Diário do Festival de Toronto 2014

TiffDiário do Festival de Toronto 2014

Saiba tudo o que aconteceu dia a dia

Por Fabricio Duque


Toronto, Canadá, 07 de setembro de 2014

Análises “Torontoenses” Complementares

Toronto estrutura-se tendo como meio de transporte a bicicleta (mais popular – todo mundo usa) e os bondes (que cortam a cidade inteira). Há muitos carros de bombeiro e ambulâncias que “gritam” sirenes barulhentas como em um filme de Hollywood. O Vertentes do Cinema entendeu o motivo. É que simplesmente as pessoas desmaiam nas ruas. Do nada, andam e caem. Bizarro. Outro tópico sobre segurança é que com guardas de trânsito e policiais são praticamente invisíveis. Estão ali para ajudar, mas sem impor presença e ou autoridade. Eles são considerados amigos. Sorriem para os passantes e permanecem na fila (sem furar) do café Tim Hortons (o mais barato, o mais rápido, o mais puro e o mais orgânico – um copo de meio litro de café com creme e açúcar custa CAN 1,71). Sinceramente, não é muito bom, mas cafeína por cafeína…
O Vertentes do Cinema resolveu ficar na área mais “coloquial” da cidade no bairro Chinatown. Queen Street com Augusta Ave. Lugar da boemia, da comunidade residencial dos idosos e dos imigrantes (chineses, indianos, na maioria), de casas de subúrbio (com horta e sofá na entrada- não há muros, tampouco grades), dos tatuados e dos tatuadores (segunda maior cidade da tatuagem), dos barbudos (quase todos) e dos “locais”. Rua das casas de Jazz, de rock, de folk, dos teatros da Broadway canadense. Tudo acontece na Queen e na King Street. O Flat Extended Residence chama-se Studio 6, tem cozinha, geladeira, ar-condicionado, café reposto, banheira de hidromassagem e se localiza perto do parque Alexandra Park, uma “comunity housing”. Assim, acorda-se com esquilos brincando, correndo e “conversando com os outros”, com o cheiro da grama da manhã (principalmente quando chove – quase todo dia). Foi um achado, porque tem preço de um albergue econômico.
Uma das consequências de se estar somente pensando no TIFF (estrutura de horários, filmes e muitos afins), é que esquecemos que pessoas trabalham normalmente. Vivem uma vida normal e que não se preocupam apenas com o festival, mesmo acreditando que todos deveriam ter férias oficiais neste período. O clima é frio. Quente no sol, mas gelado na sombra, porque há correntes que chegam do mar. Assim como em Berlim, aqui é uma cidade em constante construção. Por toda parte. Uma sinfonia de ruídos, músicas ambientes (cada bar tem na entrada uma caixa de som que toca a trilha sonora típica – e é um ao lado do outro – misturam-se música country com pop com rock – etalelê!) e helicópteros. Não há buzinhas. Nenhuma. Também não há “sem tetos”. Também não há “barraquinhas” e vendedores ambulantes, visto que é extremamente proibido por lei municipal da Prefeitura de Toronto. Como já foi dito, a cidade que tem a rua mais longa do mundo, é muito Brooklyn. E muito Avenida Paulista. Porém, aqui não há sujeira nas ruas, tampouco aromas indesejados. Nenhum. Todos usam óculos de sol, comem na rua no tempo livre (comida processada e muitas frutas), e sempre com um típico café novaiorquino na mão. As pessoas são quietas, mas quando um papo flui, elas não param de falar. Definitivamente, o melhor lugar para conhecer tipos, histórias, manias, idiossincrasias, gostos, preferências, “ódios” e “dramas” é na Rush Line. The best place ever!

