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Crítica: Homem-Formiga

Percepções diminutas e migalhas

Por Chris Raphael


A população de heróis do Universo Cinematográfico Marvel só faz aumentar. Podemos assistir nas telas do cinema uma diversidade de habilidades sobre-humanas, em variadas formas, quantidades e tamanhos. É o caso do Homem- formiga. Não querendo minimizar (sem trocadilhos) sua importância, o acréscimo deste herói tão singular nos faz enxergar as coisas por outro ângulo, já que tudo na vida é uma questão de perspectiva.

Lançado em 2015, Homem-formiga é um filme americano de super-herói, inspirado no personagem da Marvel Comics . Com direção de  Peyton Reed, e com roteiro de Edgar Wright & Joe Cornish e Adam McKay & Paul Rudd, traz no seu elenco Paul Rudd (no papel título), Evangeline Lilly, Corey Stoll, Bobby Cannavale, Michael Peña, Tip “T.I.” Harris, Anthony Mackie, Wood Harris, Judy Greer, David Dastmalchian, e Michael Douglas.

Apesar do desenvolvimento deste longa metragem ter iniciado em 2006 (antes mesmo do Universo Cinematográfico Marvel ter sido formado, o que só ocorreu em 2008), somente em outubro de 2013 teve início a pré-produção do Homem-Formiga. A escolha do elenco se deu em dezembro do mesmo ano. A estreia mundial ocorreu em junho de 2015. Tornou- se um sucesso de público e de crítica, visto que este filme arrecadou mais de 519 milhões de dólares nas bilheterias mundiais e as críticas foram muito positivas. Em 2010, o filme dos Vingadores foi anunciado e muito foi dito sobre quais heróis estariam presentes na produção. Em 2011 a Marvel anunciou que estariam presentes na produção os heróis fundadores e também o Homem-Formiga e a Vespa. Está programada uma continuação e quem sabe quantas mais, o que é uma notícia alvissareira para os fãs.

O enredo é simples: Scott Lang (Paul Rudd) é o protagonista-bom moço- injustiçado que, recém libertado da prisão (injusta, é claro) tem dificuldades para inserir-se novamente na sociedade. Esse transtorno, ainda que passageiro, o afastou da filha. A oportunidade que aparece, na realidade, é uma chance de tornar-se um criminoso de verdade. Só que não. Embora relutante, Lang acaba aceitando invadir e assaltar a casa de um milionário e esta atitude transforma totalmente sua vida, ainda que não pareça, para melhor.

Este é o conteúdo plausível de uma estória comum. A personificação típica do super herói família, totalmente comum, com ex-mulher e filha e uma vida atrapalhada, como milhões de pessoas no mundo. Nada de deuses nórdicos ou playboys bilionários entediados. Podia ser eu. Ou você. Isso dá ao espectador um sentimento de pertencimento e representatividade, num universo onde tudo é mantido a uma distância segura da vida real. A performance do personagem, ajudada por criações mirabolantes da mente genial de um cientista aposentado, vai dando a entender que tamanho não é documento. O homem-formiga não é um herói menor (novamente, sem duplo sentido). Ele ganha força e vai interagir nos próximos momentos dos Vingadores.

Ao brincar de manipular o tamanho e a proporção das coisas, os personagem vão delineando, de forma abstrata, o conceito das aflitivas situações vivenciadas com a urgência sob medida. Pequenas doses de humor bem administradas, grandes conflitos desenvolvidos em enredo aventureiro e permeado emoções subliminares. Em cenas curiosas de proporções, ora diminutas, ora gigantescas o público vai tecendo um quadro de boas ações e qualidades éticas e heroicas, esperadas em todos as grandes obras cinematográficas que sugerem a salvação da humanidade. Claro que, como em toda saga ou franquia de heróis e heroismo, aqueles clichês inevitáveis acontecem. Aqui não seria diferente. Como uma pantomima, já parte do imaginário popular. A intenção é boa, ainda que comum e meio cansativa. Despretensão é a palavra de ordem.

Como uma trilha de migalhas deixada por formiguinhas, vamos tateando nos meandros de mais esta superprodução, ávidos por participar deste mecanismo encadeado de pequenas vitórias humanas sobre os desafios de pretensas vilanias. O tratamento dado aos problemas incita um debate sobre razões imateriais motivadas pelo sentimento auspicioso propagado em todas as direções.

Metaforicamente, podemos observar, como já mencionado, que de acordo com o ponto de vista utilizado, canalizamos a solução para nossos problemas diários. Sob o olhar de uma formiga, um trem de brinquedo arremessado em sua direção é um problema gigantesco enquanto que, para um ser humano, é apenas um peteleco em um brinquedo infantil. Assim, em um momento dramático do filme, essa cena impagável valeu por todo o caminho. Deixou a certeza que o público saiu mais leve, ao final da sessão.

3 Nota do Crítico 5 1

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