sua vida.
CORAÇÃO ALADO – RJ, 57min, Direção: Roberto Talma e Paulo Ubiratan
Juca Pitanga (Tarcísio Meira) é um artista plástico pernambucano que vai para o Rio de Janeiro em busca de maior visibilidade na carreira. Ali se envolve com Catucha (Débora Duarte), filha do marchand Alberto Karany (Walmor Chagas), e Vivian (Vera Fischer). Apesar de amar Vivian, Juca se casa com Catucha, pensando em sua projeção profissional. O casamento termina quando ele decide acompanhar o irmão Gabriel (Carlos Vereza), perseguido pela ditadura militar, em seu exílio político no México. Juca retorna ao Brasil anos depois, com a decretação da Lei da Anistia no Brasil. Escrita por Janete Clair, a novela teve que lidar com a censura da época, por conta dos temas polêmicos abordados, sejam relacionados ao comportamento – das mulheres, em particular – ou políticos, em um Brasil que vivia há quase duas décadas sob o regime militar. O primeiro episódio foi considerado uma grande produção, com imagens gravadas durante a Paixão de Cristo em Nova Jerusalém, Pernambuco, e em Nova York.
PIRENÓPOLIS – O DIVINO E AS MÁSCARAS – DF/GO, 21min, Direção: Lyonel Lucini
Sinopse: É o primeiro filme produzido no extinto ICA (Instituto Central de Artes), numa co-produção da UnB (Universidade de Brasília) e do também extinto INC (Instituto Nacional de Cinema). Realizado na Festa do Culto ao Mito do Divino Espírito Santo em Pirenópolis, estado de Goiás, no ano de 1968 foi concluído em 1969, no Rio de Janeiro. O filme é de extrema importância para a memória da cultura popular brasileira e do estado do Goiás, pois é uma obra de arte sobre esta festa popular, e não apenas um registro documental, pois reflete seu caráter cultural. Hoje a festa é considerada Patrimônio Cultural do Brasil pelo IPHAN.
CINEMA DE ANIMAÇÃO NO BRASIL: UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA
O MENINO E O MUNDO – SP, 79min, Direção: Alê Abreu
Sofrendo com a falta do pai, um menino deixa sua aldeia e descobre um mundo fantástico dominado por máquinas-bichos e estranhos seres. Uma inusitada animação com várias técnicas artísticas que retrata as questões do mundo moderno através do olhar de uma criança.
Edifício Tatuapé Mahal – SP, 10 min, Direção: Fernanda Salloum, Carolina Markowicz
A história da vida de Javier Juarez Garcia, um boneco de maquete argentino que veio trabalhar nos stands de venda de apartamentos de São Paulo aproveitando o boom imobiliário da cidade. Depois de uma grande decepção, Juarez decide mudar de vida e seguir sem rumo pelo mundo. Mas ele não esquece do seu verdadeiro objetivo: voltar para São Paulo e resgatar sua honra.
Garoto Cósmico – SP, 76min, Direção: Alê Abreu
Três crianças, Cósmico, Luna e Maninho, vivem em um mundo futurista, no ano 2973, no qual as vidas são totalmente programadas. Eles fazem o que lhes é destinado: estudar, comer, dormir e estudar outra vez. Uma noite, eles se perdem no espaço e descobrem um universo infinito, esquecido em um pequeno circo.
Passo – SP, 4min, Direção: Alê Abreu
Um pássaro e sua gaiola.
Yansan – SP, 17min, Direção: Carlos Eduardo Nogueira
Yansan e Xangô vieram juntos ao mundo. Um pertence ao outro. Eles morrerão no mesmo dia.
Viagem na Chuva – GO, 13min, Direção: Wesley Rodrigues
A chuva assim como o circo, percorre um longo caminho até seu lugar de destino. Quando se vão, ficam as lembranças.
Vênus – Filó a fadinha lésbica – MG, 6min, Direção: Sávio Leite
Da espuma do mar, fecundada pelo sangue do céu, nasceu Vênus, deusa encantadora. No conto de fadas animado Filó, uma fadinha lésbica com dedos ágeis, seduz as mulheres de dia, vestido como menino. Mas à noite algo estranho acontece e logo metade da população da Vila do Troço está ansiosamente em fila.
