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MIB 4: Homens de Preto – Internacional | Crítica

Ciência e diversão

Por Fabricio Duque

Uma premissa bem executada pode viralizar a divulgação de toda e qualquer obra cinematográfica. Hollywood sabe disso muito bem e imprime suas fórmulas a fim de potencializar a melhor imersão do público em suas sagas. Após, três continuações “Homens de Preto” (1997), “Homens de Preto II” (2002) e “Homens de Preto 3” (2012), todos dirigidos por Barry Sonnenfeld, agora, em 2019, chega aos cinemas “MIB: Homens de Preto – Internacional”, que busca importar a estrutura nostálgica do cult do final dos anos noventa com elementos-condutores modernizados a um mundo de hoje mais ávido pelo resgate do passado. Sim, mas nesta época o mundo não havia mudado tanto.

A nova versão quer se aproximar com graça, picardia e alívio cômico de icônicos filmes de espionagem, como “007″ e “Kingsman”, inserindo o novo politicamente correto da boa convivência social: o empoderamento da mulher (“motivada e fica bem de preto”), que representa aqui a força, a coragem, a inteligência e a perspicácia versus a astúcia instintiva do “macho alfa tão gostoso”, entre “pousos clandestinos” e zoação-homenagem a “Thor” e o “martelo”.

“MIB: Homens de Preto – Internacional”, com produção da Amblin Entertainment, de Steven Spielberg, cineasta que provavelmente deve ter encontrado um alienígena na infância, devido seu fascínio pelo tema, pauta-se pela ação entretenimento dos urgentes efeitos especiais (seus técnicos carregaram na mão) e pelo humor espirituoso e carismático de seus atores, que percorrem geografias internacionais para salvar o mundo. “O universo só nos leva onde devemos estar”, diz-se. Este é o retrato de uma nova era, de prevalência das diferenças sociais e da possibilidade real e imediata de “Women in Black – Mulheres de Preto”.

Sim, o filme é ao mesmo tempo um auto Bullying e um enaltecimento patriótico de americanos sendo americanos quando dizem que “odeiam Paris”. A Torre Eiffel, um dos pontos turísticos mais famosos da França, ambienta o “Buraco da Minhoca”, lugar que serve de túnel a pontos distantes do espaço e ou outros universos. O mesmo cenário com ideia muito semelhante já foi utilizado no filme “Tomorrowland – Um Lugar Onde Nada é Impossível” (2015), de Brad Bird.

“MIB: Homens de Preto – Internacional”, o quarto longa-metragem, sete anos depois do último, é dirigido F. Gary Gray (de “Velozes e Furiosos 8”, “O Vingador”, “A Negociação”, “Uma Saída de Mestre”), e conduz o público a uma ficção científica de realismo fantástico, pelos detalhes, como a leitura do livro “Uma Breve História do Tempo”, escrito por Stephen Hawking. Tudo para nos embalar na transposição personificada de extra-terrestres, criaturas estranhas, à moda de “Mad Max” e “Blade Runner”. E ou a “Gremlins”, por causa do “tarantiano fofo” e colorido a la “Trolls”. Sim, referência cinematográfica é o que não falta.

A narrativa segue sua fórmula protocolar quando se utiliza da liberdade poética para quebrar a lógica do tempo e do espaço (mundos secretos e paralelos); quando adentra na estrutura elipse do processo de recrutamento e suas experimentações de roupas; quando humaniza o lado “fanfarrão vagamente inepto e arrogante” do Agente H (interpretado com flerte “mitocondrial” pelo ator “vingador” Chris Hemsworth); quando potencializa a atitude lutadora da Agente M (a atriz Tessa Thompson, de “Creed II”, “Thor: Ragnarok”); quando apresenta quadros-homenagem aos atores dos filmes anteriores Will Smith e Tommy Lee Jones; e principalmente quando “escala” Sérgio Malandro (“MIB – Malandro in Black”), uma iniciativa internacional em que alguns países foram selecionados para incluir participações de celebridades locais em sua versão do filme.

“MIB: Homens de Preto – Internacional” acerta na dupla de seus atores, que lembram “As Bem Armadas”, de Paul Feig; e ou “Uma Quase Dupla”, de Marcus Baldini, pela improbabilidade profissional, mas não se consegue manter pelas recorrentes facilitações das reviravoltas de seu roteiro, nivelado na zona de conforto do palatável. É aventura e entretenimento.

“Ciência e diversão” por acasos que mudam o curso e geram mais cúmplices zoações. “O amor é só uma reação química do universo” de “criaturas burras e belas” que acreditam que “pressão não é construtiva”. Todos vivem além de seus limites suportados. É um filme que busca a “voltagem certa”. Que corrobora a quebra do drama e da ação com um cômico e constrangedor comentário, o famoso alívio cômico, muito usado pelo universo Marvel e que agora parece não ter mais drama (ou quando tem é potencialmente sensível). Este é uma obra de muitos questionamentos e levantamentos de bandeiras sociais, buscando ressignificar, readaptar e recolocar novos pontos de vista sobre comportamentos humanos, terráqueos e alienígenas.

2 Nota do Crítico 5 1

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Pix Vertentes do Cinema

  • A título de curiosidade, os personagens do filme eram ingleses (Agente H e High T)… Na verdade, ao dizerem odiar Paris é mais provavelmente uma referência à histórica rixa entre ingleses e franceses do que um enaltecimento nacionalista

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