Curta Paranagua 2024

Crítica: Na Mira do Atirador

Mais uma exaltação ao heroismo americano

Por Marcus Teixeira


Quem é o verdadeiro herói americano? É certo que você já tenha ouvido em algum momento a expressão “Herói americano”. Na verdade, esse slogan é oriundo de uma série americana lançada pela rede norte americana ABC, levada ao ar no início da década de oitenta. Essa série popularizou a expressão que, na verdade, tenta estabelecer um padrão para os personagens masculinos em filmes de ação.

Mas voltando a pergunta: Quem é o verdadeiro herói americano? Talvez você tenha essa resposta de prontidão. Pois, em diversos filmes, principalmente os de ação, a indústria hollywoodiana parece tentar propor uma nova possibilidade de herói. Aquele cara normal, ou não, que salva o planeta, o país, a cidade, ou qualquer outra coisa que venha estabelecer o personagem como herói.

Em “Na mira do atirador” os heróis da vez são os sargentos Allen Isaac (Aaron Taylor-Johnson) e Shane Matthews (John Cena) que ficam na mira de um atirador Iraniano. Encurralados, sem alimentos e água, os dois passam a lutar pela sobrevivência, em meio ao calor, a poeira e mira do atirador (mira perfeita, diga-se de passagem).

Em “Naufrago” e em “Os outros” o cenário é quase único, no primeiro, a ação se passa em uma praia, no segundo em uma casa. Em “Na mira do atirador” o cenário fica em uma estrada no deserto, mas não há mais que isso, alguns carros, um muro e um amontoado de entulhos compõe a cena. O que não é um problema, apenas um ponto que merece ser destacado, pois na ausência de vários cenários, a fotografia usa a criatividade abusando de cortes e enquadramentos ágeis, proporcionando um exagerado e justificado clima de tensão.

O diretor Doug Liman já está acostumado a dirigir filmes de ação, é dele sucessos como, por exemplo, “Sr. & Sra. Smith”, “A identidade Bouner”, “No limite do Amanhã” entre outros. Mas em “Na mira do atirador”, o diretor abusa da tensão, elevando a adrenalina a alto nível.

Do início ao fim, somos introduzidos em um campo de guerra. Após uma checagem inicial, os soldados se aproximam, para vasculhar a área que aparentemente não oferece perigo no momento. Vários cadáveres estão espalhados pelo espaço. Durante a averiguação os sargentos são atingidos. A tensão é grande e a adrenalina, faz com que o público seja transportado para aquele ambiente hostil e assustador. A coragem e a descontração inicial são logo substituídas pelo medo da mira impiedosa do atirador, capaz de escolher qual veia atingir para fazer sua vítima sofrer antes da morte.

Há algumas cenas que deixam o diálogo tatibitate, fugindo da adrenalina proposta pela fotografia, sonoplastia e direção. Em uma cena, no meio a um diálogo entre o atirador e o sargento Isaac surge um diálogo pouco inspirado falando sobre as maravilhas americanas no Iraque, justificando a invasão americana, logo a Guerra, como fruto do progresso para a reconstrução do Iraque.

O elenco não é grande, para se ter uma ideia, com três atores e uma voz do atirador no rádio. Mais uma vez é impossível não fazer referência ao “Naufrago” quando o personagem de Tom Hanks dialogava com uma bola, em “Na mira do atirador” o Sargento Isaac, dialogo a todo instante com o atirador, que após matar outros soldados, rouba os rádios como forma de atrair outros soldados mata-los. A diferença é que em “Naufrago” a bola é inanimada e em “Na mira do atirador” o personagem dialoga com seu algoz, que só espera o momento exato para executa-lo.

A atuação de Aaron Taylor-Johnson sustenta o filme. A apreensão causada devido a cede, o cansaço, os ferimentos e desespero são expostos claramente. O ator domina a cena e chama para si a responsabilidade de preencher a cena com uma ótima atuação. Mesmo passando quase uma hora e meia dialogando com um rádio transmissor, o ator apresenta nuances a sua interpretação. O rosto sujo de suor e areia, explanam o desespero e o desgaste do personagem.

“Na mira do atirador” é um bom filme, embora as frases prontas e um “cunho” educacional, que tenta vender ao público a ideia favorável as invasões dos heroicos soldados americanos em outros países, justificados pela contribuição Norte Americana na reconstrução do país. “Na mira do atirador” vale a ida ao cinema pela tensão provocadas pelo inimigo que não se mostra e pela ótima interpretação de Aaron Taylor-Johnson. No mais é apenas mais um filme para exaltar o heroísmo dos militares norte americanos.

3 Nota do Crítico 5 1

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