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Hotel Atlântico

Tecendo hipóteses

Por Fabricio Duque

Durante o Festival do Rio 2009

Hotel Atlântico

“Abra o coração” foi a primeira coisa que a ator Julio Andrade disse a mim minutos antes de assistir ao filme “Hotel Atlântico”, de Suzana Amaral. “Cinema não se faz sozinho”, disse a diretora para uma plateia lotada no cinema Odeon, no Rio de Janeiro, durante o Festival do Rio 2009. O filme começa com a música conduzindo o caminho. A câmera é impaciente e espera algo. Devaneios de um ator desocupado acostumado com a intimidade das pessoas num quarto de hotel sujo e marginal. A espera continua. Por algo que não se sabe, fazendo do seguir um épico de autoconhecimento e necessidade. De enxergar o outro, não estereotipando, mas sim o humanizando. Permitindo que as características pessoais de cada um sejam preservadas e não julgadas.

O roteiro de “Hotel Atlântico” é natural, com diálogos que não parecem encenados. É realista. A jornada de cada um conhecendo personagens da própria vida. Certo momento diz-se: “Se tem vontade, tem o caminho”. A trajetória passa por tipos de gente. Depressivos, chatos, autoritários, calados, loucos, religiosos, prestativos. A sincronia entre os atores e o texto existe. E a poesia também. Simples e detalhista. Assim vamos vivenciando vidas como um road movie com conteúdo. As pessoas encontradas perdem-se pelo tempo como momentos em hotéis pelas águas do mar que vêm e vão. “Hotel Atlântico” tece quadro a quadro de forma artesanal as idiossincrasias, os anseios e as limitações do ser humano. Posso dizer que o meu coração está aberto. Atento aos pequenos detalhes que tudo e todos exalam. A imaginação acontece, brincando de hipóteses, mas vivenciar o próprio viver é outra história.

4 Nota do Crítico 5 1

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