Torre – SP, 18min, Direção: Nádia Mangolini
Quatro irmãos, filhos de Virgílio Gomes da Silva, o primeiro desaparecido político da ditadura militar brasileira, relatam suas infâncias durante o regime.
Respeitável Público – PR, 15min, Direção: Ingrid Wagner
Com ajuda da projeção de um filme, um governante inescrupuloso vende um paraíso tropical a um estrangeiro. Foge e nomeia Zé, um humilde morador do local, como o novo presidente da nação para receber o ilustre comprador que vem conferir sua aquisição. Zé é induzido a conduzir um país à deriva.
Quando os dias eram eternos – SP, 13min, Direção: Marcus Vinicius Vasconcelos
Filho retorna à casa para cuidar da mãe em seus últimos dias de vida.
Poética do barro – MG, 6min, Direção: Giuliana Danza
Sinopse: Bucólico, delicado e sensível, o curta-metragem Poética de Barro, animado em stop motion com argilas do Vale das Viúvas de Maridos Vivos (Jequitinhonha), baseado no trabalho de ceramistas mineiras e com trilha original composta por instrumentos de cerâmica, retrata a saga de uma pequena criatura, que precisa sobreviver às vicissitudes da vida. Se todas as barreiras serão transpostas, apenas assistindo para descobrir.
Perlimps – SP, 80min, Direção: Alê Abreu
A jornada de aventura e fantasia de Claé e Bruô, agente-secretos de reinos rivais. Eles precisam superar suas diferenças e unir forças para encontrar os Perlimps, criaturas misteriosas capazes de encontrar um caminho para a paz em tempos de guerra.
O Quebra Cabeça de Tarik – MG, 19min, Direção: Maria Leite
Em seu laboratório subterrâneo, o cientista Tarik se prepara para receber a peça fundamental do seu grande projeto de vida.
O Projeto do Meu Pai – ES, 6min, Direção: Rosaria
Eu tenho um amigo que diz que a gente precisa desenhar uma mesma coisa mil vezes, até ela ficar do jeito que a gente acha que é.
O Divino, Presente – SP, 6min, Direção: Fábio Yamaji
Sinopse: Documentário animado com ficção experimental sobre Ubiraci Crispim de Freitas, um brasileiro comum conhecido por Divino. Trata-se de um filme contado em palavras, cantado em repentes e legendado em desenho animado.
O Átomo Brincalhão – SP, 10min, Direção: Roberto Miller
Sinopse: Átomo brincalhão é um filme experimental abstrato, realizado sem o uso de câmera ou qualquer outro aparelho cinematográfico. Pintado e desenhado diretamente sobre película virgem de 35mm, com tintas plásticas e nanquim. Durante três anos Roberto Miller idealizou e aplicou os desenhos diretamente sobre os fotogramas, usando o sistema de seu mestre Norman McLaren.
*Cópia do Acervo Cinemateca Brasileira – gestão da SOCIEDADE AMIGOS DA CINEMATECA – SAC
O Anão Que virou Gigante – RJ, 10 min, Direção: Marão.
Sinopse: A improvável – todavia autêntica – história do anão que virou gigante.
Novela – RS, 8 min, Direção: Otto Guerra
Sinopse: O que acontece entre os intervalos comerciais no horário nobre de nossas emissoras de televisão? Quantas histórias são contadas e repetidas ano após ano? “Novela” é um segmento deste horário sagrado em que o país inteiro espera as cenas dos próximos capítulos.
Noturno – RJ, 4min, Direção: Aída Queiroz
Sinopse: Cavalos fantasmas correm pela escuridão da noite, durante um sonho. Um estudo sobre o movimento destes animais, explorando principalmente o ritmo e a beleza plástica de suas formas.
Moradores do 304 – MG, 15min, Direção: Catapreta
Sinopse: Um solitário escritor é atormentado por moradores de um velho apartamento.
Magnética – RS, 16min, Direção: Marco Arruda
Sinopse: Em uma cidade habitada por seres desenhados, um garoto indígena testemunha uma aparição holográfica. É a chegada de uma entidade de materialidade desconhecida. Com uma presença misteriosa e alegorias exóticas, ela passa a encantar os moradores, despertando os seus sentidos mais insanos.
