A Hora e A Vez de Augusto Matraga

“A Hora e a Vez de Vinicius Coimbra”

A opinião (por Fabricio Duque)

“A Hora e A Vez de Augusto Matraga”, título quase homônimo, se não fosse pela inclusão do artigo ‘a’ antes de vez, do livro do escritor Guimarães Rosa, que escrevia a pureza cruel, captando a essência do ser humano, o definindo, intrinsecamente, mas não o julgando de forma caricata. Adaptar uma obra desta é muita responsabilidade tanto ao roteirista, ator e ao diretor. O cineasta estreante em um longa-metragem, Vinicius Coimbra (que foi assistente de direção em Central do Brasil e A Hora Mágica), resolveu assumir os riscos. Escalou João Miguel, extremamente fantástico, (de “Estômago”), um dos maiores atores do cinema nacional da atualidade, que aceitou carregar o peso de ser o protagonista (com complexidade elevada), e assim conduzir o filme quase todo nas próprias costas. O roteiro tenta aproximar-se o mais fielmente ao literário, jogando com duas conseqüências: sair do realismo ou experimentar a história baseando-se apenas. Vinicius escolheu a primeira, inserindo informações demasiadas, provavelmente pela necessidade da abordagem contextual. Por isso, o longa-metragem adquire uma ingenuidade narrativa, não crível, retratando, em tom novelesco, o Mise-en-scène. Podemos observar instantes em ritmos diferenciados, mitigando o equilíbrio da linearidade. O filme conta a história de Augusto Matraga, fazendeiro falido e violento que vive acima da lei no sertão de Minas Gerais. Em dificuldades ele cai numa emboscada que quase o leva à morte. Renascido, Matraga volta-se para a fé e o trabalho árduo em busca de redenção. Anos depois, chega à vila o rei do sertão, Joãozinho Bem-Bem, e seu bando de jagunços. Esta nova amizade atravessará seu destino. Dentro de Matraga, o santo e o guerreiro vão duelar até que sua hora e sua vez cheguem. Concluindo, um longa-metragem com mais altos (como a fotografia incrível de Lula Carvalho) do que baixos, mas que distancia, constantemente, o espectador da trama apresentada. Ainda no elenco, Vanessa Gerbelli, José Wilker e Chico Anísio, entre outros.

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