Insolação
Somos todos solitários e vazios
Por Fabricio Duque
Durante o Festival do Rio 2009
A definição de insolação tanto pode ser uma exposição ao sol como meio terapêutico ou resultado mórbido da mesma exposição. É nessa forma, entre estágios, que o filme “Insolação”, de Felipe Hirsch e Daniela Thomas, nos conduz. Tudo aqui é distante. Os planos são retratados de longe e pelo geral, mostrando pequenos pontos andantes que são as pessoas. Minúsculas dentro da dimensão da tela. Há uma estranheza latente. Pode ser entendido porque o ser humano é estranho até para si. A câmera espera e é não convencional, conduzida pelos devaneios dos personagens que pensam ideias contrárias de uma mesma coisa. Nada faz sentido.
Aqui, cada um possui o seu próprio deserto. Os diálogos são perdidos. Não se ouve, apenas a verborragia da palavra. Ações e perguntas repetitivas sem prestar atenção a respostas. Uma solidão resignada. A interação interpessoal é superficial, exacerbando o lado introspectivo. O desespero está lá, mas calou-se. Onde está o sentido? Em muitos momentos o roteiro se perde. É longo, às vezes chato e pretensioso. Os diálogos de “Insolação” não passam credibilidade em muitos momentos. Porém, a estética e a inovação conseguem segurar a história. Mesmo assim não faz sentido. Mas tentamos entender qual o objetivo proposto, já que todos nós somos solitários e vazios.
Daniela disse: “Eu detesto estar aqui, por isso fico atrás das coxias. E acrescento: Confie no mistério”.
Felipe disse: “Eu poderia estar fazendo dez peças. Fiz pensando no cinema do meu país. Em especial a Domingo de Oliveira, hoje é o seu aniversário, vamos bater palmas, e a Paulo José”.