Mostra LC Barreto de Curtas 2024

Senna

Um humano como qualquer outro

Por Fabricio Duque

Senna

“Senna”, de Asif Kapadia, apresenta-se a um público especifico, objetivando o resgate emocional da comoção nacional que aconteceu a época de sua morte. Não estou dizendo com isso que há segmentação, mas que aborda, apenas, a vida de um ídolo brasileiro que viveu dentro deste esporte direcionado. Eu não acompanho, e tampouco entendo, a Formula 1, mas sei da importância que Ayrton Senna proporcionou ao cenário mundial. Com ele, os olhares dos outros países se voltaram ao Brasil, que vivia em extrema pobreza e sem perspectivas. O blog direciona o seu leitor à experiência cinematografia (incluindo a sinestesia das cenas apresentadas). Ayrton Senna nasceu em São Paulo, 21 de março de 1960, falecendo em Bolonha, 1 de maio de 1994. Foi três vezes campeão mundial, nos anos de 1988, 1990 e 1991 e vice-campeão no controverso campeonato de 1989 e em 1993. O documentário retrata a sua vida, com arquivos pessoais, partes jornalísticas, entrevistas e depoimentos de amigos, repórteres e profissionais da área. “Ele lutava para correr do jeito dele, do jeito certo. E pagou caro pelo embate (com a alta cúpula deste esporte)”, disse a irmã Viviane Senna. Com o apoio do Instituto Ayrton Senna, da grande produtora Working Title, da distribuidora Paramount e patrocinado pelo Grupo Bradesco Seguros e pela Embratel, o filme entra em circuito com 120 cópias. Havia mais de cinco mil horas de imagens.

“O segredo foi saber cortar”, disse o roteirista Manish Pandey. A narrativa escolhida segue ora o lado existencial de Ayrton, ora a agilidade típica da velocidade das corridas (como a camera dentro do carro, interagindo emoções e arrepios). Mas não há correria. Cria-se o contraste da rapidez com a narração suavizada do próprio piloto em questão e dos outros depoentes. Respeita-se a ordem cronológica, começando em 1978, quando Senna chega à Europa. O longa expõe não só a determinação pela vitória do paulista, com sua musiquinha característica, da Rede Globo, tendo Galvão Bueno e Reginaldo Leme como quase anfitriões; nem também os percalços de seus caminhos e suas lutas para que a Formula 1 fosse mais segura; nem os amores com Xuxa e Adriane Galisteu; nem a amizade balançada com o francês Alain Prost; nem a diversão com família. O que mostra além do que acabei de descrever é a simplicidade e a paixão por correr. “Corrida de verdade, sem dinheiro envolvido”, diz sobre não vivenciar a pressão, e “a tonelada de pesos nos seus ombros”, de se superar e obter troféu (e o banho de champanhe). “Formula 1 é politica, é dinheiro. Você se sai bem, ou esquece. Tornar os números cada vez maiores”, diz-se. “Um gênio na chuva”, sobre a facilidade de Senna vencer com a pista molhada. O espectador é direcionado às informações sobre a vida do piloto, que viveu em um meio privilegiado, que falava a língua inglesa fluentemente, que era perspicaz e sagaz com os jornalistas, que desejava a paz pela dedicação que empregava, que acreditava em Deus incondicionalmente, que aprendia com os erros, mas não gostava de comete-los. “Ele é humilde e engrandece nosso Brasil”, diz-se. Senna era ser humano como todo outro. Tinha medo, vencia perigos reais da morte e de se machucar.

“Os pilotos tem os seus limites”, dizia. Percebemos que a entrega pela vitória era tamanho que ao fim de uma corrida, ele ganhou e desmaiou, pelos espasmos musculares excessivos de emoção. “A única coisa que o Brasil em de bom”, o povo dizia. “Dedicação, determinação e competência” era o seu lema. O documentário não aborda outras polêmicas, como um suposto filho perdido e ou a disputa em quais das duas famosas que ele ficou seria realmente a principal. É um filme morno, que relembra o ídolo que Ayrton Senna foi e que criou o bordão “Acelera Ayrton”. “Nunca tinha ido a uma corrida. E foi assim que cheguei. No início do processo, me senti como um forasteiro. O que considero empolgante é a jornada, aprender sobre o tema através de pesquisa e entrevistas, vendo o material de forma nova.”, disse o diretor do longa. Inicialmente, a trama seria ficcional, estrelado por Antônio Banderas, porém a família Senna não concordou. Resumindo “Senna” é um filme de imagens, colagens que recriam a sensação nostálgica das vitórias do piloto. Muitos não viam as corridas, como eu, mas se emocionavam pelo vitória, pelo música e pelo orgulho de morar em um país com o ídolo que foi eleito, em dezembro de 2009, por seus próprios pares, o melhor piloto de Fórmula-1 de todos os tempos. A eleição foi organizada pela revista inglesa Autosport que consultou 217 pilotos que passaram pela categoria. Concluindo, é um documentário que merece ser visto por aqueles que gostam e por aqueles que não acompanham este esporte. Mesmo com os seus momentos repetitivos, a figura de Senna segura o roteiro.

4 Nota do Crítico 5 1

Conteúdo Adicional

Pix Vertentes do Cinema

Deixe uma resposta