Direção: Tom Ford
Roteiro: Tom Ford, David Scearce, baseados em obra de Christopher Isherwood
Elenco: Colin Firth, Julianne Moore, Matthew Goode, Ginnifer Goodwin, Nicholas Hoult, Paulette Lamori
Fotografia: Eduard Grau
Trilha Sonora: Abel Korzeniowski
Direção de arte:Ian Phillips
Figurino:Arianne Phillips
Edição:Joan Sobel
Efeitos especiais:Engine Room
Produção: Tom Ford, Andrew Milano, Robert Salerno, Chris Weitz
Distribuidora: Paris Filmes
Estúdio: Artina Films, Depth of Field, Fade to Black Productions
Duração: 101 minutos
País: EUA
Ano: 2009
COTAÇÃO: BOM
A opinião
O diretor e estilista Tom Ford ambienta simetria e elegância na forma de filmar. As imagens são claras, limpas, clean, blasé, com uma nostalgia moderna. As poucas cores induzem a referência com o seu trabalho nas passarelas de desfiles de moda. Ele estreia experimentando sombras e nuances de técnicas e interpretações. O estilo explicita-se, com suas histórias interligadas de recordações com realidade. Utiliza-se a metáfora dos detalhes para exteriorizar os sentimentos dos personagens.
“Acordar realmente é doer”, inicia-se. A narrativa detalhista e inglesa expressa a aflição apresentada. O sentimento em questão é a dor de perder alguém querido, que faz com que a paixão nunca seja esquecida. Com ações perfeitas e manias únicas de repetições, o personagem é aprofundado sutilmente e sem excessos. A mensagem que se infere é o recomeçar. Dia após dia. Como um programa de desintoxicação sentimental.
A música de Shigeru Umebayashi, que já fez trilhas para os filmes de Wong-Kar Wai, especificamente “In the mood for love”, acrescenta o tom sôfrego de tango clássico moderno. O contraste do antigo e do novo explicita defesas e organizações do futuro do personagem em questão.
Baseado no livro homônimo de Christopher Isherwood, que foi a base para a adaptação do roteiro talhado por Ford, aborda a história de George (Colin Firth), um professor de Inglês que, após a morte súbita de seu parceiro Jim (Matthew Goode), tenta manter sua rotina em Los Angeles, a amizade com Charley (Julianne Moore) e lidar com a curiosidade de alunos como Kenny (Nicholas Hoult).
As analogias da minoria, da casa de vidro, da mescalina, da farda da marinha, do bar SS Victoria, da trajetória que faz indo de encontro a todos em uma multidão tratam de uma homossexualidade comum e aceita em uma atmosfera retrô. “Quando a minoria é invisível, o medo é maior”, divaga-se sobre o medo, os seus porquês e consequências. O olho de um foto em uma parede observa, como uma foto antiga, atentamente o proibido e o ‘dito’ não normal. Há também a sensualidade explícita de corpos suados com o surrealismo de não se prestar atenção ao discurso abordado. “A poluição deixa o céu assim”, diz-se. Os detalhes, do olhar de cor verde, relembram e aumentam os batimentos cardíacos, mostrando o desespero concreto do interno. “Namorado é igual ônibus, é só esperar um pouquinho que vem outro”, em um dos momentos divertidos do filme.
Os flashbacks explicativos, quase uma linguagem de videoclipes, rápidos e objetivos, das lembranças do passado fazem com que a fotografia mude de estágios e transforme-se em a visão fútil da solidão, mais preocupada com a imagem que o conteúdo em si. A camera lenta trabalha o tempo de aceitação e percepção subjetiva de George. “As criaturas mais burras são as mais felizes”, diz-se.
Quando um aluno mais novo interessa-se pelo professor mais velho, podemos observar como os olhos de quem ensina transferem um novo significado. Fica óbvio a referência a ‘Morte em Veneza’, de Luccino Visconti e ao livro de Thomas Mann.
Julianne Moore está ela mesma. O diretor usa e abusa dos seus detalhes com músicas francesas. É remetido aos momentos de diversões passados, necessitando-se resgatá-los com “Storm wheather”, de Etta James, com o gim, resoluções de ano novo e com a carência exacerbada de cuidados e carinhos, com direito a risadas sinceras e sem limites. “O silêncio abafa os barulhos e eu sinto”, diz-se. O tema velhice está explícito. “Como pode ser seguro na sua idade”, o professor pergunta a seu companheiro mais novo.
Há a estranheza em alguns momentos, demonstrando o próprio cotidiano. O planejar a morte, com perfeição e organização, com balas de revolver a dois dólares e vinte e nove centavos. Acrescenta-se ao querer a ópera perfeita, o travesseiro perfeito e a posição perfeita. As lembranças postergam esse momento. A objetividade do futuro que pode ser mudada pela transferência ao próximo ‘passageiro’. “Viver no passado é o meu futuro”, Charley diz. “O passado não me interessa, o presente quero que acabe e o futuro é a morte”, explica-se a percepção tendenciosa das coisas.
O existencialismo dos diálogos se comporta de forma realista. Sem clichês óbvios. “Fiquei mais bobo”, retrata uma liberdade de ser e de agir. “Sou inglês, gosto de ficar frio e molhado”, percebe-se que o novo pode ser vivido, mas a inevitabilidade do querer passado conduz o futuro do presente.
Foi indicado ao Oscar 2010 de Melhor Ator (Colin Firth). Venceu Melhor Ator (Colin Firth), Queer Lion (Tom Ford) e foi indicado ao Leão de Ouro no Festival de Veneza em 2009.Vencedor do Bafta de Melhor Ator (Firth) e indicado a Figurino (Arianne Phillips) em 2009. Indicado ao Globo de Ouro 2010 de Melhor Ator (Firth), Trilha (Abel Korzeniowski) e Atriz Coadjuvante (Julianne Moore).
