Mostra Vertentes do Agora 2024

Tudo Sobre a Mostra Sessões Especiais do Vertentes

Mostra Sessoes Especiais do Vertentes

Tudo Sobre a Mostra Sessões Especiais do Vertentes

A seleção de filmes escolhida pelos curadores Clarissa Kuschnir e Fabricio Duque acontece de 01 a 10/09, com sessão extra no dia 11/09

Por Redação

Sim, quando Clarissa Kuschnir e Fabricio Duque resolveram inventar o projeto de exibir um curta-metragem brasileiro, todo dia, por vinte e quatro horas e totalmente de graça no Vertentes do Cinema, eles não tinham noção de toda a “aventura” envolvida nesse processo. Os dois precisaram vencer as limitações e lutar pelo cinema brasileiro, não só o fomentando, como principalmente lançando novos holofotes. Isso tudo culminou na urgente necessidade de se lançar uma plataforma de exibição única dentro do próprio site, a fim de possibilitar que filmes mais “proibidos” pudessem ser apresentados sem as restrições de “moral e bons costumes” do Youtube e do Vimeo. Assim, após 13 meses da Mostra Um Curta Por Dia, um mês de curtas premiados em festivais de cinema, e com quase 500 curtas diferentes exibidos, de clássicos à filmes inéditos, os curadores trazem agora a Mostra Sessões Especiais do Vertentes. São filmes que sempre desejaram assistir, mas que por alguma razão ficaram de fora da seleção da Mostra Um Curta Por Dia. 

A Mostra Sessões Especiais do Vertentes acontece de 01 a 10 de setembro, com uma data extra no dia 11/09. Cada filme terá exibição de um dia, durante 24 horas. A mostra também configura que chegamos ao nono mês do ano. E com ele, a primavera e o aniversário do Vertentes do Cinema. Sim já são 15 anos de muitas histórias cinéfilas para contar. Nosso site é o único site de cinema e de crítica que passa curtas-metragens. E como já falamos várias vezes, não é à toa que somos chamados de “Mubi dos curtas”. E no início deste mês tão especial, os curadores resolveram montar uma mostra com 10 filmes escolhidos por eles. 

A Mostra Sessões Especiais do Vertentes abre com a sessão especial de “Paisagens do Fim”, um vídeo-ensaio do crítico Carlos Alberto Mattos, do blog Carmattos. O filme é sobre o cinema e as ruínas de guerra de nossa História Atualização-aviso importante desta matéria: por problemas técnicos, a exibição de “Paisagens do Fim” será exibida na data extra de 11/09. Além dessa inclusão no cinema-metalinguagem, será exibido também “O Cinema é Minha Vida”, de Patricia Niedermeier, Cavi Borges e Rodrigo Fonseca, que aborda uma experiência-performance sobre vida e obra de François Truffaut; e o curta que veio do longa “João Por Inez”, de Bebeto Abrantes. Temos também na lista “Um Crime na Rua”, o primeiro curta de Olney São Paulo, realizado em 1955 (em exibição original aqui e ainda não remasterizado – uma rara oportunidade de conhecer o trabalho de estreia desse cineasta).

Das escolhas de Clarissa (que agora assume a primeira pessoa deste Tudo Sobre): “tenho aqui três filmes que de alguma forma fazem parte da minha trajetória profissional, seja como figurante, produtora executiva, assistente de produção ou estando nos agradecimentos. Ou seja, nós que fincamos o pé no cinema, tentamos fazer de tudo um pouco. Da lista dos dez filmes, seis foram escolhidos por mim. O primeiro da minha lista é “Reminiscências de Uma Viagem a Campos do Jordão”, onde meu colega de Cineclube Araucária, o talentoso jovem Mateus Brito, fez um belo resumo dos dias em que ele foi para o festival Curta Campos do Jordão como curador, em outubro de 2023. E nós que fazemos parte do Cineclube (que também organiza o evento), estamos em diversos momentos. O filme foi todo rodado em super 8, com narração do próprio Mateus.”

