Um dos piores títulos do ano
Por Vitor Velloso
Em alguns minutos de projeção, o único adjetivo que passava na minha cabeça era, constantemente, “idiota”. Certamente, não há como fugir do paradigma. Trata-se de uma história realmente, idiota.
Inspirado em uma história real, “Te Peguei”, possui na trama cinco amigos, que brincam de pique-pega há trinta anos. Eles vivem suas vidas normais, porém, em Maio, é o mês da brincadeira. “Jerry” (Jeremy Renner) é o único que nunca foi pego, e está prestes a se casar, então seus outros quatro amigos: Hoagie (Ed Helms), Bob (Jon Hamm), Chili (Jake Johnson) e Kevin (Hannibal Buress) passam a arquitetar um plano para conseguir pegar Jerry.
Dirigido por Jeff Tomsic, o longa possui uma estrutura de filmes onde adultos se comportam como crianças ou adolescentes, algo que vêm se tornando comum em diversas comédias, principalmente nas interpretadas por Ed Holmes. Esse formato exige do espectador uma predisposição ao ridículo. Essencialmente pelo tipo de piadas que estarão envolvidas, ainda mais envolvendo produtores de “De repente 30”, “Paul Blart”, “Um espião e meio” entre muitos outros, assim, qualquer tentativa de analisar a linguagem ou contextos neste projeto, será em vão.
A situação que o espectador é envolvido é parcialmente divertida. Isso porque ver como este “pique-pega” é importante para eles, torna-se divertido à medida que a história avança. Todos os estereótipos se fazem presentes: O maconheiro fracassado, o que se deu muito bem na carreira, o médico, o que possui problemas de relacionamento e o badass. Desta estrutura sai um filme descompromissado, para a gaveta das comédias fajutas do ano. Porém, devo dizer que ele merece um lugar mais a frente que a maioria, pois, algumas situações impulsionadas pelas caracterizações são propriamente divertidas. Usando o exemplo: em uma situação onde a mãe de um deles flerta descaradamente com o amigo do filho, na frente de todos, e a reação dos amigos é hilária. O destaque, como de costume, vai para o Hannibal Buress, que tem menos tempo de tela do que merece. Ele interpreta a si mesmo, um cara que se sente fracassado e anda como o mesmo, fala mansa e tenta criar ligações entre seus argumentos que giram em 360º o tempo inteiro.
Aqui, diferente da maioria, há alguma graça. E certas situações me fizeram rir, talvez de vergonha dos personagens, mas esse é exatamente o ponto do projeto, não se levar a sério. Tomsic faz um trabalho meramente ilustrativo aqui, utiliza diversos padrões já adotados pela indústria, a fim de conseguir algum gap, afetivo dos fãs deste estilo de comédia. Alguns cortes rápidos, determinados timing cômicos e algumas viradas de câmera são parte desta coleção, a herança do gênero. É claro que possui fragilidades, afinal, um amontoado de clichês e falta de originalidade, só poderiam ser suportados por um diretor extremamente habilidoso, o que não é o caso aqui.
Em questões de humor não há mais o que ser dito, é divertido, mas requer do público uma compreensão mais infantilóide da trama e nem todos estarão dispostos a mudar o comportamento por 1h 40 min. E ainda que a ideia se esgote com muita facilidade, é possível que alguns personagens, mantenham a audiência. A fotografia é assinada por Larry Blanford, que havia trabalhado em “Quarteto Fantástico 2” (2007). Felizmente, há uma evolução, infelizmente está longe de ser boa.
Na reta final, “Te Peguei” tenta dar uma lição de moral, tentando justificar grande parte do seu complexo de Peter Pan, com uma cena que tenta emocionar o público, acho muito difícil que vá conseguir. A verdade é que o longa foi feito para aqueles adultos que ainda mantém a amizade com seu colegas de infância e são fiéis a determinados tipos de brincadeira. Esses sem dúvida irão adorar o filme e se emocionar com as semelhanças no roteiro e sua vida pessoal. Jeremy Renner, mostra, mais uma vez, que sabe fazer apenas um personagem e que alguém cisma em investir nele como um cara badass, mas que apenas gera vergonha alheia a quem de fato, ocupa este cargo.
Sendo medíocre em sua maioria, “Te Peguei”, possivelmente fará uma boa bilheteria, afinal, são diversos atores famosos, dando continuidade a uma fórmula de sucesso que sempre leva milhões às salas de cinema. Apenas um filho bastardo de “Se beber não case”.