Direção: Robert Rodriguez, Ethan Maniquis
Roteiro: Robert Rodriguez e Álvaro Rodríguez
Elenco: Danny Trejo, Michelle Rodriguez, Jessica Alba, Robert De Niro, Lindsay Lohan
Fotografia: Jimmy Lindsey
Música: John Debney
Direção De Arte: Christopher Stull
Edição: Rebecca Rodriguez
Produção: Robert Rodriguez, Quentin Tarantino, John Debney, Rick Schwartz, Aaron Kaufman, Iliana Nikolic e Elizabeth Avellan
Estúdio: Twentieth Century Fox Film Corporation | Overnight Films
Distribuidora: Twentieth Century Fox Film Corporation
Duração: 107 Minutos
País: Estados Unidos
Ano: 2010
COTAÇÃO: MUITO BOM
Robert Rodriguez possui uma filmografia não equilibrada em gêneros. Aborda estilos desde trash ultraviolentos e viscerais, como é o caso de “El Mariachi” (o seu primeiro), “Um drink no inferno”, “Planeta Terror” e o seu mais recente “Machete”. Embrenhou-se em “Os Pequenos espiões”, “As Aventuras de Sharkboy e Lavagirl” e “A balada do pistoleiro”, com Antonio Banderas, gêneros comerciais. Entender o seu cinema, é conhecer o estilo definidor que o diretor utiliza: o pastiche, que é uma recorrência a um gênero. Pode ser visto como uma espécie de colagem ou montagem, tornando-se uma paródia em série. Assim, misturam-se gêneros dentro de um mesmo gênero, classificando o filme como o ecletismo do deboche e da ironia. Esta mixórdia alude ao cinema dos anos 70-80, com bandidos (Steven Seagal e Roberto De Niro) e mocinhos (Danny Tejo, que não são tão politicamente corretos), com exagero dos filmes de ação. Cabeças e braços são cortados com um facão extremamente afiado. E quem precisa morrer, sobrevive a tiros e a explosões. Depois de enfrentar Torrez, um famoso chefe do tráfico, o ex-agente federal mexicano Machete Cortez escapa para o Texas, procurando esquecer o passado. Mas lá, aceita a missão de matar o senador corrupto McLaughlin.
Traído pela organização que o contratou, Machete percebe que o plano era culpar os imigrantes mexicanos ilegais pela tentativa de assassinato e com isso ganhar apoio público para o senador. Ajudado por Luz, uma sensual cozinheira de tacos, e pelo padre local, Machete parte para a vingança. Adaptado do falso trailer criado para o lançamento de Grindhouse em 2007. O filme não se leva a sério, em hora nenhuma, é uma grande piada que trata de um dos principais problemas dos Estados Unidos: a imigração ilegal de mexicanos. O inicio do filme explica-se propositalmente, com chuviscos que lembram uma película envelhecida de um longa B. “Se não formos nós, quem será?”, diz-se com a frase de efeito, olha-se para o lado e a ação começa. Chega a ser epifânico de tão violento. O objetivo é transpassar uma atmosfera de um projeto de baixo custo. “Ela estava grávida”, desespera-se. “Se nascesse aqui seria um cidadão americano”, rebate e complementa-se “Vigilância, se não o Texas virará México de novo”. A polêmica exacerba-se na figura de um candidato político que tem como plataforma de governo impedir que imigrantes entrem no país. Não contarei o final, mas a última cena é uma das mais clichês, esperada e necessária, o que a torna excelente. É um faroeste da nova época.
O foco argumentado é a política fronteiriça e os seus impedimentos, tendo a máxima da justiça pelas próprias mãos. O outro lado, também político, busca o sucesso monetário, porém com ideias contrarias. “Acabar com a imigração é se ferrar, já que se trabalha com ilegalidade e baixo custo”, diz-se. É o maniqueísmo paradoxal. Um impede a entrada, mas por outro lado, quem consegue entrar cobra mais barato a realização de tarefas domésticas. Há a Lindsay Lohan viciada e ninfomaníaca. Há cenas impossíveis de se acreditar, com mentiras graficamente exageradas, em escrachos visíveis. Entre lendas e mitos, tenta-se conservar a tradição nostálgica que se perde a cada dia. “Deus tem piedade, eu não”, diz um padre antes de se defender. Os personagens comportam-se como tipos caricatos de uma época atual (pela referencia ao celular), contudo dentro de um contexto atemporal. Os elementos aumentam o surrealismo das cenas. Em determinados momentos são patéticas, desejando se apresentar assim, como exemplo, temos saltos de sapato sendo usados como armas fatais. São tantas referências, tanta miscelânea, que é difícil perceber todas. Concluindo, é fantástico. Extremamente competente. Todo o “suposto” erro, e excesso, são friamente calculados, gerando um filme divertido e engraçado, e mesmo assim crítico político, sem ser chato e ou didático. Muito bom. Recomendo.
Robert Rodriguez nasceu em 20 de junho de 1968, nos EUA. Seu primeiro longa, O Mariachi (1992) ganhou o Prêmio de Público no Festival de Sundance. Três anos depois, realizou a continuação deste, A Balada do Pistoleiro. Entre seus demais filmes, estão Sin City (2005), Grande Prêmio Técnico no Festival de Cannes, e Planeta Terror (2007), parte do projeto Grindhouse, em parceria com Quentin Tarantino. Ethan Maniquis trabalha como editor, tendo integrado diversas vezes a equipe de Robert Rodriguez. Em A Balada do Pistoleiro e Um Drink no Inferno (1996) foi assistente de montagem, em Sin City montador assistente, e, em Planeta Terror, montador.
1 Comentário para "Machete"
Assisti no FestRio e me diverti loucamente. O cult trash do ano!