“O segundo curta é “Nem Todas As Manhãs são Iguais”, da cineasta paraibana Fabi Melo. Nesta linda e sensível obra, é contada a história de uma menina que vai visitar a casa de sua avó, após a perda da mesma. Lá, ela e o pai vão relembrando vários momentos, através de fotos e objetos da família. É um filme muito pessoal da realizadora que rodou e continua sendo exibido, e emocionando o público, em vários festivais.” 

“Já em “Este Cinema Tão Augusta”, o diretor Fábio Rogério retrata o que seria o último dia (por conta da especulação imobiliária) de projeção do anexo que na época se chamava Espaço Itaú de Cinema. Lembro do dia em que o Fábio me chamou para acompanhar as filmagens. Era uma quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023 (dei até uma entrevista para o Programa Metrópolis, da TV Cultura), e acabei ajudando na produção. Inclusive, tenho muitas lembranças do cinema no começo de carreira como jornalista, no começo dos anos 2000, lugar em que fui em várias cabines de imprensa e tomava deliciosos café da manhã. O filme foi feito, e para a nossa felicidade o cinema não fechou (“ainda”), graças ao Ministério Público. E agora ele é somente Espaço Augusta de Cinema. E eu descobri que virei assistente de produção do curta. E eu só tenho a agradecer ao Fábio, por isso. O filme estreou este ano, na 35ª edição do Kinoforum. E foi muito bom ver o resultado, na telona”. E agora, o filme será exibido na Mostra Sessões Especiais do Vertentes. 

Este Cinema Tao Augusta

“Minha quarta escolha, “O Pato”, é mais um curta paraibano. Dirigido por Antônio Galdino, o filme debruça-se em um importante tema, que é o da violência doméstica de uma mulher preta, vivendo em um ambiente rural e sem recursos. O curta é tão conciso, que não foi preciso muito para contar a história. Inclusive o roteiro redondíssimo (escrito por Fernando Domingos) levou o Kikito para casa, na 50ª edição do Festival de Gramado, em 2022. E detalhe: este é um trabalho de conclusão de curso do diretor que mora nos EUA e se graduou em cinema na Universidade de Utah.”

O quinto filme é “A Última Valsa”, também assinado por Fábio Rogério em parceria com Jean-Claude Bernadet, um dos grandes teóricos do nosso cinema. O curta faz parte do segundo filme de uma série feita pela dupla, em que Jean Claude atua e nos faz refletir de forma muito poética sobre o envelhecimento e a morte, o final inevitável da vida.”

“E o sexto filme é “A Sombra da Terra”, de Marcelo Domingues, que aqui na mostra será o último curta. Este é minha estreia como produtora executiva. É um projeto que filmamos em 2022, depois de ganharmos um edital do Proac, em 2021. Foi uma surpresa para mim ser convidada por Marcelo e uma experiência dentro do set. É um filme do interior Paulista (rodado em Votorantim) com a maioria da equipe de Sorocaba, protagonizado por Paulo Betti, e por Andréia Nhur, que me abriu portas para uma outra função no cinema. Foi uma experiência incrível e o resultado da talentosa equipe, vocês poderão ver aqui.”

PROGRAMAÇÃO COMPLETA DA MOSTRA SESSÕES ESPECIAIS DO VERTENTES

O Cinema e minha vida

DIA 01/09 – Início 09:00 – Assista por AQUI

PAISAGENS DO FIM 

(Paisagens do Fim, 2024, Brasil, 118 minutos, vídeo-ensaio, de Carlos Alberto Mattos)

Um estudo sobre filmes de ficção que utilizam locações recém-afetadas por catástrofes. Como as “ruínas do presente” são descortinadas pelas câmeras? Como os personagens se relacionam com esses espaços? Que relações simbólicas se estabelecem com os vestígios dos desastres? As “paisagens do fim” podem se referir a seus próprios momentos históricos ou serem agenciadas para outros significados puramente ficcionais.

Atualização-aviso importante desta matéria: por problemas técnicos, a exibição de “Paisagens do Fim” será exibida na data extra de 11/09.


