Direto do Festival de Cannes
13 de maio de 2016
A revista THE HOLLYWOOD REPORTER, na edição diária de 13 de maio de 2016, fez um grande entrevista com o mestre Woody Allen, que já é praticamente carteirinha carimbada no Festival de Cannes. Este ano foi a vez de apresentar e abrir oficialmente (fora de competição) seu décimo segundo filme, “Café Society”, na mostra francesa. Woody, com seus oitenta anos completados, disse que evita a imprensa (e “auto-preocupação”) de seu próprio país e continuou: “Se você foca na mortalidade, a casa sempre vence”.
“Eu penso que me envolvi mais artisticamente. Quando comecei a fazer filmes eu estava interessado em fazer graça (nas brincadeiras). Ao longo dos anos, tornei-me mais ambicioso e quis fazer obras mais profundas”
Sobre “Café Society”, que propositalmente optou pela estrutura de uma novela (com sua narração explicativa) o diretor tinha filmado com Bruce Willis, mas por causa da peça “Misery” na Broadway, houve a necessidade de substituí-lo pelo Steve Carell (nosso site abre um parênteses para dizer que nosso querido Woody Allen deveria ter esperado pela primeira escolha – visto que a interpretação do novo ator destoa quase de forma desengonçada, muito caricato, o equilíbrio do resultado final – fecha parênteses).
“Eu não odeio Los Angeles. É um mito. É que não gosto de sol e também não gosto de depender de carro para me movimentar. Eu gosto de Nova York porque estou no meio de tudo, do barulho, do tráfego, dos dias cinzentos e da neve. Eu não gosto de dirigir”
“Eu nunca gostei muito de ler. Não sou um leitor. Eu leio histórias em quadrinhos desde que eu tenho dezoito anos. Eu prefiro ir a um jogo de basquete e ou de baseball e ou ao cinema e ou ouvir músicas (Cole Porter). Só lia mesmo para sobreviver as décadas. E leio o New York Times por hábito. E eu nunca, nunca, nunca leio nada sobre mim na mídia, nem as críticas de meus filmes e até mesmo não lerei nem esta entrevista”
“Recentemente assisti a um filme islandês “Rams – A Ovelha Negra” (que ganhou o prêmio Un Certain Regard de 2015), mas eu não assisto a muitos filmes americanos. Quando eu crescia, tinha doze filmes para assistir por semana. Agora, a indústria se deu conta que pode ganhar mais dinheiro fazendo maiores Blockbuster”
Foi perguntado se ele viu algum filme de super heróis. Woody responde secamente “Não”. “E nunca assisto um filme mais de uma vez”
“Não apagaria de minha filmografia “A Rosa Púrpura do Cairo”, “Mach Point”, “Maridos e Esposas”, provavelmente “Zelig” e “Meia-noite em Paris”, o resto pode apagar tudo; e “Annie Hall” e “Manhattan” eu não me lembro mais”
“Não tenho computador. Tenho celular limitado. Nem mesmo email de ninguém. Não assisto series porque não tenho incentivo. Prefiro sair com meus amigos para jantar. Não estou mais interessado em nada. Mas sou fã da Hillary Clinton”
“Minha ideia de religião é a mesma. Eu sinto que é uma fantasia agradável às pessoas tentar lidar com a dor da realidade de suas existências”
TOP FIVE DE WOODY ALLEN
E para finalizar, Woody Allen escolhe seu Top Five de todos os tempos:
“RASHOMON” (de Akira Kurosawa, 1950) é o topo da lista;
“CIDADÃO KANE” (de Orson Welles, 1941);
“A GRANDE ILUSÃO”, (de Jean Renoir, 1937);
“O SÉTIMO SELO”, (de Ingmar Bergman, 1957), cujo filme “Interiores” é uma explícita homenagem; e
“O LADRÃO DA BICICLETA”, (de Vittorio De Sica, 1948). “O supra sumo dos filmes italianos e um dos maiores filmes do mundo. Um retrato pobre da fome-poster em Roma”.