Direção: Nicolas Vanier
Roteiro: Nicolas Vanier, Ariane Fert
Elenco: Nicolas Brioudes, Pom Klementieff, Min Man Ma, Vantha Talisman, Bernard Wong, Gurgon Kyap, Kaveil Kem
Fotografia: Laurent Charbonnier, Thierry Machado, Gérard Simon
Música: Krishna Levy
Figurino: Adélaïde Gosselin
Edição: Serge Bourdeillettes
Produção: Jean-Pierre Bailly
Distribuidora: Pathé (França) / PlayArte (Brasil)
Duração: 102 minutos
País: França
Ano: 2009
COTAÇÃO: BOM
“Loup – Uma Amizade Para Sempre” aborda a vida de Sergueï (Nicolas Brioudes), um rapaz do povo Évène, povo nômade criador de rena que vive nas montanhas da Sibéria Oriental. Quando ele completa 16 anos, é nomeado Guardião do grande rebanho de renas do clã de Batagaï. Ainda menino, Sergueï aprendeu a caçar e a matar lobos sem dor. Até o dia em que o encontro com uma loba e seus “adoráveis” filhotes altera todas as suas certezas. Um dos problemas que esses criadores encontram é a presença de lobos, que destroçam as renas pelo instinto de serem o que são: animais. Por consequência, os outros os matam sem piedade, a fim de proteger o rebanho. Uma iminente “amizade” pode ser considerada traição e atrasada à consciência deste povo, que utiliza o espírito da natureza para que a sobrevivência aconteça. O filme assemelha-se a um documentário por utilizar inúmeras paisagens de vida cotidiana natural, com muitos travellings (tomadas aéreas) e uma narração explicativa. “Pare de sonhar”, diz-se logo no início, mitigando a possibilidade de algum sonho – fora do meio o qual o protagonista vive – tornar-se concreto.
Os presentes dados aos integrantes (rifles) e as ações que exemplificam a história contada giram em torno do propósito maior, que é perpetuar a tradição familiar e nômade. A rena é usada como transporte e como moeda. Sergueï segue o seu caminho sozinho, forma típica de educação pessoal. A natureza é o cenário recorrente. Por isso, o longa-metragem foi o vencedor do Grande Prêmio da Terra em 2009 no Festival de Cinema de Tóquio. Realmente, as imagens impactam pela grandiosidade, exuberância e imponência. As situações são comuns ao dia-a-dia deste povo, como a perda momentânea do rebanho e o tempo mais lento devido ao processo de observar as renas. As preocupações são quase mínimas. Os lobos e o casamento. Em determinado momento, o personagem principal encontra uma loba e seus filhotes. Com paciência e calma, aos poucos, aproxima deles, criando afinidade. Até porque o roteiro do filme ajuda. Fornece sensibilidade aos animais, os humanizando e retirando o lado feroz e sem compaixão. Sergueï expressa um jeito bobo aos pequeninos. Na verdade, o riso do protagonista é um misto de ingenuidade e sorriso forçado. Essa combinação poderia soar falsa, mas neste caso não prejudica em nada o desenrolar da trama.
O filme é uma aventura a toda família, mesmo com a liberdade sexual pura (que é mostrada, mas sem a conotação sexual propriamente dita). São pessoas locais, vivendo uma vida tradicional (nos moldes deles) e seguindo a trajetória que lhes foi designada. “Eles são lobos. Eu queria mudar as coisas”, diz-se. A mensagem expressada revela que não é possível modificar por completo o que cada um é. Os lobos vivem por instinto, não possuem o lado racional do maniqueísmo. A eterna briga entre o bem e o mal destina-se ao ser humano, que se comporta como individuo social, sendo produto do meio em que experimenta a vivência. Os animais podem ser “domesticados”. Isso leva tempo. O contexto pode prejudicar ou ajudar. No final, o espectador percebe que há mudança nos dois lados, principalmente quando se permite conhecer o lado adverso do julgamento antecipado. Concluindo, um filme aos adultos e às crianças, que conduz por meio da natureza. É um longa-metragem longo demais, tornando-se cansativo e repetitivo em suas ações. Um bom filme, principalmente pelas magnificas imagens, mas que se perde quando estende o que deveria ser enxugado. Exibido no Festival Varilux de Cinema Francês 2011.
Nicolas Vanier nasceu no dia 05 de maio de 1962, Senegal. Incansável explorador do Ártico desde o início dos anos 80, ele percorreu a Lapônia a pé, atravessou a península de Quebec e Labrador em trenó puxado por cães e foi de canoa atrás do maior rebanho de renas do mundo… De suas viagens, ele traz livros, reportagens fotográficas e filmes. Sua expedição à Sibéria em 1990-1991 foi a origem de seu primeiro longa-metragem, “Au nord de l’hiver” (1993). Digno herdeiro de Jack London, ele sabe nos levar aos confins da tempestade branca. Seu filme de 2004 “O último caçador” (Le dernier Trappeur) é sobre um caçador Yukon.