Mademoiselle Cinema – RJ, 9min, Direção: Helena Lustosa
Sinopse: Curta de animação que discute a os clichês femininos no cinema inspirado na obra homônima de Benjamim Costallat com citações do ‘Limite’ de Mário Peixoto, dos desenhos de J.Carlos e do poema ‘Caramujo do Mar’ de Cecília Meirelles.
Macaco Feio… Macaco Bonito – RJ, 5min, Direção: Luis Seel e João Stamato
Sinopse: Macaco escapa de sua jaula em um jardim zoológico e apronta muitas confusões. Considerado um dos primeiros trabalhos do gênero de animação no Brasil. O curta animado brasileiro dirigido por Luis Seel e João Stamato, é a animação mais antiga do Brasil ainda preservada.
Luz, Anima, Ação – RJ, 98min, Direção: Eduardo Calvet
Sinopse: Quase centenária, a história da animação brasileira traz histórias e personagens tão ricos e estimulantes que sua influência extrapola a seara das artes e invade nosso cotidiano. “Luz, Anima, Ação” resgata a memória audiovisual brasileira voltada para a animação na TV, na publicidade e nos cinemas, revelando as principais personalidades que ajudaram a construir essa trajetória na teoria e na prática, além de relembrar marcos históricos e criações imortais de todas as épocas.
Linear – SP, 5min.
Sinopse: A linha é um ponto que saiu caminhando.
Direção: Amir Admoni
Guaxuma – PE, 14min.
Sinopse: Eu e a Tayra crescemos na praia de Guaxuma. A gente era inseparável. O sopro do mar me traz boas lembranças.
Direção: Nara Normande
Garoto transcodificado a partir de fosfeno – SP, 2 min.
Sinopse: Enclausurado em fosfeno, material documental bruto desvela seu eu digital, regredindo a sua infância abstrata, uma imagem-memória deslocada de sua dependência de referentes, afetada por sua vida interna. Um computador vê sem olhos, um algoritmo imagina.
Direção: Rodrigo Faustini
Frivolitá – RJ, 3min, Direção: Luis Seel
Sinopse: Frivolitá conta a história de uma mocinha coquete e modernista que, querendo dormir até mais tarde, tem de enfrentar o despertador, o gramofone e um bando de gatos acumpliciados com um recolhedor de objetos descartados.A cópia do curta esteve perdida por mais de 80 anos e foi restaurada em 2013. Frivolitá foi animado em técnica tradicional 2D, desenhado no papel e finalizado em acetato, filmado com truca, montado na moviola e finalizado em película.
*Cópia do Acervo Cinemateca Brasileira – gestão da SOCIEDADE AMIGOS DA CINEMATECA – SAC
Frankstein Punk – SP, 10min, Direção: Eliana Fonseca e Cao Hamburger
A história de Frank, uma criatura diferente, nascida ao som da música “Singin’ in The Rain”, que parte em busca da felicidade.
*Cópia do Acervo Cinemateca Brasileira – gestão da SOCIEDADE AMIGOS DA CINEMATECA – SAC
Fluxos – CE, 2min, Direção: Diego Akel
Sinopse: Um ensaio sobre os fluxos constantes da vida, um autorretrato do seu próprio processo, um improviso sobre Bach, uma investigação em massa de modelar.
El Macho – RJ, 10min, Direção: Ennio Torresan
Sinopse: El Macho, ícone de nossa cultura machista, contrata um detetive para espionar sua mulher, que o aguarda com uma surpresa.
Dilúvio – MG, 10 min, Direção: Magda Rezende
Sinopse: Uma breve história de um homem que durante uma tempestade assiste a um filme sobre uma passagem bíblica: o Dilúvio. O filme mistura ficção e realidade.
Dia Estrelado – PE, 17min, Direção: Nara Normande
Sinopse: Em um lugar inóspito, um menino e sua família lutam por sobrevivência.
Deus é Pai – RS, 4min, Direção: Allan Sieber
Sinopse: Deus e seu filho Jesus tentam resolver suas diferenças em uma sessão de terapia. Uma psicóloga descobrirá rápido que este não será um trabalho fácil…
Deu no Jornal – RJ/DF, 3min, Direção: Yanko Del Pino
Sinopse: Desenho animado para adultos que narra a saga de um solitário e suas fantasias. Traços de esferográfica no jornal velho desvendam as suas relações mais íntimas. Um filme gozado.
