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Crítica: Os Estranhos – Caçada Noturna

A Samara está aí?

Por Vitor Velloso


Estiloso, pouco assustador, os personagens são rasos… blá blá blá. “Os Estranhos: Caçada Noturna” é um protótipo de sátira à estilização contundente na morte de personagens que ninguém se importa. Uma espécie de ode ao fim da construção dramática formalista que tantos gostariam de ter assistido. Não trata-se de um filme de terror genérico, mas sim, de uma obra preocupada em gerar o divertimento em sua plasticidade imagética em violência desnecessária, a partir de conceitos já conhecidos. Ora, isso é uma proposta divertidíssima.

Em 2008, “Os Estranhos”, de Bryan Bertino, foi lançado nos cinemas. Quase imediatamente, obteve seus fãs, e obviamente, seus haters. A trama contava a história de um casal, que era caçado por três assassinos mascarados. O filme deste ano, conta exatamente a mesma história, porém, com 4 vítimas. Um homem, uma mulher e seus filhos, um casal. O primeiro longa era tedioso, gerava breve tensão em pequenas cenas, mas não conseguia empolgar, parecendo mais um suspense meia boca do que um terror propriamente dito.

O público deste estilo cinematográfico, estão entre os mais exigentes. Mas, também são, generalizando, cegos dentro dos próprios desejos. Parte quer ver sangue, outros espíritos, uns susto, outros medo e assim vai. É um ciclo vicioso de indecisões que criam discussões acirradas sobre “A bruxa”, Robert Eggers, por exemplo. Metade odiou, metade amou. Parte de um conceito muito mais psicológico, que introduz a violência como um elemento de choque exatamente pela sua ausência. Com severas críticas a determinadas religiosidades, dogmas e comportamentos. Porém, trata-se de um filme que busca a dramaticidade e a conquista da mente do espectador, como objetivo principal.

O contraponto deste estilo, parcialmente utilizado por Yorgo Lanthimos, “O Assassinato do Cervo Sagrado”, que ampliou parte de conceitos estéticos desenvolvidos em “O Lagosta”, é exatamente o escárnio do gênero. Não necessariamente o Terrir, mesclando comédia e terror, mas sim, a hiperestimulação das cenas, atrelado a uma supersaturação dos clichês e uma onda de violência que além de desmedida, não possui propósito. Eli Roth, que eu detesto, gosta desta proposta, não sabe fazer, mas gosta. E existe um outro estilo, que seria um equilíbrio entre os dois acima, utilizando-se da experiência extrema como âncora estilística, dosando o absurdo dramático com o esgarçamento gore das cenas. Sala Verde, do Jeremy Saulnier, é um exemplo.

“Os Estranhos”, o remak… ah não, é uma continuação né? “Os Estranhos: Caçada Noturna”, dirigido por Johannes Roberts, se enquadra na última categoria. Ele não se leva a sério, mas não se considera comédia. Então, construção de personagens, não está entre suas prioridades, muito pelo contrário. Assim como no primeiro, eu torcia para a família inteira morrer. Aliás, eu só vejo filmes de terror para me divertir. Ainda que “A bruxa” tenha me incomodado em determinados momentos, é uma grande sessão de diversão. E adivinha? Essa sequência tem mais agressividade. Graças a Deu…aos mascarados. Terrível eu sei. Chega de piadinhas.

A violência deste filme é, em maior quantidade, interessante, ela acontece de forma paulatina mas sempre com força. Ver um personagem morrer e provocar determinada reação em outro, nos leva a querer o confronto entre eles. E dessa forma, o longa é divertidíssimo. Uma sessão de recursos visuais nostálgicos e músicas que interrompem o crescendo de uma cena. A tal cena da piscina, que todos vêm comentando, é uma piada com a própria expectativa do público. Contando com breves homenagens a determinados filmes do gênero, este projeto não vai agradar a todos. O fato dele se propor ao senso comum, para divergir em pequenos detalhes (onde está a diversão de fato), vai incomodar um número grande da platéia.

O último longa dirigido por Roberts, já criava essa dualidade na opinião. “Medo Profundo”, é uma das experiências mais genuínas que experimentei nos últimos anos, longe de ser uma obra-prima, mas consegue dar sustos eficientes, gerar tensão à partir da monotonia. Para quem viu o filme, a cena onde ela nada em oceano aberto, com a câmera em primeira pessoa, é para testar o coração de muita gente. E aqui, em “Os Estranhos”, Roberts se atém a fixação de uma violência iminente. Tem sustos, mas ele provoca a própria obra a salientar, suas homenagens, em pequenas formalidades. O que lembra a primeira metade de “Babadook”, inclusive.

Menos incisivo que “O Segredo da Cabana”, de Drew Goddard, a paródia instaurada aqui, ganha forma à partir dos 30 minutos, o que pode provocar a sensação de lentidão. Mas quando o filme decide entregar aquilo que deve, acredite, ele provocará alguns espectadores. Afrontoso e irresponsável, uma bela combinação pro gênero.

3 Nota do Crítico 5 1

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