 

 



Toronto, Canadá, 07 de setembro de 2014

Desvendando o Festival de Cinema de Toronto

O TIFF – Toronto International Film Festival necessita do complemento Toronto, visto que o mesmo nome é usado no festival internacional de Tokyo, tanto que aqui se usa o (.net) e lá no Japão (.com). No lado canadense, encontramos uma “radical” organização técnica. Tanto que nem o produtor do filme pode ter convidados para exibição à imprensa. Não há jogo de cintura. Assim, nenhuma das sessões atrasa. Até porque, aqui, toda a mídia americana e canadense está com as credenciais no pescoço, correndo e sendo “blasé”, sem ser ofensiva. uma das características marcantes no comportamento das pessoas em Toronto é a educação não obrigatória (esta típica dos americanos “barulhentos e de fala alta” – principalmente se os observarmos na fila de espera dos filmes). O povo “torontoense” é decidido no que quer, sem mostrar impaciência, raiva e intolerância. São indivíduos comuns, parecidos com os brasileiros na aparência (barbudos e afins), que levam uma vida “easy-going”. Não há como não se apaixonar pelo inglês correto e pela gentileza deles em entender o sotaque estrangeiro, até porque a maioria não é do Canadá. Toronto é único (e particular), mesmo com a mistureba de arquitetura e estilos do Brooklyn com Soho com Lapa com São Paulo.
O TIFF canadense apresenta-se como uma Festival do Rio por trazer filmes exibidos e ou premiados em outros festivais. Naverdade são muitas mostras dentro de um grande festival (ao mesmo tempo). Temos a Gala e as novidades, temos as apresentações especiais, temos o Discovery, Mundo Contemporâneo, entre outras. Ufa! Chegamos a sentir um saudável (no início) surto insano devido uma obrigação de se escolher entre “peixes grandes”. O TIFF é considerado por ser um espaço a fim de mostrar os filmes que provavelmente serão indicados ao Oscar. Então, o marketing é pesado e a corrida é de “cachorro grande”. Percebemos a quantidade de mídia dos Estados Unidos, Canadá e Tóquio.
Sobre o clima. É verão. 25 graus. Garoas com sol e frio ocasional. Podemos comparar ao calor de São Paulo quando se caminha pela Avenida Paulista. Não há muitas opções turísticas. Na verdade, há sim. Mas a atenção total é destinada aos filmes. Lógico. O objetivo é esse.
Não há como não amar. Mesmo com a quantidade gigantesca de credenciais, que recebem preferência por causa de seus veículos midiáticos “instantâneos”, e também pelos estudantes de cinema que “ganham” este passaporte ilimitado. De fato, o imediatismo jornalístico (efêmero e líquido) “atrapalha” os “pequenos” (nosso Vertentes do Cinema, por exemplo, que “recebeu” vouchers para a Rush Line (que é uma fila de senhas para lugares que sobram nas sessões). Sempre dá. Sempre há espaço. É claro, que acontece de alguns serem impossíveis, como a primeira exibição do novo Michael Winterbottom, “The Face of an Angel”. Faz parte. Ou a do Abel Ferrara, “Pasolini”, que só tinha um lugar, mas pelo Vertentes do Cinema ter “perdido” o Michael, ficou na fila, foi o primeiro e conseguiu a senha. Ufa! Antes que um “iminente” querelante se desespere, algumas dicas importantes. O requerimento do próximo ano ao TIFF já permite um “upgrade” na hierarquia. Talvez não total. Mas sim, uma “respirada”. Outra é que há uma segunda sessão menos concorrida. É só tentar e gerar a consequência de se perder alguns outros títulos no mesmo horário (que por sinal são inúmeros “muitos”). Perde-se de um lado, mas outra porta se abre. Exemplo da sessão mega concorrida do Xavier Dolán como ator em “Elephant Song”. Logicamente que “The Judge” barra qualquer outra, até porque estamos falando do “Homem de Ferro” Robert Downer Jr. Na “pior” das hipóteses, pode-se recorrer a mais extrema: comprar o ticket por 25 dólares e vinte e cinco centavos por filme. Caro? Sim. Vale a pena? Lógico. Tudo por causa da projeção excepcional, espetacular e de qualidade “marcianamente” superior as do Brasil. Engraçado que aqui, bem mais próximo dos Estados Unidos, não há “política de segurança”. Não se revista como no Berlinale, tampouco detectores de metais como em Cannes.
Um parêntese quanto às cabines de imprensa. Os jornalistas não “param quietos”. Andam, saem, correm, voltam, comem, correm, saem, voltam. Chega a ser chato. Porém não falam e não atendem o celular.
Concluindo. Um festival é para se deixar levar, aceitando as modificações do caminho. Vocês sabem daqueles agradáveis acasos que a vida nos proporciona? Pois é. São filmes fantásticos, que caem do céu no intervalo entre uma fila e outra. Como dizia a música “o acaso vai me proteger”, livrar-me das escolhas dos “ruins” e fazer com que se perceba os sinais da Rush Line. Amém!