De Janela pro Cinema – RJ, 13min, Direção: Quiá Rodrigues
Sinopse: Uma misteriosa e sensual mulher se apronta para sair. Com quem? Quem será o felizardo? utilizando inúmeras citações a personagens e filmes, o curta presta uma homenagem ao cinema e seus mitos.
Cebolas são Azuis – RJ, 10min, Direção: Marão
Sinopse: Aldeia cujos habitantes exercem atividades manuais é invadida por um mago, que seqüestra todas as moças virgens e as transforma em cebolas azuis. Este, porém, é um mago tecnológico, que usa um controle remoto no lugar da varinha e não faz suas poções em um caldeirão, mas em um microondas.
Castelos de Vento – MG, 8min, Direção: Tania Anaya
Sinopse: Destruir casas e arrastar pessoas pode ser obra do vento, ou do amor.
Carne – SP, 12min, Direção: Camila Kater
Sinopse: Crua, mal passada, ao ponto, passada e bem passada. Através de relatos íntimos e pessoais, cinco mulheres compartilham suas experiências em relação ao corpo, da infância à terceira idade.
Bizarros Peixes das Fossas Abissais – RJ, 75 min, Direção: Marão
Sinopse: Uma mulher com esdrúxulos superpoderes, uma tartaruga com transtorno obsessivo-compulsivo e uma nuvem com incontinência pluviométrica em uma insólita jornada até as profundezas do oceano.
Balançando na gangorra – MG, 5min, Direção: Tania Anaya
Sinopse: Em definitivo, o amor é sempre sofreguidão. Narciso e seu amor não poderiam disso escapar. A noite é escura e os espelhos não têm mais inverso, nem direito.
Até a China – RJ, 15min, Direção: Marão
Sinopse: Fui pra China só com bagagem de mão. Na China os motociclistas usam casaco ao contrário e os restaurantes servem cabeças de peixe, lagostins e enguias. A funcionária do evento estuda cinema e gosta de filmes de Kung Fu. Comprei pés de galinha embalados a vácuo.
As Aventuras de Virgulino – RJ, 2min, Direção: Luiz Sá
Sinopse: Curta-metragem brasileira do caricaturista Luiz Sá, onde ele apresenta um personagem selvagem e perigoso que rapta a companheira do herói, o Virgulino, que persegue os dois enquanto tenta resgatá-la. Animação da década de trinta em preto e branco e sem som, que esteve perdida por quase oito décadas e foi descoberta e restaurada após quase oitenta anos.
Amassa que Elas Gostam – SP, 14min, Direção: Fernando Coster
Sinopse: Com medo de relacionamentos reais, Ana se apaixona por Valdisnei, um homem realmente diferente de todos os outros.
Almas em Chamas – SP, 11min, Direção: Arnaldo Galvão
Sinopse: Uma história de amor incendiária
Adeus – SP, 9min, Direção: Céu D’Ellia
Sinopse: O brilho de seus olhos engole-se nas trevas. As cinzas de seu corpo dissolvem-se no vento. Sua alma mergulha. Sempre. Adeus.Adeus é um filme pessoal, todo desenhado e pintado a mão. Comecei em 1981, então um jovem de 18 anos.Adeus é despedida. É entregar ao inexplicável. Entregar o que não conseguimos compreender, que nos assusta e brutaliza.Recebeu diversos prêmios. Em 2005, em Clermont Ferrand (França), foi escolhido como um dos 25 melhores curtas brasileiros de todos os tempos.
A Saga da Asa Branca – PE, 8min, Direção: Lula Gonzaga
Sinopse: Asa branca é um pássaro de arribação que voa do sertão quando percebe que a seca vai chegar. O filme é um “semidocumentário” em desenho animado, que retrata o pássaro e o sertanejo com sua mulher, Bernardino e Rosa, partindo da sua terra com a chegada da estiagem.
