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Crítica: Jumanji: Bem-Vindo à Selva

Descartar o saudosismo foi uma boa escolha

Por Bruno Mendes


Lançado em 1995, o filme “Jumanji” conquistou crianças, adolescentes e adultos pela boa fantasia evocada a partir do momento em que um tabuleiro conduzia personagens sinistros para o mundo real. Naquela época os videogames já viciavam a molecada, mas o embarque mental (e sentimental) aos habits alternativos ainda passava pelos tais jogos de tabuleiro. Em turmas do ensino médio um ou outro grupo brincava de RPG e – quem conhecia essa galera sabe – levavam MUITO a sério!

Vinte e dois anos depois, os games com gráficos ultrarrealistas protagonizam as brincadeiras da geração nascida depois dos anos 2000. E nesse contexto, “Jumanji – Bem Vindo à Selva” (dirigido por Jake Kasdan, de “Sex Tape – Perdido Na Nuvem”, “Professora Sem Classe”, e cinco episódios do seriado “Freaks and Geeks”) nasce não só como saudação aos mais longevos, mas também para conquistar uma nova leva de fãs.

A opção por deixar o tom saudosista de lado, aliás, e apostar no olhar para as “novas tendências”, mostra que seu resultado é satisfatório. O filme é um passatempo competente em razão das piadas acertadas e, sobretudo, pela minuciosa construção do universo gamer. Sim, jogo de dados pulando casinhas é velharia, e na aventura hi-tech a imersão é diferente.

A história conta que depois de castigo escolar, quatro jovens encontram um videogame numa espécie de porão. Curiosos, instalam o aparelho em uma TV velha e após escolher os avatares para iniciar o jogo, são transportados para uma floresta tropical. Juntos vivenciam os perigos daquele ambiente na ‘pele’ dos personagens escolhidos e precisam concluir desafios para escapar de Jumanji.

O grande barato é que tais figuras são completamente diferentes dos jovens “de verdade” e o processo de adaptação ao novo corpo não é tão fácil assim. Na “jornada fantástica” os atores Jack Black, Dwayne Johnson, Kevin Hart e Karen Gillan interpretam elementos com poderes distintos para enfrentar motoqueiros mascarados, animais gigantes e o vilão-mor, propositalmente construído de forma maniqueísta.

Responsável pela leveza e bom humor que permeia a produção do início ao fim, o elenco é coeso e segura as pontas. Destaques para o sempre hábil Jack Black, avatar de uma figura humana, digamos, um tanto quanto diferente do que ele representa, acima de tudo, em sua forma física; e para Dwayne Johnson, que “dá vida” a um tipo inteligente, sensível e sem um pingo de força braçal. Deu para imaginar?

Montanhas suntuosas, trilhas labirínticas entre árvores enormes, toda a mata que serve de esconderijo, e até mesmo um núcleo urbano onde funciona uma espécie de “feirinha”, são parte daquele ambiente fictício. Heróis e vilões passeiam por tais cenários, muito bem elaborados pelo design de produção. Porém sem dúvidas o mergulho no âmbito dos jogos virtualizados – a partir da sábia referência à linguagem peculiar ao meio – é a principal qualidade da obra.

Na interação entre os protagonistas e os partícipes daquela “sociedade”, os diálogos são reduzidos, ora ou outra, os sujeitos demoram para reagir a estímulos (como na hilária parte em que a heroína interpretada por Gillan tenta distrair uns caras armados por intermédio de um jogo de sedução um tanto quanto estranho) e são comuns as repetições de certas frases logo após a verbalização, algo com pouca (ou nenhuma) sintonia com a verossimilhança. Claro! Ninguém é humano, e sim “peças” programadas para agir de determinado modo e com limitações.

Elencando estes aspectos em perfeita consonância com a linguagem cinematográfica, o “Jumanji” de 2017 não deixa de fazer uma boa homenagem à inteligência artificial que já não é novidade para quem brinca com o Playstation, X-Box e no próprio computador com jogos de diferentes gêneros. Neste exemplar tudo soa orgânico e o espectador tem boas razões para se divertir e torcer pelos mocinhos e mocinha.

Sequências de ação quase espetaculares, piadas temporais e atemporais e uma história simples e bem contada dão suporte ao bom resultado de “Jumanji – Bem Vindo à Selva” como obra de aventura e fantasia, gêneros que, aliás, estavam precisando de uma nova oxigenação.

Sem a aura lúdica, misteriosa e um quê de assustador da obra protagonizada por Robin Willians, o filme atual olha para o presente e foca nessa geração que faz  pose atrás de pose com a finalidade de registrar o melhor ângulo da selfie. Ah, quer saber? Entre tabuleiros e jogos high definition, o mais importante é a diversão.

4 Nota do Crítico 5 1

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