É um filme bom, esteticamente interessante, com boas sacadas do roteiro, mas é comum, bobo em alguns momentos com o amadorismo latente deste gênero e com a ingenuidade da falta de experiência. A interpretação de Colin Firth é espetacular, por ela vale muito a pena ser visto.
“A moda é muito efêmera. Os filmes são permanentes, mais até do que as pirâmides. Um filme é um projeto de design mais completo, porque você precisa criar um mundo, os personagens, quem morre e quem vive. E esta é a coisa mais pessoal que já fiz e a mais artística”, disse o diretor na coletiva de imprensa que apresentou o longa.
Thomas Carlyle “Tom” Ford (nascido em 27 de agosto de 1962 em Austin, Texas) é um dos mais famosos designers de moda americano.
Ford é bem-conhecido na indústria da moda por sua revitalização da Gucci, que hoje é uma das marcas mais influentes do mundo. Namora, há mais de duas décadas, o jornalista Richard Buckley, ex-editor da revista Vogue.
Tom Ford nasceu no Texas, Estados Unidos, gosta de lidar com cifras, tem certa rusticidade e é um dos mais respeitados personagens do mundo da moda de hoje em dia.
Ford começou sua carreira profissional como ator de comerciais, mas acabou desistindo dela quando uma das exigências para um novo trabalho era raspar a cabeça. Passou a estudar, na Parsons School of Design, de Nova York, descobrindo, assim, a moda. Nessa mesma época, ele conheceu Richard Buckley, editor da revista Vogue Hommes, com quem vive desde então.
Em 1990, Tom Ford foi chamado a Milão por Dawn Mello, uma especialista em moda contratada pela grife Gucci, nos anos 80, para fazer frente a uma concorrência cada vez mais acirrada que a marca enfrentava, perdendo aos poucos o posto de referência mundial para artigos de couro.
Sob o comando de Dawn Mello, a Gucci foi resgatando seus antigos sucessos.
Durante cinco anos, Tom Ford apenas trabalhou nos bastidores da empresa, adaptando-se ao seu estilo. Em 1995, ganhou o prêmio do Council of Fashion Designers of America, ao mesmo tempo em que aparecia para o mundo da moda como o grande revitalizador da Gucci, quando o herdeiro da casa, Maurizio Gucci, foi assassinado e a família se afastou dos negócios, que ficaram nas mãos de um grupo árabe.
Atualmente, Tom Ford é o grande senhor da marca. Com formação em desenvolvimento de produto e técnicas de marketing, Ford está perfeitamente dentro das exigências modernas de faturamento.
Em poucos anos, Ford transformou-se de estilista iniciante em empresário de sucesso. Associado ao italiano Domenico De Sole, Ford fez da decadente Gucci um negócio bilionário. Os dois enfrentaram, e venceram, o francês Bernard Arnault, dono do grupo LVMH, e juntos compraram, em 1999, a Maison Yves Saint Laurent. Com a definitiva saída de cena de Yves Saint Laurent, em 2002, Tom Ford tornou-se o comandante chefe absoluto da legendária marca – aumentando em mais o número de narizes torcidos dos franceses.
E não é só. Ford e De Sole comandam também a grife Balenciaga, cuja direção criativa é de outro jovem e já consagrado estilista, Nicolas Ghesquière, patrocinam a filha do beatle Paul McCartney, Stella McCartney, e a marca própria de Alexander McQueen.
Colin Firth (Hampshire, 10 de setembro de 1960) é um ator britânico nascido na Inglaterra, Colin ganhou fama na Série de Televisão Orgulho e Preconceito no papel de Mr. Darcy em 1995. No Cinema alcançou o estrelato no filme O Diário de Bridget Jones de 2001, contracenando com Renée Zellweger e Hugh Grant, em 2008 participou da adptação para o cinema do musical Mamma Mia! grande sucesso de bilheteria tendo no elenco a consagrada Meryl Streep. Em 2010 conseguiu sua primeira indicação ao Oscar na categoria de Melhor Ator pelo filme Direito de Amar (A Single Man) aonde atuou ao lado de Julianne Moore.
Filmografia
2010 – Main Street (está sendo filmado)
2009 – Direito de Amar
2009 – Dorian Gray
2009 – A Christmas Carol
2009 – Easy Virtue
2009 – Genova
2008 – Marido por Acidente
2008 – Mamma Mia!
2005 – Nanny McPhee – A Babá Encantada
2005 – Where the Truth Lies
2004 – Bridget Jones no Limite da Razão
2004 – Trauma
2004 – The Dead Wait
2003 – Moça com Brinco de Pérola
2003 – Simplesmente amor
2003 – Tudo que uma Garota Quer
2002 – Hope Springs – Um Lugar para Sonhar
2002 – A Importância de Ser Ernesto
2001 – O Diário de Bridget Jones
2000 – Londinium
2000 – Fofocas de Hollywood
1999 – Blackadder Back & Forth
1999 – The Secret Laugher of Women
1999 – Tempo de inocência
1998 – Shakespeare apaixonado
1997 – Terras Perdidas
1997 – Febre de bola
1996 – O Paciente Inglês
1995 – Três amigas e uma traição
1994 – Um Jogo de Sedução
1993 – Entre a Luz e as Trevas
1991 – Out of the Blue
1991 – Femme Fatale
1990 – Wings of Fame
1989 – Valmont, uma História de Seduções
1988 – Apartamento Zero
1987 – A Month in the Country
1985 – Dutch Girls
1985 – 1919
1984 – Another Country