PLANO NACIONAL DE CINEMA NA ESCOLA: COMUNICAÇÃO, CULTURA E EDUCAÇÃO
Por Adriana Fresquet e Clarisse Alvarenga
Curadoras da Temática Educação
A Comunicação, a Cultura e a Educação são atravessadas pela questão do tempo. Há alguns anos, era muito demorado viajar de um país a outro sem carros nem aviões. Mandar uma mensagem para alguém na maior parte do século XX demorava dias ou até meses. Na virada para o século XXI começou a se tornar acessível uma forma de comunicação mais ágil, precisa, quase instantânea, como a que usamos hoje. Mas, curiosamente, algumas atividades, fortemente entranhadas na vida, continuam demandando o mesmo tempo desde que habitamos o planeta. Um bebê precisa ainda, mais ou menos 9 meses para nascer, cerca de um mês para segurar sua cabeça, seis meses para se sentar sozinho, ao redor de um ano para andar e quase dois para falar com frases… O contraste entre o que o aceleracionismo empurra a uma velocidade cada vez maior e o que não se pode acelerar é a melhor analogia para iniciar uma reflexão sobre a importância do cinema habitar as escolas em tempos de Educação Digital. Muitos dados acessíveis de forma instantânea ampliam o acesso a uma informação precisa e ágil, mas o tempo da educação é outro, é o tempo mesmo da vida. No tempo em que criamos redes de comunicação é preciso entender a diferença do tempo de criar laços.
A tecnologia digital permite a produção e a preservação de arquivos audiovisuais desde a esfera pessoal até uma dimensão política. O contato com esses materiais pode promover reflexões e elaborações acerca da experiência individual e social, colocar em questão formas de pensar e modificar nossa relação com a vida. No campo da Educação, a emergência das tecnologias digitais possibilita ampliar e diversificar as experiências pedagógicas, sonhar com escolas cada vez mais engajadas na produção coletiva e sensível de conhecimentos, articulando as experiências passadas com as possibilidades de invenção e comunicação atuais. Trata-se de um desafio histórico sem precedentes.
No entanto, é evidente que o que é condição de possibilidade também pode se tornar motivo de vigilância, ansiedade, esgotamento, isolamento, apatia narcísica, esvaziamento do desejo de comunidade, docilização e conformidade com a ordem estabelecida, obediência inconsciente e inúmeras formas de compulsões que aparecem cada vez em idades mais tempranas. Por isso, o progresso acelerado não pode ignorar a necessidade de desacelerar e de conter o avanço na destruição do planeta. A conectividade precisa prever tempos e espaços para a desconexão, o digital não pode ser o palimpsesto do analógico, quando pensamos na educação escolar e na vida. A multiplicação de redes precisa prever e respeitar modos de habitar a escola encontrando tempos para criar laços. O encontro presencial é constitutivo do ato educativo. Nada pode substituir a relação interpessoal em qualquer tipo de pedagogia, até mesmo na experiência da educação digital. O individualismo resulta do excesso do capital. A escola precisa ser algo que espelhe sua etimologia: um espaço público e um tempo livre do mercado, das obrigações familiares, religiosas ou de qualquer outro tipo. Um tempo para aprender. Uma possibilidade de desvio às determinações do nascimento, como queria Hanna Arendt.
O digital nos desafia para incorporar novas atividades e ampliar o acesso a acervos virtuais de diferentes tipos sem perder de vista a presença e o estar juntos. Como o conteúdo digital mais presente na internet é audiovisual, hoje reconfiguramos o velho problema do cinema na escola. Desde que o cinematógrafo foi inventado ele já habitava algumas escolas. No Brasil, o cinematógrafo chega na Escola Normal de Maranhão em 1896! Ou seja, o cinema sempre esteve na escola, o problema sempre foi de escala, de política pública. Uma política pública que efetivamente chegue a todas as escolas do país, incluindo recursos, condições, formação docente, acervos, curadorias e pedagogias. Uma política que reconheça e se articule com as políticas já em andamento, que priorize a ética e o cuidado. O cuidado das pessoas envolvidas nas relações pedagógicas, mas também o cuidado com o ambiente, com a temática e qualidade dos conteúdos, com gestos de resistência e reexistência diante da manipulação inescrupulosa e voraz do mercado. A produção pedagógica e cultural de conteúdos digitais aumenta de forma exponencial, evapora, e logo se instala em nuvens que precisam de espaço público para permanecer acessíveis e que, mais de uma vez, acaba habitando espaços de grandes corporações que, com as legislações ainda em vias de regulamentação se apropriam, usam, monetizam os materiais que disponibilizamos cotidianamente. Em alguns casos por ingenuidade, em outros por falta de opção.
