Mostra Um Curta Por Dia 2025

Tempo de Derruba

Derrubada cinematográfica

Por Ciro Araujo

Durante o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro 2021

Tempo de Derruba

Em meio a pandemia, cenas deploráveis viraram uma constância no ambiente brasileiro. Logo cerca do Palácio do Planalto, jaziam construções erguidas por gente, sem terra e completamente inversas à situação elitista da capital. “Tempo de Derruba”, de Gabriela Barreto Daldegan narra, de perto, as consequências e achismos de quem estava e continua ali, na tal “invasão”. O Supremo Tribunal Judicial, na época, autorizou o governador Ibaneis realizar a ação.

Em um contexto de produção fílmica, chega a ser esquisito a escolha da cineasta. Pois bem, existe um conceito muito estranho que vem permeando por aí que se é a adjetivação de “cinematográfico”. Que palavra mais esquisita! “Tempo de Derruba” protagoniza uma achatação da tela para o mais comum em lugares como Hollywood, na proporção 2,35:1. O que é uma simples escolha, vira uma questão linguística muito importante no decorrer do filme. Ao continuar suas filmagens, de forma quase heróica, transforma uma narrativa muito mais formada no desamparo para a dor industrial. Talvez uma falta de maturidade na questão de sua própria forma? A entrega da duração de meia hora também parece um pecado vindo da montagem, muito mais por conta da seleção de entrevistas e transições serem gastas ou em frases de efeito ou em chamarizes. É um mal que padece de muitos filmes que procuram retratar algo tão desolado.

A incompreensão demonstrada no curta-metragem, contudo, não afasta de qualquer forma de seus personagens, que montam muito um interessante mosaico. Afinal, o microfone dado é uma oportunidade da fala chegar. E bem, chega, ainda assim. Apesar do buraco deixado pela estranha conexão com a palavra “cinematográfico” e uma derruba tão macabra da Escolinha do Cerrado, Gabriela sabe sim perceber uma vez que seus personagens terão a sensibilidade. É ótimo saber que ao menos as crianças ainda estão à salvo da imoralidade humana, que sentem pelo menos alguma esperança para seus futuros.

2 Nota do Crítico 5 1

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