O Sal da Vida
Sódio e um calor no peito
Por Vitor Velloso
Durante o Cine Ceará 2020
“O Sal da Vida” dirigido por Danilo Carvalho é uma obra pessoal que busca nas relações internas, uma construção para as ligações possíveis em seu objeto interno. A filha aparece como personagem central e de ligação possível para um momento onde o cinema nacional está à distância e as memórias parecem se acumular diante de uma catástrofe advinda de um descaso do Governo Federal. O curta-metragem não poupa os sentimentos do espectador para relacionar a obra em si com as subjetividades do realizador. E neste caso, não o faz a partir de um movimento reacionário como em diversas outras obras exibidas no Cine Ceará, pois constrói os laços a partir de uma estrutura que finda sentido em si mesma.
Por essa razão “O Sal da Vida” soa muito mais honesto que parte de seus companheiro em busca de um prêmio no festival, mas não se destaca em um retrato imediato da linguagem e do que vêm sendo formulado ao longo da atual edição. Porém, acredito que o filme possuam alguma sobrevida em outros locais de exibição. Ao menos existe aqui uma paixão genuína à ser compartilhada com outras pessoas, não uma pretensão inócua dessa recorrência consensual.
O curta me fez lembrar Paquetá e a saudade pelas pequenas grandes coisas e os prazeres de um momento onde não nos enclausurávamos diante da tela do computador.