Curta Paranagua 2024

Mulher-Maravilha

O Invencível Poder Feminista em 4DX

Por Fabricio Duque

Mulher-Maravilha

Cada vez o a arte cinematográfica torna-se muito mais entretenimento que exclusivamente conceito, preterindo uma forma fantasiosa-ilusória dos elementos visuais, principalmente, no universo das histórias em quadrinhos, de transpor super-heróis à tela escura, que por sua vez faz com que o espectador seja um imerso e interativo personagem, devido aos artifícios cênicos apoteóticos e sensoriais empregados a sua exibição. A mais nova tecnologia é a 4DX do UCI NYCC, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, que simula ventos, trovoadas, água, bolhas, aromas, tempestades, névoas, em mais de vinte efeitos especiais. E o filme assistido foi “Mulher-Maravilha”, da diretora Patty Jenkins (de “Monster: Desejo Assassino”), a primeira mulher na direção sobre um super-heroína.

Quando analisamos ao longa-metragem (inspirado em “Superman: O Filme”, 1978, de Richard Donner), nós espectadores percebemos explicitamente sua premissa de empoderamento ao movimento feminista. Desta vez, a protagonista é uma mulher, uma heroína, que viveu entre as amazonas em uma comunidade exclusivamente feminina e que recebeu a força sendo “o homem que pode ser”. Por nunca ter contato com homens, não se sente envergonhada, tampouco ameaçada (e ou submissa “escrava”) aos desígnios “machistas”. Diana, seu nome, culta (leu os livros sobre educação sexual que diz que “os homens não são para o prazer dos mulheres e sim apenas para reprodução”). Nós observamos e consentimos que “Mulher-Maravilha” é extremamente necessário à luta destas que durante anos “serviram”, porém, em termos técnicos, seu resultado é assemelhado a um episódio histórico-caricato da série “Game Of Thrones”, com suas batalhas, discursos enérgicos e trilha-sonora de efeito que busca manipular a emoção do público.

Treinada desde cedo para ser uma guerreira imbatível, Diana Prince (Gal Gadot) nunca saiu da paradisíaca ilha Themyscira em que é reconhecida como princesa das Amazonas. Quando o piloto militar americano Steve Trevor (Chris Pine) acidenta-se e cai numa praia do local, ela descobre que uma guerra (a primeira) sem precedentes está se espalhando pelo mundo, em especial em uma “feia” Londres, e decide deixar seu lar certa de que pode parar o conflito. Lutando para acabar com todas as lutas, Diana percebe o alcance de seus poderes e sua verdadeira missão na Terra: salvar a humanidade das guerras e “dela mesma”.

A atriz Gal Gadot esculpa de forma irretocável sua personagem principal, imprimindo uma interpretação contida, de voz mais rouca, e principalmente, sem orgulho da própria imagem. Isto faz com que sua beleza seja despertada pela essência naturalista. Mas mesmo com este cirúrgico trabalho (que desperta a responsabilidade de encarnar uma das mais éticas e socialistas heroínas), a estrutura do filme é nivelada e pautada mais na aventura (à moda de “Wolverine: Imortal”) propriamente dita que nos aprofundamentos histórico-sociais envolventes na Primeira Guerra Mundial e seu gás letal.

Mulher-Maravilha é uma personagem fictícia, bissexual, metafórica com nossa sociedade, filha biológica de Hipólita com Zeus, deus do Céu, super-heroína de origem grego-romana, Embaixadora honorária da ONU, e é considerada um dos maiores ícones da cultura pop do sexo feminino e ícone feminista Sua primeira aventura foi na revista “All Star Comics”, em 8 de dezembro de 1941, nos Estados Unidos, escrito por Charles Moulton. Possuindo habilidades super-humanas e seu laço da verdade, ela faz parte da trindade da DC Comics e muitas vezes funciona como o equilíbrio entre os extremos de Superman e Batman. Tornou-se integrante da Liga da Justiça.

