Formação na Base do Susto
Por Zeca Seabra
Quem pensa que “Universidade Monstros” (Monsters University, 2013) é uma continuação, está redondamente enganado. A nova animação é uma prequel de Monstros S.A. de 2001, cuja ação se passa antes do primeiro filme. Esta foi a grande sacada da dupla Pixar/Disney que em 2011 provou o gostinho amargo do fracasso com Carros 2 – sequência mal sucedida de Carros de 2006. A história conta como a monstruosa dupla Sulley e Mike se conheceu. Os dois simpáticos monstrinhos se inscrevem na tal universidade do título para um curso de formação em sustos e tentam cada um ao seu modo, se destacar nos estudos. Enquanto Mike é um esforçado e aplicado nerd sem muito jeito para a coisa, Sulley é autoconfiante em excesso, devido aos seus traços “assustadoramente naturais” e ser membro de uma tradicional família de monstros, o que atrapalha seu desempenho. Depois de um incidente envolvendo a sinistra reitora da faculdade, a terrível Hardscrabble, uma criatura cujos traços lembram Malévola – a bruxa de a Bela Adormecida – os dois alunos decidem participar dos Jogos de Sustos – um concurso que irá garantir suas vagas na universidade. Dirigido pelo estreante Dan Scanlon o filme incorpora elementos das comédias estudantis norte americanas adotando um ritmo frenético com ótimos diálogos e uma narrativa abarrotada de impressionantes detalhes que fazem muita diferença. Nada é desperdiçado e as cenas de ação são fluidas e divertidas. Embora não alcance a excelência de outros trabalhos realizados pela Pixar (cujo ápice atingiu com os três filmes da série Toy Story), Universidade Monstros prova que ainda há muito que explorar no universo da fantasia infantil. A surpresa fica por conta da mudança radical nas típicas mensagens “disneyanas” que foram repassadas anos a fio através de suas animações. Ao invés do ultrapassado discurso de “acredite em sonhos que eles se tornarão realidade”, temos agora uma discussão que se encaixa perfeitamente no perfil da garotada do século 21: “Acredite em seus sonhos desde que esteja dentro de suas habilidades”. Observação final: Vale a pena ficar até o término dos créditos finais e apreciar uma impagável piadinha com um dos personagens.