 

 

 

Rio de Janeiro, 26 de agosto de 2014

Entendendo o Festival de Toronto

 
Não é fácil a vida de um cinéfilo e muito menos a do Vertentes do Cinema. A necessidade “compulsiva” de querer assistir a todos os filmes gera uma ansiedade sem controle, extrapolando o campo “físico”. Já foi dito aqui que é uma experiência “viciante” e que se um filme não chega de forma “veloz” em nossos olhos, então precisamos “correr” aos prévios “santuários”, traduzidos em festivais internacionais de cinema. Outro detalhe esquizofrênico é despertado. Como assistir trezentos filmes em apenas duas semanas? Não dá. Geneticamente impossível. Então, novas doses de ansiedade, frustração, dores de estômago e malabarismos dos horários das exibições. Como atenuar esta “loucura”? Sensibilidade, perspicácia e grande dose de subjetivismo. Torna-se impossível também estar em todos os lugares e todos os festivais durante um ano (parecendo que “pipocam” desenfreadamente).
Nosso site tem a humilde pretensão de conhecer os “santuários” internacionais. A cada ano, respeitando uma lógica pragmática (até porque vivemos com nossos próprios recursos, ainda), escolhemos festivais que prezam pela excelência, ineditismo e ou conteúdo narrativo. Em 2014, “tentamos” dar um passo à frente. Além do Berlinale – Festival de Cinema de Berlim, o VERTENTES DO CINEMA cobrirá, in loco, o TIFF – Toronto Internacional Film Festival, de 04 a 14 de setembro de 2014. Poderíamos ter escolhido novamente o Festival de Cannes, ou os inéditos Festival de Locarno e ou Festival de Veneza. Por que o TIFF então?
O Festival Internacional de Cinema de Toronto  é um festival de cinema que ocorre todo mês de setembro na cidade de Toronto, no Canadá desde 1976. O Festival começa oficialmente na quinta-feira após o dia canadense do Trabalhador  e segue durante mais dez dias. É considerado um dos festivais mais importantes da indústria cinematográfica mundial, ao lado do Festival de Cannes, Festival de Veneza e Festival de Berlim.
A Preparação
Todo “caminho” ao TIFF inicia-se pelo SITE oficial do festival. Lá, o jornalista cadastra-se, respondendo ao questionário e enviando os documentos necessários, cuja lista é encontrada devidamente explicada no espaço. Basicamente o mesmo processo dos outros festivais (exceção para Berlinale – pois há taxa de cadastramento). A outra etapa é solicitar o visto canadense (informações no SITE – aconselha-se solicitar também o Visa americano). Com isso, a compra das passagens (mais barato no CVC Viagens) e a e reserva do hotel (quanto antes melhor – além de mais próximo e mais em conta nos valores). Utilizamos a opção do aplicativo-site HOTELS COMBINED.
Escolhendo os Filmes
É imprescindível “passear a fundo” nos outros festivais internacionais, conferindo melhores críticas, burburinhos, vencedores e inúmeros outros quesitos. O TIFF funciona como um “mix” de filmes exibidos anteriormente e possibilidade de pré-estreia ao Oscar. São muitos filmes em um curto período de tempo. Por isso, o Vertentes do Cinema utiliza-se do bom senso e do “acaso para se proteger” das escolhas “derrapadas”.  Dúvida cruel: o óbvio “certeiro” ou a chance ao “desconhecido”?
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