DIA 02/09 – Início 09:00 – Assista por AQUI

UM CRIME NA RUA 

(Um Crime na Rua, 1955, Brasil, 6 minutos, ficção, de Olney São Paulo)

Um assassinato é cometido e dois detetives seguem a pista do crime a partir de um cigarro encontrado na cena do crime. Filme amador feito por um grupo de amigos se valendo das referências do cinema policial que costumavam assistir unido a alguns costumes folclóricos – como colocar uma moeda na boca do morto para pagar sua passagem na terra dos mortos, remontando à Grécia antiga. O primeiro filme do cineasta Olney São Paulo.


DIA 03/09 – Início 09:00 – Assista por AQUI

REMINICÊNCIAS DE UMA VIAGEM A CAMPOS DO JORDÃO

(Reminiscências de Uma Viagem a Campos do Jordão, 2023, Brasil, 3 minutos, documentário, de Mateus Brito). Após o convite para colaborar na curadoria e acompanhar o 9º Festival Curtas Campos do Jordão, surge o desejo de capturar lembranças de uma viagem memorável usando apenas um cartucho de Super 8.


DIA 04/09 – Início 09:00 – Assista por AQUI

NEM TODAS AS MANHÃS SÃO IGUAIS

(Nem Todas as Manhãs São Iguais, 2022, Brasil, 18 minutos, ficção de Fabi Melo) Com: Nanego Lira, Maria Alice Santos. Ana e o seu pai Luís retornam à casa da vovó. As lembranças, a dor e a saudade são vivenciadas e questionadas pela garota a partir da sua percepção sobre a vida e a morte.


DIA 05/09 – Início 09:00 – Assista por AQUI

ESTE CINEMA TÃO AUGUSTA

(Este Cinema Tão Augusta, 2024, Brasil, 15 minutos, documentário, de Fábio Rogério)

Um cinema de rua diante da especulação imobiliária.


DIA 06/09 – Início 09:00 – Assista por AQUI

O CINEMA É MINHA VIDA

(O Cinema é Minha Vida, 2021, Brasil,  60 minutos, experimental, de Patrícia Niedermeier, Cavi Borges, Rodrigo Fonseca).

O filme constrói um pseudônimo de François Truffaut para comemorar os 60 anos de realização do seu primeiro filme e trazer três tempos – camarim, entrevista e epifania – memórias, insights e seu profundo amor pela sétima arte e as mulheres que preenchem o palco, com suas pernas e formas femininas.


DIA 07/09 – Início 09:00 – Assista por AQUI

JOÃO POR INEZ

(João Por Inez, 2021, Brasil, 09 minutos, documentário, de Bebeto Abrantes)

Comemorando o centenário de João Cabral de Melo Neto esse novo curta metragem mostra imagens inéditas da intimidade do poeta com sua família.


DIA 08/09 – Início 09:00 – Assista por AQUI

O PATO

(O Pato, 2022, Brasil, 11 minutos, ficção, de Antônio Galdino). Com: Norma Goes e Ana Júlia Barbo. Cida, uma mulher marcada pelo abuso doméstico, decide encerrar esse ciclo de violência e ser um exemplo para sua filha, Fia. Ela descarrega suas energias no cuidado da casa e no preparo da refeição familiar: uma ave.


DIA 09/09 – Início 09:00 – Assista por AQUI

A ÚLTIMA VALSA

(A Última Valsa, 2024, Brasil, 6 minutos, documentário, de Fábio Rogério e Jean-Claude Bernardet) Com: Jean-Claude Bernardet e Helena Ignez. Um filme em preto e branco.


DIA 10/09 – Início 09:00 – Assista por AQUI

A SOMBRA DA TERRA

(A Sombra da Terra, 2023, Brasil, 20 minutos, ficção, de Marcelo Domingues). Com: Paulo Betti, Andréia Nuhr. Noite de chuvas e trovoadas. Uma pianista solitária dá abrigo a um misterioso andarilho que acredita carregar consigo uma espécie de maldição ligada à lua e às tragédias da humanidade. A narrativa coberta de mistérios aborda temas humanos como solidão, memória e compaixão, além de trazer uma visão peculiar sobre a lenda do lobisomem.


