Direto do Festival de Cannes 2015
“Umimachi Diary (Our Little Sister)” de Kore-Eda Hirokazu (de “Ninguém Pode Saber”, “Pais e Filhos“), integra a mostra competitiva oficial, e utiliza assumidamente a estrutura narrativa da novela (uma adaptação do mangá de Akimi Yoshida), porém mitigando o sentimentalismo barato característico do gênero ao referenciar quase explicitamente a cinematografia francesa clássica e também a do cineasta Hong Sang-Soo. A câmera apega-se ao artifício de “convidar” o espectador a participar, lentamente, com sutileza, das vidas de uma família, basicamente três irmãs que “agregam” um outra, filha “bastarda” que cuidou do pai doente ao falecimento.
A saga traduz-se por sensibilidades, picardias amigáveis, lembranças, fotos, memórias culinárias, em elipses temporais, como um big brother editado de ações cotidianas (que por sinal eu assistiria por horas). O filme está nos detalhes: a luz do outono, o vento no cabelo, o corpo sendo seco pelo ventilador. Elas vivenciam uma vida moderninha e perspicaz. Futebol para mulheres, o ato de comer rápido e muito, a cerveja. Há quem diga que é cliché ou sentimental, mas não é, na verdade o que vimos é a espontaneidade de vidas tentando a sobrevivência pela prazer e felicidade. Recomendado.