Mostra Um Curta Por Dia 2025

Ocupagem

Entre reescritas e complementos

Por Ciro Araujo

Durante o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro 2021

Ocupagem

Em virtude de um texto trabalhado no ritmo prosaico, “Ocupagem”, de Joel Pizzini, decide readaptar a obra original (“A Ocupação”) de Julián Fuks para algo sintético na própria imagem. O livro, enquanto uma repescagem do personagem-narrador que assume-se como um alter-ego, permite uma entrevista que conta com a característica textual como estimulante. É impossível não olhar para ambas as produções e realizar comparações, afinal, uma é em decorrência da outra. 

Nota-se que não existe a negação do próprio original do escritor, que o cineasta prefere condicionar a um nova forma imagética. Para isso, rimas visuais são formadas, cortes rápidos que giram através da contemplação – ou nem que sejam, absolutamente, formas de contemplar – e o construir de um autor. O narrador admite-se como uma espécie de falso, agora olhando-se como fora de sua própria casca. Julián Fuks ri de Sebastián (seu personagem-narrador) e permanece revisitando conversas que teve previamente. 

Revisitar, portanto, começa a ser o lema principal de “Ocupagem”, que já faz uma pequena reescrita do livro de Fuks. Muito se diz sobre o velho debate de como adaptar uma mídia para outra. É impossível, o ato, sem perda de ruído. Porém, podem se servir, mutualmente, como em uma relação ecológica. Pizzini permite a voz ser uma protagonista em si, permitindo ecoar – de uma forma inclusive bem forte e volumosa – o que é tão raro de se permitir. O silêncio que normalmente acompanha inclusive em um livro (ignora-se a imaginação), não existe aqui. É muito interessante e engraçado esse neologismo; O que é cinemático? O que não é cinema? Então traduz-se através de inquietações e resquícios que inclusive a própria figura do autor acompanha e é curiosa para. No mínimo, o conceito de “imagem ocupada” que propõe o curta-metragem é exatamente o seu foco, o seu “quadrado”, um limite. É ali que vive a conversa principal, em como uma reescrita não tem em sua função a de adaptar e sim de coexistir.  

3 Nota do Crítico 5 1

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