Panteras
A maturidade e seus caminhos
Por Vitor Velloso
Durante o Olhar de Cinema 2020
Mais uma obra que compõe o Programa de Curtas-Metragens do Olhar de Cinema 2020, “Panteras” de Erika Sanchez é a obra de ficção mais consciente de si, pois elabora suas ideias através de uma linguagem que, como suas protagonistas, se vê em processo de descobrir-se. Não à toa, as relações aqui são dúbias, sem entregar à exposição clássica o filme vai costurando suas particularidades através de nuances na estrutura narrativa da obra. Ao mesmo tempo que parece ir descobrindo sua forma no processo. Esse processo uníssono de tatear a equidistância, possui uma variação no ritmo que acaba prejudicando em alguns momentos, mas consegue transmitir de maneira honesta às reverberações que a diretora propõe à discussão social.
E é por esta razão, que “Panteras” não patina em seu almejo, pois constrói de maneira sólida essa estrutura que formaliza um debate a partir de sua imagem, sem recorrer aos dogmas da esquematização industrial, ainda que esteja constantemente cedendo ao lado B desse mercado.
A questão é que a maturidade na direção que Erika Sanchez demonstra, dá conta de não perder o foco de sua narrativa, mesmo se permitindo à digressões que relacionam a intimidade com essa dialética presente na montagem, não enquanto imagem, mas articulando os movimentos da história e da concepção de uma simplicidade na ambientação, sem ser inócua. É um filme que permanece algum tempo após a exibição.