Mulher-Maravilha” representa o início da força (lembrando “Star Wars”). A descoberta de ser o que é. O conhecimento do propósito da própria existência. De ser a “própria arma”. De ajudar aos fracos, minoritários e indefesos. De fornecer uma segunda chance à humanidade. De que os seres humanos não devem ser dizimados apenas por suas imperfeições e errôneas decisões. Sim, é mais um filme sobre super-heróis, contudo com a forte mensagem de abrir campo cinematográfico às mulheres. É um filme feminista, dirigido por mulher sobre uma mulher, e preciso, sim, ser potencializado. Quase uma ordem. Uma marcha. Com suas tiradas-pilhéricas-espirituosas, mais inglês.

O que incomoda na verdade é a quantidade de gatilhos comuns para acontecer. Aqui, as personagens sacrificam suas vidas em prol da humanidade. Um explode-se para salvar uma guerra. Outras lutam como robôs. A existência traduz-se como solidária, solitária e desprovida de prazer. Abre-se mão da felicidade para sustentar e proporcionar a alegria sobrevivente dos alheios próximos. Tudo correto demais e politicamente maniqueísta demais.

A tecnologia 4DX permite uma maior interação à trama, com seus efeitos físicos nos espectadores. Mas mesmo assim, a chuva, o cheiro da terra, os raios, os ventos, as sensações dos tiros, as cadeiras que mexem e remexem (como aquelas de massagem presentes nos shopping center da vida) não surtem o resultado que é pulular catarses. Pelo contrário, nos afasta da história abordada. Aí, nós pensamos com nossos botões, se com tudo isso, não sentimos, imagine sem nada, só com o cru da feitura do filme.

“Mulher Maravilha” tinha tudo para ser o filme do ano. Mas talvez tanta passionalidade e ativismo tenha esfriado todo o processo técnico. Sim, eu sei. Esta crítica será bombardeada por mulheres e nerds de plantão. Em hipótese alguma nossos argumentos atingem sua mensagem, ultra-mega-hiper importante, mas sim sua força de construção. De como foi transporta. Lembramos também que não há cenas pós créditos (a DC quase nunca insere), mas o público pode conferir a música tema “To Be Human”, com Sia feat. Labrinth, que prova, por uma vez por todas, sua veia mais comercial e pop. E seu gancho de Bruce Wayne (o “Batman”) com o próximo filme “Liga da Justiça”.

“Quando eu comecei a explicar o significado de Terra de Ninguém, algumas pessoas ficaram confusas, perguntando, ‘Bem, o que ela vai fazer? Quantas balas ela pode enfrentar?’ e eu dizia, ‘não é sobre isso. É uma cena diferente disso. Essa é uma cena dela se tornando a Mulher-Maravilha. Substituímos esta cena por uma refilmada e não mudamos a ordem de nenhum trecho. O que você vê no filme é exatamente o que estávamos fazendo. Quer dizer, eu acho que Ares é o maior vilão do universo da Mulher Maravilha, então eu acho que se você vai começar grande, comece grande com o melhor vilão que há”, explicou a diretora a revista Hollywood Reporter.

3 Nota do Crítico 5 1

Conteúdo Adicional

Pix Vertentes do Cinema

  • Mulher Maravilha é um dos filmes mais interessante que vi. Sinceramente os filmes de ação não são o meu gênero preferido, mas devo reconhecer que Mulher Maravilha superou minhas expectativas, é uma história sobre sacrifício, empoderamento feminino e um sutil lembrete para nós, humanos, do que somos capazes de fazer uns com os outros, aqui deixo os horários da estréia: https://br.hbomax.tv/movie/TTL612331/Mulhermaravilha adorei está história, por que além das cenas cheias de ação extrema e efeitos especiais, realmente teve um roteiro decente, elemento que nem todos os filmes deste gênero tem. É impossível não se deixar levar pelo ritmo da historia. Eu recomendo muito e estou segura de que se converterá numa das minhas preferidas.

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