SESSÃO EXTRA

DIA 11/09 – Início 09:00 – Assista por AQUI

PAISAGENS DO FIM

(Paisagens do Fim, 2024, Brasil, 118 minutos, vídeo-ensaio, de Carlos Alberto Mattos)

Um estudo sobre filmes de ficção que utilizam locações recém-afetadas por catástrofes. Como as “ruínas do presente” são descortinadas pelas câmeras? Como os personagens se relacionam com esses espaços? Que relações simbólicas se estabelecem com os vestígios dos desastres? As “paisagens do fim” podem se referir a seus próprios momentos históricos ou serem agenciadas para outros significados puramente ficcionais.

OS CARDS DA MOSTRA UM CURTA POR DIA – MÊS 13

SOBRE A MOSTRA UM CURTA POR DIA

O site Vertentes do Cinema foi criado como um impulso para ser uma nova opinião crítica sobre a sétima arte, mas também, principalmente, para ser um espaço total de liberdade de ideias e questionamentos. Durante muito tempo, os veículos midiáticos “precisavam seguir padrões sociais de conduta” e assim vários “podavam” os textos de seus escritores. Alguns muitos, inclusive esta foi a razão primordial de seu fundador Fabricio Duque, tinham suas críticas e matérias totalmente alteradas e suspensas da publicação. 

De lá para cá, desde 2009, após quatorze anos, o Vertentes do Cinema adentrou em três dilemas: conservar totalmente a liberdade crítica; manter a linha editorial que sempre focou no cinema independente em detrimento do comercial; e “lutar” pelo Cinema Brasileiro, com foco, destaque, pensamento crítico, sempre pontuando elementos necessários e primordiais, para que assim pudesse servir como um estudo em processo e não de palavras definitivas. 

E assim, foi nessa época, logo no início, que o Vertentes do Cinema buscou direcionar o foco ao curta-metragem brasileiro, considerado o “primo pobre” do cinema nacional. Se o longa-metragem tem uma vida útil de dez anos; o curta-metragem possui apenas dois. Pensando nisso, o site reorganizou todo o espaço online para exibir esses filmes. O Vertentes do Cinema sempre gostou muito de curtas-metragens. Nunca viu um cinema menor, com menor importância. O que seria do cinema sem os Irmãos Lumière, George Méliès? 

Isso tudo estimulou a criação do projeto Mostra Um Curta Por Dia, com duração inicial de doze meses (mas que pela quantidade de filmes precisamos expandir o projeto para treze meses), e com a exibição de um curta-metragem por dia. Nos primeiros meses, os filmes eram exibidos por links do Youtube e Vimeo. Mas isso impedia a liberdade. A Mostra só podia passar os filmes aprovados pelo Youtube e pelo Vimeo. Aquele curta clássico brasileiro, que “infringia a moral e os bons costumes da época”, não podia ser exibido, o que desencadeou na necessidade de construir uma plataforma única, livre e exclusiva, logicamente seguindo toda a legislação de proteger o filme e o público, com as opções de classificação indicativa e de impedimento de que alguma obra possa ser copiada (contra a pirataria). 

Desde que começamos com a Mostra Um Curta Por Dia, foram 399 filmes dos mais diversos gêneros, regiões e gostos. Foram tantas histórias diversas com temas tão atuais e engajados como questões etárias, lgbtqiapn+, de negritude, sociais, políticas, de família (em construção e desconstrução), decolonialistas, temáticas, enfim, principalmente filmes que nunca tiveram espaço em outras telas. Ou seja, nossa curadoria abre um leque enorme para que os realizadores possam mostrar seus trabalhos, além dos circuitos dos festivais.

A Mostra Um Curta Por Dia nasceu de uma necessidade. De um impulso de nunca fazer um curta-metragem desaparecer, especialmente o do Cinema Brasileiro. Ao resgatar um filme e exibi-lo, o Vertentes do Cinema o acorda e acende sua diversidade, memória, invenção e modernidade, expandindo janelas de exibição e por um momento resolvendo a “cota de tela”. Teve curta que atingiu sozinho 40 mil visualizações em 24 horas. A equipe é reduzidíssima: apenas três pessoas. Clarissa Kuschnir que organiza a curadoria com Fabricio Duque, este que cumpre todas as função de receber os filmes, buscar as autorizações, colocá-los no formato da plataforma, para depois passar ao estagiário que os cadastra no site e faz as artes de divulgação. Sim, isso tudo sem edital, sem financiamento, sem apoio nenhum.

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