Um “Mad Max”do Sertão
Por Fabricio Duque
Em estrutura novela, com núcleos de grande elenco da Rede Globo, “Reza a Lenda” (que na França foi traduzido para “Holy Biker”), de Homero Olivetto (do roteirista de “Bruna Surfistinha” e produtor de “Os Homens São de Marte… E é pra Lá que Eu Vou!”, que também escreveu o argumento do filme em questão aqui), apresenta seu roteiro de forma direta já com o conflito da trama, que aborda o roubo da santa do ouro (“que diz a lenda que faz chover onde nunca chove”), referencia seu ambiente cenográfico à moda de “Easy Rider – Sem Destino“, de Dennis Hopper, com seus motoqueiros “machos” (quase texanos Clint Eastwoodianos), em temática religiosa por um coronel “Lampião” perspicaz e desconfiado (o ator Humberto Martins).
O “Mad Max” do sertão “fim do mundo” busca agregar variadas estéticas narrativas para assim tentar a distância do gênero de um série de televisão. Mas não consegue esta dissociação pelas interpretações frágeis, forçadas, limítrofes e de efeito dramatizado “overeating”, pelas perseguições clichês de ação hollywoodiana, um aura de querer cult à moda de “Trainspotting”, de Danny Boyle, e por lembranças digressões que conectam respostas. “A gente sofre por alguma razão”, diz-se.
Sim, nós também porque precisamos de nossa solidariedade cúmplice para nivelar nossa inteligência e expectativa por baixo. A cada morte, um “balão de São João”. “Sem a Santa, um desequilíbrio”. E a brincadeira sacada do ator Jesuíta Barbosa (de “Praia do Futuro”, de Karim Aïnouz, e “Tatuagem”, de Hilton Lacerda), personagem “picapau” que diz “Eu to falando alemão” (referência esta para quem viu o filme indicado na competição do Festival de Berlim 2014.
“Reza a Lenda” passeia pelos costumes típicos do sertão e do repente, mas a caricatura se faz presente como uma “tatuagem” em gatilhos comuns que dificultam, com a facilidade palatável, a separação cinema e novela. Aparenta ser quase um exemplar da saga comercial “Maze Runner: Correr ou Morrer”, de Wes Ball, sem esquecer músicas do Hip Hop americano (versão “Velozes e Furiosos”, de F. Gary Gray.
Ara (Cauã Reymond) é um homem de poucas palavras, mas muita determinação. Ele vive em uma terra devastada e sem lei que espera ansiosamente por uma espécie de messias que devolva a justiça e a liberdade, usurpadas pelo cruel Tenório (Humberto Martins). Auxiliado por sua gangue de motoqueiros armados, o rapaz irá lutar contra o universo ao seu redor e seus próprios dramas – como os ciúmes de sua mulher, Severina (Sophie Charlotte).
O desejo da novinha que chega com música temporal estilo Sigur Rós para indicar a recompensa à moda de “A qualquer custo”, David Mackenzie, este indicado ao Oscar 2017, incluindo Melhor Filme; A dança transe do núcleo do Galejo Lorde Julio Andrade, o ator que mais aparece nos filmes brasileiros; o ápice final da “guerra”; Tudo óbvio demais, ingênuo demais, sexual demais, gratuito demais, apelativo demais. A “Caatinga não tem lugar certo”. Ingênuo. “Se tocar eu danço”, diz-se. Entre a “verdade”, “acabar com a vontade fraca”, o Santo Daime e seus delírios em efeitos colaterais psicotrópicos, “um homem só é feliz quando morre”.
“Reza a Lenda” é frágil demais. Desengonçado demais e um gasto desnecessário de energia, é subverter “Morte e vida Severina”, livro de João Cabral de Melo Neto. Aqui, a ética e moralidade duelam com a libertação e a quebra do simbolismo religioso. A redenção para uma chuva iminente, ao som de “Serpente”, da baiana Pitty.
2 Comentários para "Crítica: Reza a Lenda"
Péssimo filme. Começa com duas garotas no meio da estrada a noite, uma fica insistindo para apagar o farol, a menina que tá dirigindo apaga depois de muita insistência, então começa, ocorrer um acidente; motos, carros de polícia e armas. Batem no carro das duas é a que estava dirigindo nem aparece mais no filme, mas dizem que morreu. A que sobreviveu acorda e já encontrar um casal em momentos íntimos em uma árvores. Ela está sem nenhum arranhão e em um lugar estranho com pessoas estranhas e o que ela faz vai sentar e comer com estas pessoas, aí descobre que a amiga morreu, não pede nem para provarem. Gente sem noção, aí começa brigaria e tiroteios por causa de uma imagem de Santa, morre um senhor e eles, o bando de motoqueiro armado roubam a Santa, é um senhor fazer fica ferido, este senhor era o como se fosse um chefe do bando. Aí eles levando a Santa para o altar e tem que levar uma oferenda ( que ia ser a menina do acidente ) para um tal bruxo que tinha lhe dito o que fazer para chover. A menina foge, e tal do ara vai atras, traz ela na garupa de sua moto abraçadinha nele, a mulher dele dá uma chamada nela ameaça até cortar ela , mas parece que ela não se emendou porque até o ara levar ela para o bruxo, ela ainda vai e tira a roupa se oferecendo pro cara, horrível ! Ridículo, desnecesssario tal apelação. O cara não entrega a menina pro bruxo, porque transou com ela ? Oi ? Esta menina estupida volta com a moto do cara lá de um lugar dois pra avisar ao comparsas onde o cara tá, vão e salvam ele do bruxo e eles vão atrasa da Santa de novo. Aí tem uns cabra que morrer porque o dono da Santa é um manda chuva rico da região e aí ele aproveita para colocar pedaço das pessoas em decorações de São João, balões, fogueiras etc. Mas quando o bando volta o ara atira na Santa e na cabeça do cabra rico. E o filme meio que acaba assim. A menina irreponsavel sacana volta para sua casa, e não lhe acontece nada, ainda sai como salvadora da pátria,a mulher do ara fica sem sabe do caso do cara, a Santa levou um tiro e se despedaçou, o dono leva um tiro na cabeça e acaba.
um montem de gente morrer desnecessariamente
Júlio Andrade está em todas. Parece mesmo um “Mad Max” em algumas cenas.