Em 2014, quando foi promulgada a Lei Federal 13.006, que determina a exibição de 2 horas de cinema brasileiro por mês nas escolas da educação básica, como carga curricular complementar, foi criado o grupo de trabalho Cinema-Escola com o objetivo de subsidiar a implementação da lei, elaborando metas a curto, médio e longo prazo para sua efetiva aplicação. Quando o GT Cinema-Escola, composto por sete representantes da sociedade civil, membros do Ministério da Cultura e da Educação, entregou a Proposta de Regulamentação da lei 13006/14 ao Conselho Nacional de Educação, em maio de 2016, o conselheiro a considerou mais do que uma proposta, um verdadeiro Plano Nacional de Cinema na Escola. No entanto, pouco avançamos desde então. Acreditamos que com a criação da Política Nacional da Educação Digital (Lei Federal 14.533 de 2023) e da proposição da Estratégia Nacional Escolas Conectadas, em setembro de 2023, faz-se urgente retomar a ideia do Plano Nacional de Cinema na Escola, atualizando com ampla consulta pública remota a proposta de regulamentação da lei 13006/14, e depois debater presencialmente os documentos durante a 19a CineOP. Esta iniciativa se propõe a contribuir sistematizando leituras, reflexões e propostas e entregar um documento ao poder público, de modo a colaborar com a implementação de políticas de acesso ao cinema, aos arquivos, à memória e à democracia.
É por isso que o Encontro da Educação deste ano, além de contar com duas Masterclass Internacionais, duas sessões de filmes, quatro sessões de projetos audiovisuais educativos, debates e reuniões de trabalho da Rede Latino-Americana de Educação, Cinema e Audiovisual, irá se organizar em torno de GTs cujo objetivo será elaborar diretrizes e recomendações para a criação de políticas públicas que venham subsidiar o contato de educadores e também de crianças, da educação infantil ao ensino fundamental, e jovens do ensino médio, com as imagens e os sons de forma a garantir a qualidade social dessa experiência.
Conforme apresentado, os Grupos de Trabalho serão os seguintes:
GT Formação docente: A grande maioria dos professores e professoras que atuam nas escolas da educação básica não tiveram acesso a uma formação de nível superior em que o cinema, o audiovisual e nem tão pouco a cultura e as relações étnico-raciais estiveram presentes. Essa lacuna, que ainda é uma realidade no currículo da educação superior, precisa ser discutida. Uma das maneiras de solucionar essa situação é a formação continuada de educadores. Enfim, é preciso compreender as maneiras como o acesso dos educadores e das educadoras a essas experiências pode ser garantido, pois ele é fundamental para que o cinema esteja presente na escola.
GT Infraestrutura e equipamentos: Quais são as condições materiais para que o cinema e o audiovisual se façam presentes nas escolas? Sabemos que há uma grande variedade de contextos escolares e queremos assegurar que, dentro dessa diversidade, o cinema e o audiovisual possam estar ao alcance de todas e todos. Como pensar a questão tecnológica em diálogo com questões culturais, com o meio ambiente e sem desconsiderar as práticas pedagógicas criadas por professores, professoras e estudantes?
GT Acervos e Curadorias – Uma das questões centrais para que o cinema e o audiovisual estejam disponíveis nas escolas da educação básica é a disponibilidade pública de acervos de filmes que possam ser exibidos. Esta é uma discussão que remonta aquilo que no contexto das discussões dos últimos 16 anos da Rede Kino chamamos de Acervo Audiovisual Escolar Livre. Quais as características conceituais e curatoriais que esse acervo deve ter no sentido de contemplar a diversidade, as questões raciais, de gênero e classe? Em que medida esse acervo pode ser aproximado de percursos pedagógicos nas escolas? Como fazer com que essas curadorias de filmes se tornem disponíveis para os educadores e as educadoras?
GT Pedagogias: Tão importante quanto a disponibilidade pública de acervos audiovisuais para que as comunidades escolares possam ter acesso ao cinema é a elaboração de metodologias, que envolvem desde a criação de cineclubes, que permitam ver juntos e debater as imagens, quanto processos de criação audiovisual que possibilitem que estudantes e professores se tornem criadores de conteúdos audiovisuais.
Toda a programação na Mostra Educação está disponível no formato online e a programação pode ser vista em: https://cineop.com.br/educacao/