Festa no Céu
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Uma Jornada Viva Para Não Esquecer dos Próprios Mortos

Por Fabricio Duque
Durante o Festival do Rio 2014

 

“Festa no Céu” apresenta uma divertida animação baseada na cultura mexicana, popular e folclórica. Busca-se o ambiente existencialista da tradição do Dia dos Muertos (Festa dos Mortos), comemoração que começou antes da chegada dos colonizadores espanhóis. As ‘caveiras mexicanas’ têm origem na festividade, são cheias de vida. Vestidas de gala, a cavalo, ou em bicicletas, além de belas ilustrações também carregavam em si mensagem sociais e políticas. Há também as Caveiras literárias, versos bem humorados nos quais a morte (personificada) interage (muitas vezes satirizando) com personagens da vida real. Seu diretor Jorge R. Gutierrez (autor de histórias em quadrinhos do folclore mexicano) objetiva ambientar o espectador neste mundo, que, inevitavelmente, faz lembrar de “A Noiva Cadáver”, de Tim Burton e a “O Labirinto do Fauno” (perceptível pela produção de Guilherme del Toro – influenciando claramente o tom utilizado). Aqui, a narrativa vê o “México como centro do universo” e procura o humor ingênuo de perspicácia sarcástica e de linguagem coloquial popular, enaltecendo comportamentos típicos (freiras cantantes; “bigode impressionante”; jovem dividido entre cumprir as expectativas de sua família ou seguir seu coração; um “morte-masculino” trapaceiro) e realizando versões de músicas conhecidas, como “Creep”, de Radiohead, sem esquecer Elvis Presley e o gênero “top-pop”. A premissa é a seguinte: de ter dois mundos. Um dos lembrados e outro dos esquecidos. Se por algum acaso, um “morto” deixar de ser “lembrado” (por menor que seja), então o caminho precisa ser mudado: mundo dos esquecidos. “Qual é dos mexicanos com a morte?”, pergunta uma criança depois de uma sequência de mortes em uma história. “Nós somos crianças”, complementa. “A morte não é o fim”, responde. “Retroceder-se nunca, render-se jamais”, grita-se em tom de aventura utópica. “É hora de termos nossas próprias sombras”, diz-se em tom de autoajuda transformadora. O filme satisfaz crianças e adultos, porque tem o equilíbrio de conjugar os diferentes gostos, agradando a gregos, troianos e as mortes. Uma comédia animada com uma estética única, que nos incentiva a celebrar o passado sempre olhando para o futuro. Com trilha de sonora de Gustavo Santaolalla (de “O Segredo de Brokeback Mountain”), dublado, nos EUA, por astros como Channing Tatum, Zoe Saldana, Ice Cube e Christina Applegate, e aqui no Brasil, por Thiago Lacerda e Marisa Orth, “Festa no Céu” é exibido em 3D e uma competente aventura sobre a jornada de Manolo. La Muerte é uma adorada deusa ancestral, que governa a Terra dos Lembrados. Ela é ex-mulher de Xibalba, o governante da Terra dos Esquecidos, um trapaceiro. Em uma visita à Terra dos Vivos, eles fazem uma aposta. Se a jovem e bela Maria, filha da maior autoridade da cidade de San Angel, escolher se casar com o emotivo violinista Manolo, Catrina ganha, e Xibalba não poderá mais interferir no Mundo dos Vivos, como gosta de fazer; se o preferido for o valente Joaquim, Xibalba passa a governar, também, o Mundo dos Lembrados. Não Perca!

4 Nota do Crítico 5 1

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