Curta Paranagua 2024

O Mártir

A pintura e os mortos

Por Vitor Velloso

Durante o Olhar de Cinema 2020

O Mártir

As relações de memória, tempo, espaço e encenação são fundidas aqui como unidade estética em “O Mártir” de Fernando Pomares. Está claro que este início do texto é uma breve ironia com parte da crítica cinematográfica brasileira que se vê compelida a seguir os padrões de um senhor conservador. Mas nunca disse ser equivocado, apenas alienante. 

Quando o filme estabiliza sua estrutura narrativa, passa a compreender as verves dessas relações temporais enquanto uma condução que não se preza ao didatismo conservador de outras obras. Assim “O Mártir” se reorganiza para que possamos compreender que as bases narrativas que unem cada um de seus tempos, estão permeadas por um eixo dramático que não se permite perder. A violência e a morte, caminham como forças complementares e virais nesse universo onde a compaixão se tornou memória e os afetos são interrompidos em imagem e montagem. Não há parâmetros para os fins possíveis em um mundo onde as arestas são mantidas como forças sociais. 

Ao passo que a narrativa se torna complexa e passa a coexistir espaços e tempos em texturas diferentes e os entrelaçamentos se dão em tom à parte da matéria, mas compreendida por esta em um plano Histórico e social, parte do público pode perder forças com o curta, porém, o exercício é uma grande demonstração de solidez na capacidade de articular essas diferentes relações em um só projeto, pois sua forma assimila o rigor do plano, com essa montagem de detalhes e afetos que é construída na costura das cenas. E finalizando com o fetiche à violência típico dos europeus, o filme consegue selar os destinos desse monumento fálico. 

Aqui a política não é pano de fundo, é ação e linguagem como um reconhecimento crítico do caráter estoico eurocêntrico como motor dessa violência tortuosa aos imigrantes. E a linguagem se apega aos afetos desse recorte temporal.

4 Nota do Crítico 5 1

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